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Rafael Reis

Após 2 anos de desemprego, "novo Pelé" descola vaga na 4ª divisão da Suécia

Pelé carrega Freddy Adu, que muita gente acreditava que seria seu sucessor - Reprodução
Pelé carrega Freddy Adu, que muita gente acreditava que seria seu sucessor Imagem: Reprodução

25/10/2020 04h00

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Freddy Adu está de volta. Após dois anos afastado do futebol profissional e vivendo de bicos, o norte-americano que um dia foi chamado de "novo Pelé" se prepara para retornar aos gramados.

O meia-atacante de 31 anos assinou contrato com o Österlen FF e vai disputar a quarta divisão do Campeonato Sueco nesta temporada.

Esse é o primeiro emprego de Adu como jogador profissional desde novembro de 2018, quando ele rescindiu com o Las Vegas Light, que disputava a USL, uma espécie de segunda divisão do soccer nos Estados Unidos.

Durante os 23 meses em que ficou desempregado, ele se virou como pôde para manter o padrão de vida ou, pelo menos, pagar as contas.

Sua principal fonte de renda no período foi uma plataforma de relacionamento com fãs. Adu criou uma conta em um site chamado "Cameo" e cobrava US$ 4,99 (R$ 28) para simplesmente conversar por mensagens de texto e US$ 79 (R$ 444) para enviar vídeos personalizados para quem o seguia.

Para não se manter completamente afastado da bola, Adu também dava aulas de futebol três vezes por semana para garotos de até 14 anos da cidade de Baltimore, nos Estados Unidos, a cerca de uma hora de onde ele vivia.

"Senti muita falta deste esporte e estou feliz por ter a oportunidade de voltar a jogar. Mas vamos dar um passo de cada vez. Pulei muitas etapas no passado, mas agora tenho a chance de fazer tudo no ritmo certo. Estou animado e nunca estive mais pronto", escreveu o meia-atacante, em suas redes sociais, logo após o acerto com o Österlen.

Só no Twitter, rede social em que é mais ativo, o norte-americano tem mais de 340 mil seguidores, um número gigantesco para quem agora atua na quarta divisão de um país que nem faz parte da elite do futebol mundial.

Mas Adu é muito famoso pelo que fez no começo do século, quando despertou nas pessoas (e nos departamentos de marketing) a ideia de que a soberania de Pelé estava ameaçada e que o futebol poderia ganhar um novo rei.

O meia-atacante despontou no cenário internacional quando tinha só 13 anos. Em 2003, ainda no começo da adolescência, ele disputou os Mundiais sub-17 e sub-20 pela seleção norte-americana. E, mesmo contra adversários bem mais velhos, fez bonito.

Rapidamente, começou a ser tratado como fenômeno de primeira grandeza. Comparado a Pelé, assinou contrato de US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões) de patrocínio com Nike e virou reportagem no "New York Times".

Aos 14 anos, já virou jogador profissional. Adu assinou contrato com o DC United e passou a receber o maior salário dentre todos os jogadores da MLS (Major League Soccer), a principal competição de futebol nos Estados Unidos. Foi seu auge.

Desde então, nada mais deu certo na carreira do meia-atacante. Ele até teve esporádicas participações na seleção principal entre 2006 e 2011. Sempre mais pelo nome do que pelo futebol que apresentava.

Foi a fama também que o levou aos mais diversos cantos do mundo. Adu jogou em Portugal, na França, na Grécia, na Turquia, na Sérvia, aqui no Brasil e até na quarta divisão do Campeonato Finlandês. Mas não deu certo em lugar nenhum.

Sua passagem pelo futebol pentacampeão mundial durou só oito meses. Entre março e novembro de 2013, o norte-americano vestiu a camisa do Bahia. Depois de só 130 minutos em campo, foi embora. E, como em todos os lugares que passou, não deixou saudades.