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Rafael Reis

Por que técnico do adversário do Fla é o mais desejado pelos brasileiros?

Miguel Ángel Ramírez, técnico do Independiente del Valle, rival de amanhã do Flamengo - Cristina Vega Rhor/AFP
Miguel Ángel Ramírez, técnico do Independiente del Valle, rival de amanhã do Flamengo Imagem: Cristina Vega Rhor/AFP

16/09/2020 04h00

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Para muitos torcedores do Flamengo, o treinador que deveria ter sido contratado para comandar o time depois da saída de Jorge Jesus não era Domènec Torrent, mas sim o comandante do primeiro adversário rubro-negro na Libertadores desde março.

E não são apenas os rubro-negros que pensam assim. Nos últimos tempos, basta o técnico de um clube grande brasileiro perder um ou dois jogos e começar a balançar no cargo para surgir nas redes sociais uma campanha pela contratação de Miguel Ángel Ramírez.

Mas por que o espanhol de 35 anos, que dirige o Independiente del Valle, rival de amanhã do Fla, no Equador, pela terceira rodada do Grupo A da competição continental, virou o maior sonho de consumo do futebol pentacampeão mundial?

O principal motivo é seu sucesso meteórico como técnico. Ramírez passou uma década e meia trabalhando com categorias de base (Las Palmas, Olympiacos, Panathinaikos, Academia Aspire, no Qatar) e só estreou no futebol adulto em maio do ano passado.

O Del Valle é o primeiro clube que ele dirige. E, logo na temporada de estreia, já conquistou o título da Copa Sul-Americana. Além disso, só perdeu uma das 13 partidas que disputou na atual edição do Campeonato Equatoriano e divide a ponta com a LDU.

Ramírez fez tudo isso com um time que não é caro nem mesmo para o modesto padrão do Equador. Afinal, boa parte do seu elenco foi formado dentro de casa e já trabalhava com o espanhol desde os tempos da base.

Além disso, o treinador está super alinhado a tudo aquilo que de mais de moderno existe no futebol mundial. Seu time joga um futebol bastante ofensivo, com marcação alta e intensidade, alternando-se entre posse de bola e progressões em velocidade.

Para completar, ao contrário do que acontece com Marcelo Gallardo, comandante do River Plate, o técnico do Del Valle não tem um salário astronômico. Seus ganhos estão completamente dentro da realidade dos times brasileiros.

No momento, o clube nacional que tem namorado Ramírez é o Corinthians, que demitiu Tiago Nunes na semana passada. Além do Fla, Palmeiras e Atlético-MG também já flertaram no passado com o espanhol.

Flamengo e Del Valle venceram todos os seus compromissos (contra Alético Júnior e Barcelona de Guayaquil) nas rodadas da Libertadores disputadas antes da pandemia e dividem a liderança do Grupo A da competição, com seis pontos. Os equatorianos só estão na frente por causa do saldo de gols (seis, contra quatro).

Desde o fim da quarentena, a equipe brasileira disputou 16 partidas oficiais e conquistou o título do Estadual do Rio. Seu adversário de amanhã atuou bem menos, apenas oito vezes, mas também já está com o ritmo de jogo bastante aprumado.

Ao contrário do que fez a Liga dos Campeões da Europa, que concentrou toda sua fase final em um único país (Portugal) e aboliu os confrontos de volta dos mata-matas nas quartas e semifinais para se adaptar aos efeitos da pandemia, a Libertadores optou por manter idêntica sua forma de disputa nesta retomada.

A única novidade mais expressiva é que o calendário precisou ser esticado até depois da virada do ano. O próximo campeão sul-americano só será conhecido em janeiro. O palco da decisão, no entanto, continua o mesmo: o estádio do Maracanã, no Rio.