Mando de campo não vale nada no futebol pós-pandemia: verdade ou lenda?
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Alemanha, Espanha, Portugal, Inglaterra, Coreia do Sul, Rússia. Em boa parte dos países que interromperam o futebol devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a bola já está rolando novamente.
E quase todos eles têm algo em comum: partidas com portões fechados para evitar a proliferação do vírus. Só que essa ausência de torcedores fez com que jogar em casa deixasse de ser uma vantagem para os times mandantes.
Bem, pelo menos é isso que a maioria dos fãs e analistas de futebol vêm dizendo nas redes sociais ao longo das últimas semanas. Mas será que esse raciocínio é 100% verdadeiro? Ou tudo não passa de mais uma das várias lendas urbanas que tanto sucesso fazem no mundo do futebol, como o autismo de Lionel Messi e a transexualidade de Marco Verratti?
Para tirar a prova, o "Blog do Rafael Reis" decidiu acompanhar os resultados das partidas dos três campeonatos nacionais de alguma relevância internacional que há mais tempo retomaram suas atividades (Alemão, Sul-Coreano e Português) e compará-los com o que o que acontecia no "antigo normal", quando os jogos ainda eram disputados com a presença de torcida.
E os três países mostram exatamente o mesmo cenário. O "efeito casa" não apenas caiu consideravelmente como se tornou irrelevante no futebol pós-pandemia. Na prática, isso quer dizer que, atualmente, jogar em seu próprio estádio ou como visitante não muda em nada as possibilidades de se sair de campo vitorioso.
O exemplo mais gritante é o da Alemanha. Das primeiras 57 partidas disputadas depois da retomada da Bundesliga, os times da casa só venceram 14 (24,6%). Em compensação, foram derrotadas quase o dobro de vezes (27, ou 47,4% do total).
O cenário é bem diferente do visto antes da paralisação. Até março, quando a competição foi interrompida, a temporada germânica tinha 42,9% de vitórias dos mandantes e só 35,4% dos visitantes.
Em Portugal, os triunfos da equipe anfitriãs caíram de 39,8% para 33,3% depois da retomada. O que mais tem acontecido por lá nesses novos tempos são empates: oito das 21 primeiras partidas disputadas (38,1%) terminaram em igualdade.
A Coreia do Sul, onde no ano passado os mandantes também venciam em quase 40% das oportunidades, agora tem quase um empate técnico. Na atual temporada, já iniciada após o pico da pandemia, são 16 triunfos caseiros e 15 dos forasteiros.
Aos poucos, o futebol vem sendo retomado em diferentes partes do mundo desde a metade do mês passado. Dos principais campeonatos nacionais da Europa, o único que ainda não voltou foi o Italiano, que terá sua primeira rodada pós-pandemia realizada neste fim de semana.
França, Holanda, Bélgica, Argentina, México e vários países africanos cancelaram suas temporadas e retornarão no segundo semestre já com novas competições.
Alguns torneios internacionais também já começaram a definir o futuro: a reta final Liga dos Campeões da Europa será realizada em agosto e em um único país, Portugal. Por outro lado, a Libertadores ainda não tem nem previsão de retorno.
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), a pandemia da Covid-19 já atingiu quase 8 milhões de pessoas e provocou mais de 430 mil pessoas. O Brasil é o segundo país mais atingido e com mais vítimas do vírus em todo o planeta.
ALEMANHA
Pré-Pandemia: 42,9% mandantes, 21,7% empates, 35,4% visitantes
Pós-Pandemia: 24,6% mandantes, 28,1% empates, 47,4% visitantes
COREIA DO SUL
Pré-Pandemia: 39,5% mandantes, 29,4% empates, 31,1% visitantes
Pós-Pandemia: 38,1% mandantes, 26,2% empates, 35,7% visitantes
PORTUGAL
Pré-Pandemia: 39,8% mandantes, 25,9% empates, 34,2% visitantes
Pós-Pandemia: 33,3% mandantes, 38,1% empates, 28,6% visitantes
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