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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Jogador da seleção italiana deixa futebol de lado para estudar em Harvard

Alessandro Arlotti jogou pela seleção sub-17 da Itália e vai para Harvard em agosto - Alessandro Sabattini/Getty Images
Alessandro Arlotti jogou pela seleção sub-17 da Itália e vai para Harvard em agosto Imagem: Alessandro Sabattini/Getty Images

22/03/2021 04h00

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Todos os anos, milhares de jovens e adolescentes deixam os estudos em segundo plano para mergulhar de cabeça no sonho de se transformar em um jogador profissional de futebol. Muitos não chegam nem a completar o ensino médio. Alguns até ingressam em uma universidade, mas logo largam o curso superior por causa da intensa rotina de treinos e jogos.

Esse cenário não é exclusividade dos brasileiros. Em todos os cantos do planeta, a maioria dos aspirantes a jogador de futebol acaba abandonado a vida acadêmica ou, pelo menos, colocando-a lá embaixo na lista de prioridades. Mas não Alessandro Arlotti.

Integrante da seleção italiana que disputou o último Mundial sub-17, em 2019, o meia-atacante de 18 anos anunciou no mês passado que vai deixar a carreira nos gramados um pouco de lado para estudar na prestigiada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

O jogador, formado nas categorias de base do Monaco e que atualmente faz parte do elenco do Pescara, da Série B da Itália, recebeu uma bolsa de estudos por seu desempenho escolar/esportivo e vai mudar de vida a partir de agosto.

Arlotti ainda não definiu exatamente o que irá estudar em Harvard. Em entrevista dada recentemente à rádio RMC Sports, da França, afirmou que está inclinado a entrar no curso de economia, mas que essa não é uma decisão definitiva.

"Foi uma oportunidade que eu não tinha como descartar. É óbvio que o futebol sempre foi meu sonho. Mas, se eu tivesse a impressão que meu futuro seria ter uma carreira de mais destaque, talvez pensasse diferente. No fim, acho que fiz a escolha mais correta", disse o jovem.

A promessa italiana, no entanto, não vai abandonar completamente os gramados. Nos próximos anos, ele vai dividir seu tempo entre as salas de aula e os treinos e jogos do Harvard Crimson, time de "soccer" que disputa a NCAA, liga esportiva universitária dos EUA.

Se quiser, Arlotti poderá, depois de pegar seu diploma, inscrever-se no draft para ser escolhido por algum time da MLS (Major League Soccer), o principal campeonato profissional do futebol norte-americano, e ter uma carreira normal de jogador.

"Mesmo sabendo que é quase impossível, ainda espero um dia jogar na Europa", completou o aspirante a economista e atleta de futebol.

A trajetória de Arlotti é oposta ao caminho trilhado pelo centroavante inglês Patrick Bamford. No fim da adolescência, o artilheiro do Leeds United na temporada (14 gols) também recebeu um convite para ingressar em Harvard.

Mas, apesar do gosto pelos estudos e da trajetória acadêmica brilhante no ensino médio, o jogador, que é fluente em três idiomas estrangeiros (francês, espanhol e alemão) e toca piano, guitarra, saxofone e violino, abdicou da oportunidade para jogar nas categorias de base do Chelsea.

Pelo que se sabe, Bamford até hoje não completou nenhum curso de ensino superior. Aliás, poucos são os jogadores de elite que possuem um diploma universitário. Uma das exceções mais conhecidas é o zagueiro italiano Giorgio Chiellini, capitão da Juventus.

O camisa 3 bianconero terminou a graduação em economia e comércio em 2010, quando já tinha uma carreira consolidada no Calcio. Em 2015, retornou à Universidade de Turim para fazer mestrado em administração de empresas.

Dois anos depois, apresentou sua tese intitulada "O modelo de gestão da Juventus F.C. em um contexto internacional" e obteve, com nota máxima, o título de mestre.