Alienado? Zagueiro brasileiro faz fama como ativista durante quarentena
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"Os jogadores brasileiros não se posicionam politicamente. Eles são alienados e só pensam em festas, dinheiro, mulheres e futebol". Quantas vezes você já ouviu ou leu algum torcedor, jornalista ou influenciador fazer essa reclamação?
Mas, definitivamente, esse estereótipo não se encaixa em Gabriel Paulista. O que o zagueiro do Valencia mais fez nos três meses de paralisação do futebol na Espanha devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) foi se posicionar.
Racismo e o mundo pós-pandemia foram dois dos temas que fizeram as redes sociais do jogador de 29 anos, que já passou por Arsenal, Villarreal e seleção brasileira, parecerem até as de um ativista.
O posicionamento mais forte foi feito no fim de abril, quando Gabriel Paulista repudiou as pressões para que o Campeonato Espanhol retornasse o quanto antes e declarou que as vidas são muito mais importantes que o jogo.
"Não quero que por precipitação ou pressão financeira, que podemos entender, mas nunca priorizar acima das questões mais fundamentais, qualquer membro da família, amigo, colega de trabalho ou profissão possa ficar doente ou morrer", escreveu.
O Valencia foi um dos times de futebol mais atingidos pela Covid-19. Pelo menos 25 pessoas ligadas ao clube (dez jogadores e 15 integrantes da comissão técnica) se contaminaram com o coronavírus.
Os apelos de Gabriel Paulista foram ouvidos. A primeira divisão espanhola será retomada hoje (11), em momento em que o país já conseguiu emendar uma sequência de quatro dias consecutivos sem novos registros de morte em decorrência da pandemia.
O próprio jogador admitiu ontem, novamente em suas redes sociais, que agora sim se sente seguro para retomar a prática do futebol. O Valencia faz amanhã sua primeira partida pós-retomada. O adversário será seu arquirrival, o Levante.
"Tomara que todas as pessoas, especialmente os médicos, profissionais de saúde, quem trabalha diretamente com o público e todos que correm algum risco laboral na Espanha, no Brasil e em todo o planeta tenham a possibilidade de receber a mesma segurança que nós. O que não mudou na minha cabeça é a ideia de que a saúde das pessoas está muito acima da economia e dos outros interesses".
Mas a pandemia não foi o único tema que Gabriel Paulista abordou durante as últimas semanas. O zagueiro também fez questão de defender a igualdade racial depois da morte do negro George Floyd, asfixiado por um policial branco, nos Estados Unidos.
"Olhe para a foto e me diga se você vê muitas diferenças entre nós, de raça ou nacionalidade: todos sentimos o mesmo e todos lutamos pelas mesmas causas. Existem doenças curadas com ciência e vacinas, outras com educação e valores. Chega de racismo no mundo", escreveu, como legenda de uma foto em que aparece ao lado de companheiros negros e brancos de clube.
A Espanha foi um dos países mais atingidos pela pandemia. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), o país registrou mais de 240 mil casos de coronavírus. As mortes decorrentes do vírus ultrapassaram a casa das 27 mil.
O Campeonato Espanhol foi paralisado no dia 8 de março, logo após o encerramento da 27ª rodada. O Barcelona lidera a competição com 58 pontos, dois a mais que o Real Madrid, segundo colocado.
Por enquanto, o Valencia está fora da zona de classificação para os torneios continentais. A equipe de Gabriel Paulista somou até o momento 42 pontos e ocupa o sétimo lugar.
A primeira rodada do Espanhol pós-pandemia
Sevilla x Betis (11/06, às 17h)
Granada x Getafe (12/06, às 14h30)
Valencia x Levante (12/06, às 17h)
Espanyol x Alavés (13/06, às 9h)
Celta x Villarreal (13/06, às 12h)
Leganés x Valladolid (13/06, às 14h30)
Mallorca x Barcelona (13/06, às 17h)
Athletic Bilbao x Atlético de Madri (14/06, às 9h)
Real Madrid x Eibar (14/06, às 14h30)
Real Sociedad x Osasuna (14/06, às 17h)
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