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Por que jogadores como Gignac vão para o México e não vêm ao Brasil?
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Autor do gol que derrotou o Palmeiras e classificou o Tigres para a final do Mundial de Clubes da Fifa, André-Pierre Gignac está na equipe mexicana desde 2015 e já é o maior artilheiro de sua história, com 147 bolas nas redes.
O centroavante desembarcou nas Américas quando ainda tinha 29 anos, após cinco temporadas no Olympique de Marselha, e disputou duas grandes competições com a camisa da seleção francesa: a Copa do Mundo 2010 e a Eurocopa 2016.
Seu sucesso no Tigres despertou uma dúvida nos torcedores palmeirenses (e também nos apoiadores dos seus rivais nacionais): por que o futebol mexicano atrai jogadores com o perfil de Gignac, e clubes brasileiros, não?
O principal motivo nem é financeiro, mas sim cultural. O Campeonato Mexicano é muito mais internacionalizado e aberto para atletas das mais variadas nacionalidades que a Série A brasileira.
De acordo com o "Transfermarkt", site especializado na cobertura do Mercado da Bola, um total de 39,7% dos atletas inscritos na atual temporada da Liga MX não são mexicanos. O índice de estrangeiros se assemelha ao do Espanhol (38,5%), um dos campeonatos nacionais mais importantes da Europa.
Só neste ano, a elite do futebol mexicano conta com jogadores de 20 nacionalidades diferentes. A lista tem vários argentinos, uruguaios e colombianos, mas também espanhóis, um holandês, um francês e um marfinense.
E essa diversidade não é de agora, ela já está enraizada por lá. Já nos anos 1960 e 1970, os clubes do país investiam pesado em reforços estrangeiros. Não é errado dizer, aliás, que esse intercâmbio foi essencial para que os próprios jogadores mexicanos se desenvolvessem tecnicamente com o passar do tempo.
No Brasil, a dinâmica do futebol tradicionalmente foi o contrário disso. Baseados na crença do "país do futebol", os clubes nacionais sempre investiram mais no talento local do que na importação de atletas.
Só nos últimos tempos, com a crescente ida de jogadores brasileiros para o exterior e, consequentemente, com seu encarecimento, o mercado ficou mais aberto aos gringos. Mesmo assim, os estrangeiros ainda não representam nem 10% do total de atletas da Série A.
Além disso, o futebol brasileiro raramente foge da América do Sul na hora de contratar jogadores de fora. Nomes como o japonês Keisuke Honda e o marfinense Salomon Kalou, trazidos pelo Botafogo em 2020, são exceção da exceção.
Na lógica que nutre a administração dos clubes brasileiros, reforçar-se com estrangeiros é uma forma de economizar, já que eles normalmente vêm de países cujo futebol tem menos dinheiro e, portanto, cobram salários menores.
No México, o que acontece é o oposto. O atleta de maior salário do país é um gringo, justamente Gignac, que ganha US$ 4,6 milhões por ano. Isso equivale a cerca de R$ 1,9 milhão por mês (contando o 13º salário), um valor alto, mas não muito diferente dos atletas brasileiros mais bem pagos que jogam nos Flamengos, Palmeiras e Atléticos da vida.
Ou seja, para os clubes do país pentacampeão mundial, não contratarem jogadores da estirpe do centroavante francês é mais uma questão de opção do que o resultado de uma limitação financeira.
O Mundial de Clubes 2020 está sendo disputado em fevereiro de 2021 por conta do adiamento no calendário do futebol internacional provocado pela pandemia. Também devido à proliferação do coronavírus, a competição tem um participante a menos nesta edição - o Auckland City, da Nova Zelândia, decidiu não viajar ao Qatar.
Primeiro time mexicano a alcançar a final da competição, o Tigres irá jogar pelo título histórico amanhã (11), a partir das 15h (de Brasília), contra o Bayern de Munique, atual campeão europeu, que está em busca da quarta conquista mundial de sua história (venceu a Copa Intercontinental em 1976 e 2001, além do torneio da Fifa de 2013).
Também amanhã, um pouco mais cedo, às 12h (de Brasília), Palmeiras e Al-Ahly, do Egito, retornam a campo pelo "prêmio de consolação" do terceiro lugar.
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