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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Algoz do Palmeiras em 1999 colecionou inimigos e "quebrou" pai de Haaland

Roy Keane foi o autor do gol do Manchester United sobre o Palmeiras no Mundial-1999 - Laurence Griffiths/Getty Images
Roy Keane foi o autor do gol do Manchester United sobre o Palmeiras no Mundial-1999 Imagem: Laurence Griffiths/Getty Images

08/02/2021 04h00

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O Palmeiras está fora da briga pelo título do Mundial de Clubes da Fifa. Assim como em sua participação anterior em um torneio global, o time brasileiro despediu-se do sonho de ser o melhor do planeta com uma derrota por 1 a 0.

Mas se o algoz de ontem foi um cara tão acostumado a balançar as redes adversárias que é simplesmente o goleador máximo da história do Tigres, o francês André-Pierre Gignac, duas décadas atrás a história foi um pouco diferente.

No 1 a 0 aplicado pelo Manchester United sobre o Palmeiras na Copa Intercontinental-1999, jogo que reunia os vencedores da Liga dos Campeões da Europa e da Libertadores e que era tratado como Mundial pela imprensa, pelos torcedores e pelos jogadores antes da criação do torneio da Fifa, quem definiu o jogo foi um ex-volante irlandês sem muito faro artilheiro, com cara de poucos amigos e fama de "bad boy".

A cena não sai da cabeça dos torcedores palmeirenses até hoje. Ryan Giggs passou por Júnior Baiano, chegou à linha de fundo e levantou a bola para a área. Mal posicionado, Marcos não conseguiu cortar o cruzamento e deixou o gol vazio, todo à disposição para Roy Keane marcar.

Esse dos 51 gols anotados pelo irlandês ao longo das 470 partidas que disputou com a camisa dos "Red Devils" entre 1993 e 2005.

Em compensação, punições por atos violentos ou atitudes de indisciplina em campo nunca faltaram no seu currículo. Durante a passagem pelo United, recebeu nada menos que 87 cartões amarelos e foi expulso dez vezes.

Keane também acumulou uma longa lista de inimigos. Até mesmo o técnico Alex Ferguson, com quem ele trabalhou durante o período em que atuou no gigante inglês, teve brigas históricas com o jogador -foi esse, inclusive, o motivo de sua saída de Old Trafford.

O irlandês também trocou sopapos com Peter Schmeichel, outro ídolo histórico do United, enquanto eles eram companheiros de time, e passou anos se desentendendo com o francês Patrick Vieira, que atuava no rival Arsenal.

Mas sua maior treta foi com o pai do atacante Erling Haaland, sensação do Borussia Dortmund e um dos artilheiros da Champions nesta temporada. Nesse caso, foi não foi uma simples discussão ou briga em campo, mas sim uma relação de ódio.

Tudo começou em 1997, quando Alf-Inge Haaland atuava como zagueiro e volante do Leeds United. Após um choque com o norueguês, o então jogador do United rompeu o ligamento cruzado do joelho. No chão e se contorcendo de dor, levou uma bronca do adversário por supostamente estar simulando uma contusão.

Keane ficou nove meses afastado do futebol e nunca se esqueceu daquele episódio. Pelo contrário, falava para quem quisesse ouvir que ainda reencontraria o algoz nos gramados da vida e que, se tivesse a oportunidade de encerrar prematuramente a carreira do agressor, não a desperdiçaria.

E isso aconteceu quatro anos depois do primeiro desentendimento. Durante um dérbi de Manchester, o irlandês voou com a sola em direção do joelho do norueguês. Expulso, deixou o gramado com cara de "dever cumprido" e ainda fez questão de xingar o adversário antes de ir para o vestiário.

Com uma grave lesão na perna esquerda, Haaland nunca mais foi o mesmo. Ele tentou continuar jogando por mais dois anos, mas não conseguiu se manter em atividade. Em 2003, anunciou sua aposentadoria precoce, aos 30 anos. Oito anos depois, ameaçou uma volta aos campos e participou da terceira divisão norueguesa.

Aposentado desde 2006, Roy Keane estreou como técnico assim que pendurou as chuteiras e dirigiu Sunderland e Ipswich Town. Depois, ainda trabalhou como assistente no Aston Villa e na seleção da Irlanda. Seu trabalhou mais recente foi como auxiliar do Nottingham Forest.

O Mundial de Clubes-2020 está sendo disputado em fevereiro de 2021 por conta do adiamento no calendário do futebol internacional provocado pela pandemia. Também devido à proliferação do coronavírus, a competição tem um participante a menos nesta edição - o Auckland City, da Nova Zelândia, decidiu não viajar ao Qatar.

O adversário do Tigres na final sairá do confronto entre o Bayern de Munique, atual campeão europeu, e o Al-Ahly, do Egito, vencedor da Liga dos Campeões da África, que se enfrentam hoje.

A decisão do torneio, assim como a disputa pelo terceiro lugar, que envolverá o clube brasileiro, está marcada para quinta-feira.