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Como City desrespeitou regras e peitou a Uefa para ir à final da Champions
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Para alcançar pela primeira vez na história a final da Liga dos Campeões da Europa, o Manchester City teve de derrotar seis adversários diferentes dentro de campo (Porto, Olympique de Marselha, Olympiacos, Borussia Mönchengladbach, Borussia Dortmund e Paris Saint-Germain) e um grande rival bem longe das quatro linhas.
O adversário do Chelsea na final de hoje (29) nem deveria estar disputando a Champions nesta temporada. Pelo menos, era isso que desejava a Uefa, entidade que organiza o torneio interclubes mais importante do futebol mundial.
Em fevereiro do ano passado, o órgão puniu o clube inglês com uma multa de 30 milhões de euros (R$ 191,3 milhões) e sua exclusão de todas as competições continentais por um período de dois anos (2020/2021 e 2021/2022) por desrespeito das regras do seu sistema de Fair Play Financeiro.
Só que o City não aceitou a pena e decidiu peitar a Uefa em instâncias superiores. O caso foi levado ao TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), a última corte da esfera esportiva na justiça internacional, que decidiu revogar a suspensão aplicada pela entidade europeia.
O tribunal reconheceu que a equipe de Manchester não está colaborando com a política de gastos responsáveis no futebol, mas decidiu que a punição mais apropriada para essa infração era uma multa de "apenas" 10 milhões de euros (R$ 63,8 milhões).
O Fair Play Financeiro é um conjunto de regras defendidas pela Uefa para impedir que clubes se utilizem de uma espécie de "doping econômico" (injeção ilegal de dinheiro ou débitos escondidos) para subir de nível esportivamente.
A ideia principal é que nenhuma equipe deve gastar mais dinheiro do que consegue arrecadar com suas "próprias pernas", ou seja, por meio de patrocínios, contratos comerciais, receitas de bilheteria e negociação de direitos econômicos de jogadores.
De acordo com a Uefa, o City desconsiderou completamente essa premissa durante quatro temporadas. Entre 2012 e 2016, o clube "superestimou sua receita de patrocínio em suas contas e nas informações de equilíbrio enviadas".
A equipe inglesa pertence desde 2018 ao xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, integrante da família real de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). Ao longo dos últimos 13 anos, o clube investiu 1,8 bilhão de de euros (R$ 11,5 bilhões) em contratações, mais que qualquer outro time de futebol do mundo.
Com essa dinheirama toda, conquistou nada menos que 16 títulos no período, cinco só do Campeonato Inglês, a mais poderosa liga nacional do mundo. Falta ainda a Liga dos Campeões... pelo menos, por mais algumas horas.
A decisão da edição 2020/2021 da Champions será disputada no estádio do Dragão, no Porto (POR). Originalmente, a partida seria jogada em Istambul, mas, assim como no ano passado, a sede teve de ser alterada por causa da pandemia de covid-19.
Em Portugal, o jogo que decidirá o campeão europeu desta temporada poderá contar com a presença de público (ainda que reduzido). Doze mil ingressos foram colocados à venda, seis mil para torcedores de cada time.
Essa será a terceira final 100% inglesa na história da competição. Em 2008, o Chelsea foi derrotado nos pênaltis pelo Manchester United após empate por 1 a 1 com a bola rolando. Duas temporadas atrás, o Liverpool se sagrou campeão europeu com vitória por 2 a 0 sobre o Tottenham.
O torneio teve outras cinco decisões entre clubes do mesmo país: três espanholas (todas vencidas pelo Real Madrid, em 2000, 2014 e 2016), uma italiana (Milan 0 x 0 Juventus, em 2003, com triunfo rossonero nos pênaltis) e uma alemã (Bayern de Munique 2 x 1 Borussia Dortmund, em 2013).
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