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Como um divórcio de R$ 3 bilhões impediu o Monaco de se tornar um "Chelsea"
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A Liga dos Campeões da Europa vive o apogeu da era dos "novos ricos". No último fim de semana, Chelsea e Manchester City, dois integrantes do grupo, decidiram a competição. E, na temporada passada, quem representou o clube das bilionárias forças ascendentes na final foi o Paris Saint-Germain, vice-campeão.
Mas, se não fosse um bilionário processo de divórcio, é bem capaz que hoje o Monaco estivesse ao lado dos ingleses e da equipe da capital francesa brigando pelos títulos mais importantes e carregando a bandeira de que "(muito) dinheiro compra tudo no futebol".
Entre 2012 e 2014, o clube do principado gastou 185,4 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão, na cotação atual) na reformulação do seu elenco, valor superior aos investimentos feitos no mesmo período por City, Manchester United, Barcelona, Bayern de Munique, Liverpool, Juventus e Inter de Milão.
A grana pesada levou para o Stade Louis II nomes importantes do cenário internacional, como os colombianos James Rodríguez e Radamel Falcao García, o meia português João Moutinho, o atacante búlgaro Dimitar Berbatov, o volante Jérémy Toulalan e o já veterano defensor Éric Abidal.
A gastança foi financiada pelo russo Dmitri Rybolovlev, acionista majoritário do clube, um bilionário do setor de fertilizantes que, assim como Roman Abramovich (proprietário do Chelsea), fez fortuna comprando e vendendo empresas recém-privatizadas durante a queda do comunismo e a dissolução da União Soviética.
Com os reforços de peso e muito dinheiro em caixa, o Monaco foi vice-campeão francês em 2013/14 (ficou nove pontos atrás do igualmente bilionário PSG) e planejava dar o próximo passo no seu ambicioso projeto de expansão quando uma crise pessoal do seu dono jogou tudo pelo ralo.
O fim do casamento de 24 anos com Elena Rybolovleva fez o empresário perder boa parte do seu patrimônio, já que a Justiça determinou que sua ex-esposa tinha direito a receber US$ 4,8 bilhões (R$ 24,4 bilhões) no processo de divisão de bens.
Após recorrer da decisão, Rybolovlev conseguiu reduzir o valor da indenização para 604 milhões de euros (R$ 3,1 bilhões). Mesmo assim, ficou descapitalizado e precisou reduzir consideravelmente as quantias que investia no futebol.
O clube francês negociou os jogadores que conseguiu (James, por exemplo, foi para o Real Madrid) e parou de gastar com reforços de peso. Na prática, abortou seu projeto de tentar se equiparar aos times do primeiro escalão da Europa, aqueles que brigam pelo título da Champions.
Incapaz de manter o planejamento original, o Monaco passou a priorizar o trabalho de formação de jogadores e a garimpar jovens talentosos que se destacavam em equipes menores. Assim, formou Kylian Mbappé e montou o time que foi campeão francês e semifinalista da Liga dos Campeões em 2016/17.
Só que a equipe não era economicamente forte para resistir ao assédio das maiores potências da Europa, foi desmanchada já no ano seguinte e voltou a ter resultados mais compatíveis com suas novas ambições.
Na recém-encerrada temporada, o Monaco e Rybolovlev até chegaram a sonhar novamente com a briga por títulos. O time alvirrubro brigou pelo Campeonato Francês até as últimas rodadas e terminou na terceira posição, com seis pontos a menos que o Lille. Com isso, conseguiu a classificação para a Champions que sonhava conquistar antes de um divórcio encerrar seu sonho de ser um "novo rico".
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