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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Lateral da Suécia nasceu rico, sofreu preconceito e gerou debate nacional

Ludwig Augustinsson é lateral do Werder Bremen e da Suécia - Divulgação
Ludwig Augustinsson é lateral do Werder Bremen e da Suécia Imagem: Divulgação

14/06/2021 04h00

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Ludwig Augustinsson tem uma origem bem diferente da maioria dos seus companheiros de seleção da Suécia, que disputa hoje (às 16h, de Brasília) sua primeira partida na Eurocopa, contra a Espanha, no estádio de La Cartuja, em Sevilha, casa do adversário.

Enquanto a maior parte dos jogadores que vestem a camisa amarela vieram de famílias pobres (algumas até de imigrantes que foram para a Escandinávia para fugir da fome e de guerras) e fizeram do futebol um meio de ascensão social, o lateral esquerdo do Werder Bremen nasceu em "berço de ouro".

Integrante de uma família de atletas bem-sucedidos (seu pai também jogou futebol profissionalmente), o camisa 6 sueco estudou nos melhores colégios e, desde a infância, teve à sua disposição tudo o que dinheiro pode comprar.

Por isso, sua chega à seleção principal, em 2015, foi vista com muitas ressalvas e gerou um debate público sobre as vantagens dos atletas mais endinheirados sobre aqueles que vêm dos setores mais pobres da sociedade.

Jornais, sites e programas de televisão discutiram se a convocação de Augustinsson (e também de outros jogadores mais ricos) era realmente fruto do talento que ele possui ou do investimento que seus pais fizeram em sua carreira.

Além de ter tido acesso a uma educação formal mais qualificada, o lateral contou desde cedo com apoio de treinadores particulares, nutricionistas e equipes multidisciplinares para desenvolver sua aptidão para o futebol. Na visão dos seus críticos, o jogador foi quase um "rato de laboratório" criado pela força do dinheiro.

A formação de Augustinsson teve um cenário bem diferente do vivenciado pelos garotos pobres que só jogavam bola nas ruas e nas escolas até serem descobertos pelas categorias de base de algum clube.

Foi preciso o passar do tempo para que o preconceito por ser rico sofrido pelo lateral fosse se diluindo. Ele participou, como reserva, da Euro-2016, virou titular da seleção no ano seguinte e já chegou à Copa do Mundo-2018 como um dos principais nomes do futebol sueco.

Em clubes, Augustinsson ganhou uma edição da Copa da Suécia pelo IFK Gotemburgo, e jogou durante duas temporadas e meia no Copenhague, da Dinamarca, até se transferir para o Werder Bremen. Na Alemanha desde 2017, o lateral já tem 100 partidas de Bundesliga no currículo.

Mas sua passagem pelo clube deve estar chegando ao fim. Como o Bremen foi rebaixado para a segunda divisão germânica e terá que reduzir a folha salarial, o jogador provavelmente será negociado nesta janela de transferências. O próprio sueco tem admitido que mudanças podem acontecer depois da Euro.

Suécia e Espanha estão no Grupo E e ainda terão Eslováquia e Polônia como adversárias na primeira fase. Os dois times que mais pontuarem em cada chave, além dos quatro melhores terceiros colocados, avançam para a reta final da competição.

O sucessor de Portugal no posto de campeão europeu de seleções será conhecido no dia 11 de julho. O estádio de Wembley, em Londres (Inglaterra), receberá a decisão.

Originalmente, o torneio era para ter sido disputado no meio do ano passado. No entanto, a pandemia da covid-19 fez com que ele fosse adiado em 12 meses.

A novidade desta edição é que não há uma sede fixa. Para comemorar os 60 anos do continental, a Uefa decidiu realizar a competição em 11 cidades espalhadas por 11 países diferentes (alguns que nem classificaram suas seleções).

Além da Inglaterra, sede da última partida, a Euro-2020 (sim, ela manteve esse nome mesmo com o adiamento da data) também passará por Itália, Azerbaijão, Dinamarca, Alemanha, Escócia, Espanha Hungria, Holanda, Romênia e Rússia.