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Rafael Reis

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Como Guardiola saiu do pior para o melhor momento da carreira em só 3 meses

Guardiola festeja com jogadores do City, time invicto há 21 jogos na Inglaterra - Divulgação
Guardiola festeja com jogadores do City, time invicto há 21 jogos na Inglaterra Imagem: Divulgação

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Dia 15 de dezembro de 2020: o Manchester City empata por 1 a 1 com o vice-lanterna West Bromwich e encerra a 13ª rodada do Campeonato Inglês na sexta posição, com cinco pontos a menos que o Liverpool, então líder da competição. Esse desempenho é simplesmente o pior início de temporada de toda a carreira de Pep Guardiola como treinador.

Dia 6 de março de 2021: os Citizens são o time da moda no futebol mundial. Lideram a Premier League com 14 pontos de vantagem para o segundo colocado (Manchester United), estão vivos em todas as competições que disputam e já colocaram um pé e meio nas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa.

O que aconteceu nesses três meses que tiraram o time de Gabriel Jesus, Fernandinho e Ederson do inferno para levá-lo ao céu? Simplesmente uma sequência de 21 vitórias consecutivas, a maior da história de um time da Inglaterra e também da trajetória de Guardiola.

A série começou logo depois do empate contra o WBA. Desde então, foram 15 triunfos no Inglês (com direito a uma goleada por 4 a 1 sobre o LIverpool e resultados positivos em clássicos contra Arsenal, Tottenham e Chelsea), três na Copa da Inglaterra, dois na Copa da Liga e um na Champions.

Antes da temporada atual, nenhuma equipe da primeira divisão inglesa havia emendado mais de 14 vitórias (marca do Preston de 1982 e do Arsenal de 1987). Já o recorde de Guardiola era de 13 sucessos seguidos, com o Bayern de Munique, entre 2013 e 2014.

Mas, o que o treinador fez para sair do pior para o melhor momento da carreira em tão pouco tempo? Na verdade, quase nada. Mais confiou no seu trabalho e deu tempo para que ele pudesse dar resultado do que estruturou mudanças drásticas.

Foi a sequência de jogos que fez o português Rúben Dias, recém-contratado do Benfica, acostumar-se ao futebol praticado na Inglaterra e se transformar no pilar defensivo do City. Quem também se beneficiou com a insistência de Guardiola foi o meia alemão Ilkay Gündogan, autor de dez gols desde o início da sequência de vitórias.

O tempo também fez os comandados de Pep se acostumarem com a ideia de jogar sem um centroavante de verdade.

A ideia, que já vinha sendo testada desde a segunda metade da temporada passada devido aos problemas físicos de Sergio Agüero e às características de Gabriel Jesus, ganhou força nos últimos meses e colocou meias como Phil Foden, Bernardo Silva e até mesmo Gündogan para atuarem como "falsos 9".

De início, os resultados não foram muito animadores. Mas a repetição do sistema ajudou a equipe a disparar rumo às marcas históricas.

Sem perder ou sequer empatar desde a primeira quinzena de dezembro, o City já sonha com um voo ainda mais alto: a maior sequência de vitórias já vista no futebol mundial em todos os tempos.

O recorde atual pertence ao The New Saints, do País de Gales, que emendou 27 triunfos consecutivos em 2016. Dentre os integrantes das cinco maiores ligas nacionais da Europa, ninguém teve uma série de sucessos superior que a de 23 jogos estabelecida pelo Bayern de Munique no ano passado.

A 22ª vitória consecutiva dos comandados de Guardiola, caso aconteça, terá um gosto ainda mais especial, já que o adversário de amanhã é o Manchester United, seu rival de cidade e vice-líder da Premier League.

Já na Champions, o City só volta a campo no dia 16, quando recebe o Borussia Mönchengladbach, na partida de volta das oitavas de final. A classificação para as quartas já está bastante encaminhada, já que os "invencíveis" de azul venceram por 2 a 0 a primeira perna do confronto.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que divulgado anteriormente, o Manchester City goleou o Liverpool por 4 a 1 e não o Arsenal. O erro foi corrigido.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL