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Rafael Reis

No Brasileiro-2020, técnicos estrangeiros pontuam 34% mais que os nacionais

O português Abel Ferreira fez o desempenho do Palmeiras subir                          - Cesar Greco/Divulgação
O português Abel Ferreira fez o desempenho do Palmeiras subir Imagem: Cesar Greco/Divulgação

11/12/2020 04h00

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O português Abel Ferreira (Palmeiras) e o argentino Jorge Sampaoli (Atlético-MG) estão entre os treinadores mais festejados do futebol brasileiro. A torcida do Internacional ainda lamenta a ida do também argentino Eduardo Coudet para a Espanha. E os flamenguistas não se esqueceram do luso Jorge Jesus.

A ode aos técnicos vindos do exterior não é um mero "complexo de vira-latas". Os números mostram que ser comandado por um gringo pode aumentar em até um terço a pontuação de um time no Campeonato Brasileiro.

O aproveitamento dos "misters ou maestros", os comandantes importados em outros países, nas primeiras 24 rodadas da Série A deste ano é 34,4% superior ao dos professores locais, que nasceram e desenvolveram suas carreiras no futebol pentacampeão mundial.

Até o momento, os treinadores estrangeiros somaram 57% dos pontos que disputaram na primeira divisão brasileira, enquanto os técnicos nacionais conquistaram 42,4% da pontuação possível.

O Brasileiro-2020 é o mais gringo de toda a história da competição. No total, cinco professores oriundos de outras nações já sentaram nos bancos de reservas nesta edição do torneio.

Três times ainda continuam em mãos estrangeiras: Atlético-MG, Palmeiras e Vasco, que é dirigido pelo português Ricardo Sá Pinto. Inter e Flamengo, que começou o certame sob comando do espanhol Domènec Torrent, já mudaram de comando e hoje têm comissões técnicas tupiniquins.

O Botafogo também chegou a aderir a essa onda, mas por pouco tempo. Em 5 de novembro, anunciou o argentino Ramón Díaz. Vinte e dois dias depois e ainda sem que ele estreasse em virtude de uma cirurgia, decidiu demiti-lo e contratou um brasileiro (Eduardo Barroca).

Apesar de a Série A ser liderada por uma equipe dirigida por um treinador local, o São Paulo, de Fernando Diniz, as equipes que optaram por estrangeiros normalmente têm se dado bem na classificação.

O Atlético-MG ocupou o primeiro lugar durante boa parte do campeonato e agora é vice-líder. O Inter estava no topo da tabela quando foi deixado por Coudet (com Abel Braga, hoje é sexto). E o Flamengo já havia se fixado no terceiro lugar (onde ainda permanece) quando demitiu Domènec.

Já o Palmeiras recuperou a confiança e o bom futebol depois da chegada de Abel. O aproveitamento também subiu consideravelmente: de 51,8% para 66,7%.

A exceção é o Vasco. Dirigido por Sá Pinto há dois meses, o clube carioca só venceu uma partida da primeira divisão desde a chegada do português, tem acumulado uma derrota atrás da outra, entrou na zona de rebaixamento e já sofre pressão de torcedores para uma nova troca de treinador.

Em toda a história do Campeonato Brasileiro, apenas dois treinadores estrangeiros já venceram a competição: o argentino Carlos Volante, vencedor com o Bahia da Taça Brasil de 1959, primeiro torneio nacional jogado por aqui, e Jorge Jesus, que levou o Flamengo ao título do ano passado e originou a febre gringa que tomou conta do nosso futebol nesta temporada.

Campeonato Brasileiro-2020

Aproveitamento dos técnicos estrangeiros: 57%
Aproveitamento dos técnicos locais: 42,4%