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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como drama pessoal de técnico abalou e transformou Espanha para a Eurocopa

Luis Enrique é o técnico da seleção espanhola para a Eurocopa - JOSE JORDAN/AFP
Luis Enrique é o técnico da seleção espanhola para a Eurocopa Imagem: JOSE JORDAN/AFP

19/06/2021 04h00

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Uma das decepções da primeira rodada da Eurocopa, a Espanha teve um ciclo de preparação para o torneio nada tranquilo e que foi marcado por uma tragédia pessoal que mudou a vida do técnico Luis Enrique.

A equipe, que hoje enfrenta a Polônia, a partir das 16h (de Brasília), no estádio de La Cartuja (Sevilha), em busca da primeira vitória e da recuperação no Grupo E, foi abalada há dois anos pela morte precoce da filha do treinador.

Xana Martínez tinha só nove anos e enfrentou um câncer fulminante nos ossos. Ela descobriu o tumor em março de 2019 e morreu apenas cinco meses depois.

Durante o período do tratamento, o ex-comandante do Barcelona ficou afastado da seleção. Seu antigo auxiliar Robert Moreno dirigiu a equipe em seis partidas das eliminatórias da Euro e a classificou para a fase final da competição.

Em novembro, três meses depois da morte da filha, quando Luis Enrique achou que estava pronto para retomar a vida profissional e voltar à antiga função, o clima pesou nos bastidores do futebol espanhol.

Ao anunciar seu retorno ao cargo, o treinador acusou o ex-auxiliar de ter sido "desleal" com ele. Segundo o treinador da Espanha, Moreno queria continuar dirigindo o time até a Euro e ofereceu ao chefe que ficasse como seu assistente durante a competição.

Moreno negou que tenha tentado dar um "golpe" para tomar o cargo e diz que ninguém ficou mais feliz com o retorno de Luis Enrique ao trabalho do que ele próprio. Mas o climão impossibilitou sua continuidade na comissão técnica da seleção.

O trabalho feito pelo auxiliar/interino também não foi muito aproveitado pelo seu antecessor/sucessor. Nada menos que 11 dos 23 integrantes da última convocação de Moreno foram deixados de fora da lista da Euro.

Isso porque Luis Enrique resolveu fazer uma reformulação completa no elenco espanhol ao longo desse último um ano e meio depois que retornou ao cargo. Só três atletas do time que disputa o torneio continental têm mais de 30 anos: Sergio Busquets, Jordi Alba e César Azpilicueta.

Vale lembrar ainda que, pela primeira vez na história, a Espanha está disputando um campeonato de primeira linha sem nenhum jogador do Real Madrid, o clube mais vitorioso do futebol europeu.

A Espanha não foi nada bem na rodada de abertura da Eurocopa. Com o empate sem gols contra a Suécia, a campeã mundial de 2010 soma até o momento apenas um ponto na competição e precisa derrotar a Polônia para não viver um sufoco no Grupo E.

O sucessor de Portugal no posto de campeão europeu de seleções será conhecido no dia 11 de julho. O estádio de Wembley, em Londres (Inglaterra), receberá a decisão.

Originalmente, o torneio era para ter sido disputado no meio do ano passado. No entanto, a pandemia da covid-19 fez com que ele fosse adiado em 12 meses.

A novidade desta edição é que não há uma sede fixa. Para comemorar os 60 anos do continental, a Uefa decidiu realizar a competição em 11 cidades espalhadas por 11 países diferentes (alguns que nem classificaram suas seleções).

Além da Inglaterra, sede da última partida, a Euro-2020 (sim, ela manteve esse nome mesmo com o adiamento da data) também passará por Itália, Azerbaijão, Dinamarca, Alemanha, Escócia, Espanha Hungria, Holanda, Romênia e Rússia.