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Ex-vilão, Fernandinho pode ser 1º capitão brasileiro a levantar Champions
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"O Fernandinho não serve para a seleção. Pode até ser um bom jogador, mas é azarado demais e atrai desgraças."
Durante os últimos sete anos, o volante do Manchester City cansou de ler, ouvir e ver comentários como o que abre essa reportagem. Mas, apesar do rótulo de vilão das eliminações do Brasil nas duas últimas Copas do Mundo que colaram em sua testa, continuou conquistando um título atrás do outro.
E, neste sábado, caso derrote o Chelsea, o veterano de 36 anos irá se transformar no primeiro jogador brasileiro a levantar, como capitão, o troféu da Liga dos Campeões da Europa, o torneio interclubes mais importante do planeta.
O feito só continua inédito porque, na temporada passada, Thiago Silva, então dono da braçadeira do Paris Saint-Germain, caiu derrotado na decisão ante o Bayern de Munique. Curiosamente, o ex-companheiro de seleção está mais uma vez na final e será seu adversário neste fim de semana.
Os dois estiveram juntos nos momentos mais delicados da carreira de Fernandinho: os Mundiais de 2014 e 2018, quando ele acabou sendo responsabilizado pelas eliminações da seleção.
Na histórica goleada por 7 a 1 para a Alemanha, na semifinal da Copa do Brasil, o volante teve uma atuação catastrófica. Quatro anos depois, anotou o gol contra que abriu caminho para a derrota contra a Bélgica.
Mas o "amaldiçoado da seleção" nunca passou perto de estender essa fama negativa ao City. Fernandinho chegou à Inglaterra em 2013, depois de oito temporadas no Shakhtar Donetsk, e logo virou um dos jogadores mais importantes e vitoriosos da história do clube.
Desde que virou jogador dos Citizens, o brasileiro já conquistou 11 títulos, quatro só da Premier League inglesa, o campeonato nacional número um do mundo. Mais que isso: virou o homem de confiança e braço direito de Pep Guardiola, um dos técnicos mais aclamados da história.
Apesar de já não jogar tantos minutos quanto em anos anteriores, o capitão do City foi essencial para a virada da equipe nesta temporada. No dia 1º de janeiro, ele se reuniu com os jogadores e deu uma bronca que ajudou o time a emendar uma sequência de 21 vitórias consecutivas e disparar rumo ao título inglês e à decisão da Champions.
"Fui muito honesto. Todo mundo sabia o que eu estava falando, mas precisávamos ouvir outra vez. Precisávamos de um chacoalhão. E foi importante acontecer naquele dia. Embora eu tenha puxado a conversa, todos os outros jogadores também falaram. E concordamos que era preciso algo mais", disse o jogador, em texto publicado no "The Player's Tribune", no mês passado.
"Não consigo expressar a importância de Fernandinho para nós, como grupo. Ele é imenso. Obviamente, ele não teve tanto tempo de jogo quanto os outros do time nesta temporada, mas ele sabe o seu papel, sua responsabilidade e o que tem que dizer na hora certa. É isso que um líder faz", respondeu o meia Ilkay Gündogan, ao site oficial do City.
Com contrato só até o fim de junho, o brasileiro ainda não anunciou o que irá fazer depois da final da Champions. Clubes como Athletico-PR, que o revelou para o futebol nacional, e Atlético-MG estão louquinhos para trazê-lo de volta ao Brasil.
Há também a chance de Fernandinho se transferir para os Estados Unidos, pendurar as chuteiras para continuar no City como auxiliar de Guardiola ou escolher qualquer outro caminho para a sequência da sua carreira.
Mas, independentemente de qual seja a decisão do jogador, o "Manchester Evening News", principal jornal da cidade inglesa que acolheu o brasileiro, já iniciou a campanha para que o dono da camisa 25 (e talvez capitão do primeiro título europeu citizen) seja homenageado com uma estátua no Etihad Stadium.
A decisão da edição 2020/21 da Champions será disputada neste sábado (29), no estádio do Dragão, no Porto (POR). Originalmente, a partida seria jogada em Istambul, mas, assim como no ano passado, a sede teve de ser alterada por causa da pandemia de covid-19.
Em Portugal, o jogo que decidirá o campeão europeu desta temporada poderá contar com a presença de público (ainda que reduzido). Doze mil ingressos foram colocados à venda, seis mil para torcedores de cada time.
Essa será a terceira final 100% inglesa na história da competição. Em 2008, o Chelsea foi derrotado nos pênaltis pelo Manchester United após empate por 1 a 1 com a bola rolando. Duas temporadas atrás, o Liverpool se sagrou campeão europeu com vitória por 2 a 0 sobre o Tottenham.
O torneio teve outras cinco decisões entre clubes do mesmo país: três espanholas (todas vencidas pelo Real Madrid, em 2000, 2014 e 2016), uma italiana (Milan 0 x 0 Juventus, em 2003, com triunfo rossonero nos pênaltis) e uma alemã (Bayern de Munique 2 x 1 Borussia Dortmund, em 2013).
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