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Rafael Reis

Por que o Benfica está gastando tanto para dar "seleção" para Jorge Jesus?

Brasileiro Everton é um dos integrantes do pacotão de reforços do Benfica - Divulgação
Brasileiro Everton é um dos integrantes do pacotão de reforços do Benfica Imagem: Divulgação

18/08/2020 04h20

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A crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus (Covid-19) fez os clubes da Europa pisarem com tudo no freio e diminuírem consideravelmente seus orçamentos para reforços nesta janela de transferências.

Mas esse cenário de austeridade não se aplica ao Benfica. Na contramão da maioria das equipes do Velho Continente, o novo time de Jorge Jesus já apresentou seis reforços para 2020/2021 e está prestes a quebrar seu recorde de gastos com novos jogadores em uma única temporada.

O pacotão de novidades da equipe portuguesa conta com quatro brasileiros: Everton Cebolinha (ex-Grêmio), Pedrinho (ex-Corinthians), Gilberto (ex-Fluminense) e o goleiro Helton Leite (ex-Botafogo). Além deles, foram contratados o zagueiro belga Jan Vertonghen, vice da última Liga dos Campeões com o Tottenham, e o atacante Luca Waldschmidt, ex-Freiburg.

Juntos, eles consumiram 60 milhões de euros (R$ 385,5 milhões) investidos apenas na compra de direitos econômicos. Isso é pouco menos que o recorde do clube, 63,5 milhões de euros (R$ 408,3 milhões), estabelecido na janela de transferências de junho/julho/agosto do ano passado.

Só que a marca tem tudo para ser superada nas próximas semanas. Afinal, o apetite do Benfica para reforços continua grande.

Além do centroavante uruguaio Edinson Cavani, que deixou o Paris Saint-Germain, está sem contrato e vem negociando há semanas para ser a estrela da equipe de Jesus, a equipe portuguesa também está de olho, pelo menos, no meia Patrick de Paula, revelação do Palmeiras, no zagueiro alemão Robin Koch (Freiburg).

Mas como explicar o desejo do Benfica de montar uma "seleção" para o antigo treinador do Flamengo comandar, justamente em um momento de retração global nos investimentos e com o time nem assegurado na fase de grupos da próxima Liga dos Campeões?

A resposta está no cenário político do clube de Lisboa. O atual presidente Luís Filipe Vieira, no cargo desde 2003, resolveu abrir os cofres e contratar a rodos para agradar os sócios e diminuir o risco de uma derrota na eleição prevista para outubro.

O candidato da oposição, Rui Gomes da Silva, vem reclamando publicamente da gastança e admite que pode até mesmo dispensar Jesus em caso de vitória. Além disso, tem acusado o adversário nas urnas de maquiar dados econômicos para mostrar que não está fazendo nenhuma loucura.

Já Vieira se apoia no mais recente balanço apresentado pelo Benfica. Em março, o clube divulgou que registrou lucro de 104,2 milhões de euros (R$ 670 milhões) na primeira metade da temporada 2019/2020 - principalmente por causa da venda de João Félix para o Atlético de Madri, por 126 milhões de euros (R$ 811,4 milhões).

Ainda de acordo com o presidente, o recente empréstimo de 50 milhões de euros (R$ 322 milhões de euros) tomado pela instituição seria apenas um "ajuste de caixa" devido aos prejuízos provocados pela Covid-19, e não um fundo para "pagar os salários absurdos de Jesus e seus reforços", como o oposicionista acusa.

O Benfica foi vice-campeão português desta temporada, com cinco pontos a menos que o Porto. A próxima edição da competição está marcada para começar no dia 20 de setembro. Alguns dias antes, a equipe vai estrear nas fases preliminares da Champions. O adversário, no entanto, ainda não foi definido.

Reforços do Benfica para a temporada 2020/2021

Everton Cebolinha (MA, BRA, Grêmio) - 20 milhões de euros
Pedrinho (MA, BRA, Corinthians) - 20 milhões de euros
Luca Waldschmidt (A, ALE, Freiburg) - 15 milhões de euros
Gilberto (LD, BRA, Fluminense) - 3 milhões de euros
Helton Leite (G, BRA, Boavista) - 2 milhões de euros
Jan Verthonghen (Z, BEL, Tottenham) - sem custo