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Como empresa brasileira e "Moneyball" reergueram time surpresa do Francês
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Quando o Lens, tradicional clube francês que foi campeão nacional em 1998 e que atualmente briga por vaga nas competições europeias da próxima temporada, deseja ir ao Mercado da Bola para se reforçar, ele não escolhe o nome do jogador que vai contratar. Em vez disso, define uma série de características que o atleta precisa ter: "quero um zagueiro canhoto, que seja bom na bola aérea ofensiva e que tenha uma ótima saída de bola" ou "preciso de um meio-campista semelhante a N'Golo Kanté, mas que não custe tanto".
A partir daí, o trabalho fica a cargo de uma empresa de brasileiros chamada "xG Football Inteligence". Ela acessa um banco de dados com mais de 900 mil jogadores de todos os lugares do mundo, cruza informações e entrega um relatório com até dez possíveis reforços do perfil desejado que estejam dentro da realidade financeira do clube. O processo é bastante semelhante ao mecanismo de busca/contratação de jogadores existente em games das séries "Football Manager" ou "Fifa". Afinal, o princípio é o mesmo: o desempenho dos atletas dentro de campo pode ser explicado pelos dados de desempenho que eles produzem.
Esse modelo de gestão esportiva, em que as decisões são tomadas a partir da análise de dados e de resultados de algoritmos capazes de lê-los, é conhecido como "Moneyball", nome de um filme de 2011, protagonizado por Brad Pitt, que conta a história de Billy Beane, gerente-geral do Oakland Athletics, time de beisebol que revolucionou o cenário esportivo norte-americano no começo do século. Duas décadas depois, essas estratégias estão bastante difundidas nos "esportes americanos", como beisebol, futebol americano e basquete. No futebol, alguns poucos clubes europeus trabalham dessa forma. O próprio Beane presta consultoria para o AZ Alkmaar, da Holanda. O Midtjylland, da Dinamarca, que disputou a Liga dos Campeões nesta temporada, é outro adepto.
Em 2017, o nosso sócio fundador estava na Europa conhecendo alguns clubes quando percebeu que muitos deles estavam nas mãos de bilionários do mercado financeiro que não tinham a linguagem do futebol e precisavam de alguém que mostrasse para eles se os investimentos que faziam estavam realmente dando resultado. A ideia então foi criar um algoritmo que permitisse essa resposta, que mostrasse objetivamente se os jogadores e o time estão rendendo dentro do esperado. E isso evoluiu também para um sistema de monitoramento de atletas de outras equipes."
Marcos Cardoso, diretor de produtos da empresa.
O fundador da xG a quem Marcos se refere é Alex Bourgeois, ex-gestor da Teisa, fundo de investimentos que foi parceiro do Santos nos direitos econômicos de Neymar no começo da década passada. Antes de criar a empresa, ele também foi consultor futebolístico do empresário Abílio Diniz e trabalhou como CEO do São Paulo e do Figueirense. "Em um determinado momento da carreira, percebi que não queria mais trabalhar no futebol brasileiro. Aqui, o futebol não é uma indústria. Então, fui para a Europa. Foi onde percebi que havia todo esse mercado para explorar com análise de dados", afirma o empresário.
O Lens foi um dos primeiros clientes de Bourgeois. A equipe estava fora da primeira divisão francesa desde 2014/15. Na temporada passada, depois de acatar uma sugestão da empresa de demitir o técnico e promover o comandante do time B, obteve o acesso à elite. Agora, mesmo com um orçamento baixo para os padrões da competição, ocupa a quinta posição na Ligue 1 e está se classificando para a primeira edição da Europa Conference League, novo torneio da Uefa que estreia no segundo semestre.
O Millonarios, um dos clubes mais tradicionais da Colômbia, e o Pádova, líder do seu grupo na Série C do Italiano, também são clientes fixos de Bourgeois. Outros times também já tiveram acordos pontuais com a xG. A empresa promete anunciar nos próximos dias sua entrada no mercado brasileiro com uma parceria com uma equipe da primeira divisão nacional. Além disso, pretende criar uma nova plataforma para clubes conversarem entre si e costurarem acordos de compra e venda de jogadores.
"Nossa ideia para o futuro é virar um marketplace do futebol, um espaço onde os jogadores estejam catalogados por suas características e os times interessados em contratá-los possam fazer as negociações diretamente nesses ambientes", completa Cardoso.
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