Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Por que jogadores vindos da China costumam decepcionar na volta ao Brasil?
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Um dos mais caros e badalados reforços do futebol brasileiro neste ano, Hulk não vem tendo o início de temporada que os torcedores do Atlético-MG esperavam. O atacante só marcou um gol em sete partidas e vem até frequentando o banco de reservas.
Depois de cinco anos defendendo o Shanghai SIPG (agora Shanghai Port), o ex-jogador da seleção brasileira vem enfrentando as mesmas dificuldades que marcaram a volta ao país pentacampeão mundial de vários outros nomes que se aventuraram na China.
O que está acontecendo com Hulk já rolou com Ramires, Ricardo Goulart, Hernanes, Diego Tardelli, Alexandre Pato e Jadson. Todos fracassaram (ou pelo menos demoraram bastante para engrenar) por aqui depois de passarem pelo Oriente.
Mas por que será que boa parte dos jogadores brasileiros mais importantes que atuaram na China nas últimas temporadas têm sofrido tanto na hora de encarar novamente o futebol nacional?
Há dois motivos principais que explicam essa dificuldade: as diferenças enormes de qualidade técnica e de calendário existentes entre a China e o Brasil.
Apesar de não ter mais um nível técnico capaz de fazer frente às principais ligas europeias, o Brasileiro continua sendo um campeonato cheio de jogadores de boa capacidade de passe, finalização e dribles. Pelo menos, na comparação com a Superliga chinesa.
Ainda que o país mais populoso do mundo tenha investido pesado na última década em estrangeiros badalados e acostumados a atuar na elite do Velho Continente, mais de 80% dos atletas inscritos em sua primeira divisão continuam sendo chineses. E eles não são tão bons assim.
Em conversas com variados jogadores, empresários e integrantes de comissão técnica que passaram pelo futebol asiático, o "Blog do Rafael Reis" sempre ouve que, na parte técnica, os jogadores que a China produz são muito inferiores aos de outros países do continente, como Japão, Coreia do Sul, Irã e Arábia Saudita.
Submetidos a adversários mais fracos durante anos, os jogadores brasileiros que por lá passam acabam perdendo competitividade. Afinal, não precisam jogar tudo o que sabem para se destacar. Quando essa necessidade aparece, não basta ligar uma chavinha e retornar ao que era antes, já que eles se acostumaram a atuar em uma intensidade menor.
Para piorar: quem retorna ao Brasil precisa se deparar novamente com um calendário em que não é incomum alguns times jogando mais de 70 vezes em uma única temporada. Essa overdose de jogos é excessiva para o corpo de qualquer atleta, mas ainda mais para quem estava na China.
Isso porque o país asiático possui um calendário leve demais até na comparação com as ligas europeias. Antes das adaptações decorrentes da pandemia da covid-19, a primeira divisão de lá consumia apenas 30 datas. Poucas eram as equipes que, por conta de copas nacionais e competições internacionais, chegavam a 40 apresentações na temporada.
Com tanto tempo livre, o Campeonato Chinês chega a ficar paralisado por até três semanas durante algumas Datas Fifa. Tempo de sobra para os jogadores recuperarem as energias e acostumarem os músculos a descansos periódicos, algo impossível no Brasil.
Existe ainda um terceiro fator a ser considerado: a idade dos reforços dos clubes nacionais oriundos da China. Com exceção de Pato e Goulart, todos os nomes citados no começo da matéria retornaram ao Brasil quando já tinham mais de 30 anos (Hulk tem 34). Ou seja, não eram mais os mesmos da viagem de ida para a Ásia.
Mas é claro que, mesmo com tudo isso, essa regra dos jogadores sofrerem no futebol nacional logo após retornarem da China tem algumas exceções.
O atacante Jô, por exemplo foi o artilheiro e principal jogador do Corinthians na conquista da Série A de 2017 depois de pouco jogar pelo Jiansu Suning na temporada anterior. O zagueiro Gil, seu companheiro na equipe alvinegra, é outro que rapidamente se readaptou ao Brasil, mesmo tendo ficado no Shandong Luneng (hoje Shandong Taishan) durante três anos e meio.
Outra novidade do Mercado da Bola nacional nesta temporada, o atacante naturalizado italiano Éder, que estava no Jiangsu Suning desde 2018, vem sendo elogiado por suas primeiras partidas no São Paulo.
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