Ativismo no futebol: 7 astros dos gramados que são bastante politizados
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Há quem diga que futebol e política não se misturam. Essa ideia talvez esteja ligada à percepção de que a maioria dos atletas importantes do esporte mais popular do planeta raramente deixa a bolha onde vive para tratar de temas que não são específicos da modalidade.
Mas há exceções, e elas não são tão poucas assim. Vários nomes relevantes dos gramados costumam sim se posicionar sobre questões que afligem as "pessoas comuns". E alguns deles até mergulham no ativismo para tentar realizar transformações sociais.
O "Blog do Rafael Reis" apresenta abaixo sete estrelas do futebol mundial (algumas já aposentadas, mas outras ainda em atividade) que são bastante politizadas e lutam pelas causas em que acreditam.
GERARD PIQUÉ
O veterano zagueiro do Barcelona é um símbolo do movimento que deseja separar a Catalunha da Espanha e transformá-la em um país independente, apesar de jamais ter dito explicitamente que concorda com essa ideia e só ter defendido publicamente um referendo para que a população da região escolhesse seu destino. O envolvimento com o movimento separatista, aliás, fez o defensor ser vaiado em vários estádios espanhóis, mesmo durante partidas em que estava defendendo a seleção. Não se sabe se por questões políticas, perseguição dos torcedores contrários à causa catalã ou simplesmente cansaço, mas Piqué, campeão mundial em 2010 pela Roja, decidiu precocemente parar de defender a Espanha. Logo após a Copa-2018, quando ainda tinha 31 anos, ele avisou que não atenderia mais às convocações para atuar pela equipe nacional.
LILIAN THURAM
Campeão mundial com a seleção francesa em 1998 e um dos melhores defensores do futebol mundial nas últimas décadas, Thuram é também uma das vozes mais poderosas contra o preconceito racial no esporte, sua principal causa desde antes de pendurar as chuteiras. Mas o ex-jogador também é embaixador da Unicef e participa de movimentos pela liberdade sexual. Durante a presidência de Nicolas Sarkozy, ele chegou a ser convidado para assumir o Ministério da Diversidade, mas recusou o cargo por desavenças políticas com o então presidente francês. Neste ano, seu filho mais velho, Marcus foi um dos primeiros jogadores profissionais a se manifestar a favor do Black Lives Matter. O atacante do Borussia Mönchengladbach comemorou um gol ajoelhando-se no gramado, gesto em prol da igualdade racial que foi popularizado pelo atleta de futebol americano Colin Kaepernick.
GEORGE WEAH
Único jogador africano já premiado com o troféu de melhor do mundo, o vencedor da eleição da Fifa de 1995 já desenvolvia durante a carreira nos gramados um trabalho para ajudar as vítimas das guerras civis que devastaram a Libéria durante a década de 1990. Depois de pendurar as chuteiras, o ex-atacante de Milan, Paris Saint-Germain e Chelsea mergulhou de vez na vida pública do país. Em 2005, tentou ser presidente, mas foi derrotado nas urnas. Nove anos depois, conquistou uma cadeira no Senado. E, em 2017, concorreu novamente à presidência e, ao contrário da vez anterior, venceu o pleito. Seu mandato como líder máximo da Libéria vai até janeiro de 2024.
RICHARLISON
O atacante do Everton tem se mostrado o jogador brasileiro mais politizado de sua geração. Apesar de não falar tanto de política partidária (raramente cita nome de políticos ou partidos), Richarlison tem se posicionado praticamente sobre todos os assuntos importantes que têm surgido para discussão no cenário público nacional. Só nos últimos meses, ele usou suas contas nas redes sociais para defender a importância da ciência no combate à pandemia do novo coronavírus, cobrar o fim das queimadas no Pantanal e pedir justiça por Mariana Ferrer (blogueira que acusa o empresário André de Camargo Aranha de tê-la estuprado) e Robson (ex-funcionário do volante Fernando que está preso na Rússia).
MARCUS RASHFORD
O jovem atacante de 23 anos do Manchester United tem despontado como ídolo nacional da Inglaterra não só pelo que faz dentro de campo, mas principalmente por seus atos fora das quatro linhas. Rashford tem usado a fama e o dinheiro que o futebol lhe trouxe para lutar contra a pobreza e a fome infantil. Uma campanha iniciada e liderada por ele convenceu o Governo britânico a continuar fornecendo merenda escolar para as crianças pobres do país mesmo com as escolas fechadas durante a pandemia. Por sua atuação em lutas civis, o camisa 10 do United recebeu um título de doutor honorário concedido pela Universidade de Manchester e foi condecorado com uma medalha da Ordem do Império Britânico pela rainha Elizabeth.
MEGAN RAPINOE
Bicampeã mundial com a seleção norte-americana em 2015 e 2019 e eleita a melhor jogadora do planeta no ano passado, a atacante do OL Reign é uma bandeira ambulante dos movimentos feminista e LGBTQ+. Noiva de Sue Bird, quatro vezes medalhista de ouro em Jogos Olímpicos e um dos maiores nomes do basquete feminino neste século, Rapinoe aproveita a voz que a fama nos gramados lhe deu para fazer discursos inflamados contra o preconceito sexual e a favor da igualdade de gênero. A jogadora passou os últimos anos às turras com o presidente dos EUA. Em protestos contra Trump, ela chegou a parar de cantar o hino nacional antes dos jogos da seleção e declarou que não visitaria a Casa Branca mesmo se conquistasse a Copa do Mundo do ano passado.
JÜRGEN KLOPP
Um dos técnicos mais importantes do planeta, o vencedor da Liga dos Campeões-2019 e do Campeonato Inglês-2020 pelo Liverpool não perde uma chance de falar de política. Durante suas entrevistas coletivas, é bem comum ele interromper as conversas sobre a montagem do seu time ou as virtudes dos adversários para discorrer sobre algum tema que vá além do futebol. Klopp fala abertamente que jamais vai votar na direita, que se recusa a pagar um plano privado de saúde e e se define como um social-democrata. Ele também é um feroz opositor do Brexit, a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia, e fez campanha para que os britânicos realizassem um novo plebiscito para talvez voltar atrás nessa escolha.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.