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Rafael Reis

Vice-artilheiro do Inglês nasceu milionário e trocou Harvard pelo futebol

Patrick Bamford comemora um dos seus 7 gols neste Campeonato Inglês - Reprodução
Patrick Bamford comemora um dos seus 7 gols neste Campeonato Inglês Imagem: Reprodução

14/11/2020 04h00

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Jogar futebol profissionalmente ou estudar em Harvard?

Para 99,99% dos atletas do esporte mais popular do planeta, essa é uma pergunta tão fora da realidade que parece até surreal. Mas foi essa a escolha que Patrick Bamford, autor de sete gols nas primeiras rodadas do Campeonato Inglês e um dos vice-artilheiros da competição, teve de fazer no final da adolescência.

Quando ainda atuava nas categorias de base do Nottingham Forest, o atacante que se tornou sensação do Leeds United nesta temporada recebeu um convite da prestigiada universidade norte-americana, uma das mais conceituadas do planeta, para cursar economia e negócios.

A bolsa tinha uma explicação: Bamford é membro de uma das famílias mais ricas e influentes do Reino Unido. Além disso, teve um currículo escolar exemplar, com notas altas em todas as matérias e habilidades desenvolvidas nas mais diferentes áreas.

Apesar de jamais ter atuado em algum clube de fora da Inglaterra, o atacante fala fluentemente três idiomas estrangeiros (francês, espanhol e alemão). Também toca piano, guitarra, saxofone e violino.

Nascido em "berço de ouro", o destaque da equipe comandada por Marcelo Bielsa é parente de Anthony Bamford, o Barão Bamford, presidente da JCB (terceira maior empresa do planeta na fabricação de equipamentos para construção civil), colecionador de Ferraris antigas e um dos maiores doadores do Partido Conservador do Reino Unido.

Mas a origem abastada também trouxe alguns problemas para a carreira do jogador de 27 anos. O inglês já revelou ter sofrido preconceito de antigos companheiros de time por ser "diferente" e também que foi acusado por um ex-treinador de não "ter garra por jamais ter tido que trabalhar".

"Isso não era verdade. Não é porque estudei em escolas particulares e toco instrumentos musicais que não precisei me esforçar para chegar até aqui. No Nottingham Forest, eu não tinha nenhum privilégio. Limpava os banheiros e fazia faxina como qualquer outro garoto da base", disse, em entrevista ao "Daily Mail".

Depois de abdicar de Harvard para se dedicar exclusivamente ao futebol, Bamford acabou contratado pelo Chelsea para completar sua formação no clube. Mas o atacante nunca atuou pela equipe principal dos Blues e foi emprestado para seis times diferentes (MK Dons, Derby County, Middlesbrough, Crystal Palace, Norwich e Burnley) para ganhar experiência.

Em 2017, foi negociado com o Middlesbrough e, no ano seguinte, desembarcou no Leeds. Apesar de muito criticado pelos gols perdidos, foi essencial no acesso da equipe para a primeira divisão.

Na atual temporada, foi mantido como titular mesmo depois da chegada de um atacante com experiência de Copa do Mundo (o brasileiro naturalizado espanhol Rodrigo). E não tem decepcionado: balançou as redes contra Liverpool, Fulham, Sheffield United, Aston Villa e Crystal Palace.

Com sete gols marcados, está apenas um atrás do quarteto que divide a artilharia do campeonato nacional mais badalado do planeta: Dominic Calvert-Lewin (Everton), Jamie Vardy (Leicester), Mohamed Salah (Liverpool) e Heung-min Son (Tottenham).

De volta à elite do futebol inglês depois de 16 anos militando nas divisões inferiores, o Leeds, que até já foi vice-campeão europeu (em 1974/75), já empatou com Manchester City (1 a 1) e fez uma partida épica contra o Liverpool (derrota por 4 a 3) neste início de temporada.

Apesar do bom futebol mostrado, principalmente contra os adversários mais fortes, a equipe ocupa uma modesta 15ª posição na Premier League, com dez pontos ganhos. Seu próximo adversário é o Arsenal, em casa, no dia 22 de novembro (domingo).