Sem paciência, elite da Europa já soma 30 demissões de técnico na temporada
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O assunto da semana no futebol internacional foi a troca de comando do Barcelona. Depois de dois anos e meio vendo os torcedores esperneando contra Ernesto Valverde, a diretoria decidiu demitir o treinador e substitui-lo por Quique Setién, ex-Las Palmas e Betis.
Com isso, o Barça se juntou a Milan, Napoli, Arsenal, Tottenham, Bayern de Munique, Valencia Everton, Lyon e Monaco. Todos eles já mudaram de técnico desde o início da temporada.
Mas esses são só os clubes realmente grandes, aqueles que costumam disputar competições europeias, que trocaram de comando. No total, as cinco principais ligas nacionais do Velho Continente (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) já viram 30 cabeças serem cortadas em 2019/2020.
O número considera apenas os clubes que atuam na primeira divisão desses cinco países e as trocas realizadas depois do início dos campeonatos. Ou seja, aquelas mudanças no período entre as temporadas foram ignoradas.
A marca pode até não assustar o torcedor brasileiro, acostumado há décadas com o troca-troca desenfreado dos treinadores, mas é uma considerável quebra de paradigma no cenário europeu.
Apenas cinco anos atrás, lá em 2014/2015, essas mesmas cinco ligas nacionais registraram 35 demissões de treinadores ao longo de toda a temporada. Agora, com metade do tempo, já chegamos a 30 quedas.
Como entender essa escalada de impaciência na elite do futebol mais rico do planeta? A principal explicação, claro, é o crescimento no sentimento de imediatismo que permeia toda a sociedade.
Como ninguém quer mais esperar por nada, inícios ruins logo são classificados por jornalistas, torcedores e dirigentes como trabalhos fracassados, e quedas gritantes de desempenho são um atestado de que aquele treinador "já deu o que tinha que dar".
Esse espírito cria situações surreais, como a saída de Mauricio Pochettino do Tottenham, seis meses depois de ele ter levado o clube à final da Liga dos Campões. O argentino viveu cinco anos de boa fase em Londres, mas seu crédito acumulado ao longo desse tempo não sobreviveu a um semestre de tropeços.
Outro fator essencial na compreensão dessa onda de demissão, principalmente nos clubes grandes, é a concentração de receitas em algumas poucas mãos. O Barcelona e o Bayern de Munique, por exemplo, são tão mais ricos que a maioria dos seus rivais nacionais que qualquer tropeço no futebol local pode ser suficiente para levar a uma crise.
O Barça demitiu Valverde, mesmo sendo líder do Campeonato Espanhol, depois de não passar das semifinais da Supercopa nacional. O Bayern abdicou de Niko Kovac quando era quarto colocado na Bundesliga.
É claro que cada demissão de técnico tem suas particularidades, e algumas são realmente necessárias. Mas várias delas são resultado direto dessa onda de impaciência que tomou conta do futebol da Europa.
Técnicos demitidos na Europa
Itália - 9
Eusebio di Francesco (Sampdoria)
Marco Giampaolo (Milan)
Aurelio Andreazzoli (Genoa)
Igor Tudor (Udinese)
Eugenio Corini (Brescia)
Fabio Grosso (Brescia)
Carlo Ancelotti (Napoli)
Vincenzo Montella (Fiorentina)
Thiago Motta (Genoa)
Espanha - 6
Marcelino Toral (Valencia)
David Gallego (Espanyol)
Mauricio Pellegrino (Leganés)
Fran Escribá (Celta)
Pablo Machín (Espanyol)
Ernesto Valverde (Barcelona)
Inglaterra - 6
Javi García (Watford)
Mauricio Pochettino (Tottenham)
Unai Emery (Arsenal)
Quique Sánchez Flores (Watford)
Marco Silva (Everton)
Manuel Pellegrini (West Ham)
França - 5
Ghislain Printant (Saint-Étienne)
Sylvinho (Lyon)
Alain Casanova (Toulouse)
Leonardo Jardim (Monaco)
Antoine Kombouaré (Toulouse)
Alemanha - 4
Niko Kovac (Bayern de Munique)
Achim Beierlorzer (Colônia)
Sandro Schwarz (Mainz)
Ante Covic (Hertha Berlim)
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