Em caos, Bolívia atrasa salários e deixa brasileiro sem receber por 6 meses
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O meia-atacante brasileiro Marco Antônio Morgon não disputa uma partida oficial desde o dia 11 de março. Só que ele não está machucado, desempregado, brigado com a diretoria ou cumprindo suspensão por doping.
Marquinho, como é mais conhecido, atua no único país da América do Sul (um dos poucos lugares do planeta) que ainda não retomou suas competições de futebol depois da quarentena usada para conter a pandemia do coronavírus (a Covid-19).
Mas não pense que a Bolívia está mantendo a bola parada até hoje para preservar o distanciamento social e evitar o surgimento de novos casos da doença. Os torneios estão paralisados até hoje porque seu futebol entrou em um estado de caos nos últimos sete meses e meio.
Os clubes da primeira divisão seguiram o racha. Oito equipes foram para o lado de um dirigente, e seis tomaram o caminho do outro. Sem dialogar, não conseguiram até agora definir uma data para o retorno do campeonato.
"Já foram feitas várias reuniões para tentar marcar a volta do campeonato. Mas, em cada uma delas, só aparecem para discutir os times que pertencem ao grupo que marcou o encontro", contou Marquinho, por telefone, ao "Blog do Rafael Reis".
Devido a esse imbróglio, as únicas equipes bolivianas que têm atuado são aquelas que ainda possuem calendário internacional, Jorge Wilstermann (Libertadores) e Bolívar (Sul-Americana). Todas as outras estão no máximo treinando e jogando alguns amistosos.
O time de Marquinho, o San José, que chegou a disputar as fases preliminares da Libertadores no começo do ano, é um dos que estão parados desde março. E também não está pagando o salário dos seus jogadores.
"Estou há seis meses sem receber. Eles chegaram a nos dar um dinheiro lá no começo da pandemia, quando receberam um auxílio da Fifa. Mas depois pararam. Querem nos pagar só 30% do salário e subir esse valor para 50% depois que os treinos voltarem", detalha o meia-atacante.
Marquinho tem vivido das economias acumuladas ao longo de 12 anos de carreira como profissional (já jogou em Espanha, Portugal, Guatemala, Chile, Colômbia e Malta). "Sorte que nunca fui de esbanjar".
Outros companheiros de time têm apelado a empregos alternativos e empréstimos para conseguir manter as contas em dia.
A expectativa de Marquinho, que tem treinado em uma academia e em campos sintéticos para manter a forma, e dos outros atletas que atuam na Bolívia é que a situação da primeira divisão seja resolvida nas próximas semanas.
No dia 5, haverá uma nova reunião para tentar estabelecer um cronograma de retorno, mas ela só será efetivamente realizada se dez dos 14 clubes que disputam a competição estiverem presentes.
"Essa é a situação mais maluca que já vivi. No ano passado, o campeonato também foi paralisado por causa do momento político do país. Mas agora está pior ainda. Enquanto todo mundo já voltou a jogar, nós ainda não sabemos quando teremos futebol", completou o brasileiro.
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