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Racismo, vacinas, homofobia: Croácia é a "rainha" das polêmicas na Eurocopa
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Assim como nas duas primeiras rodadas da Eurocopa, os jogadores da Croácia não irão se ajoelhar no gramado momentos antes do pontapé inicial da partida contra a Escócia, a partir das 16h de hoje (Brasília), no Hampden Park, em Glasgow.
Tal como algumas outras seleções participantes, sobretudo as do Leste Europeu, a atual vice-campeã mundial - que precisa vencer na última rodada da fase de grupos para ter chance de avançar na competição - decidiu não aderir ao gesto característico do movimento em prol da igualdade racial.
De acordo com a federação croata, a negativa não é um ato discriminatório. O comunicado emitido pela entidade diz que os jogadores simplesmente optaram por esse caminho porque ajoelhar-se no gramado "não guarda quaisquer laços simbólicos com a luta contra o racismo e a discriminação no contexto da cultura e tradição croatas."
Mas, apesar dessa explicação formal vinda de quem comanda o futebol da terra de Luka Modric e Mateo Kovacic, não é difícil perceber que a Croácia é a seleção que mais tem se metido em polêmicas nesta edição da Eurocopa.
Alguns dos jogadores que integram o elenco do técnico Zlatko Dalic, remanescente da histórica campanha na Copa do Mundo de 2018, têm histórico de atitudes normalmente ligadas com o pensamento ultraconservador. E se envolveram em questões delicadas nos últimos tempos.
O meia-atacante Josip Brekalo, uma das caras novas do grupo, é um exemplo disso. Em 2018, o jogador do Wolfsburg disse que não gostaria de aderir à campanha da Bundesliga de fazer com que os capitães de todas as equipes do Campeonato Alemão usassem uma bandeira do movimento LGBTQIA+ como braçadeira de capitão.
"Devo dizer que não apoio completamente essa ação porque ela contradiz a minha fé cristã, já que fui criado em um meio religioso. Não tenho problema nenhum com pessoas que têm um estilo de vida diferente porque isso é problema delas. Mas não quero e não vou carregar um símbolo que os represente", disse o jogador, em entrevista à revista alemã "Kicker".
Já o veterano zagueiro Dejan Lovren, ex-Liverpool e hoje no Zenit São Petersburgo, compartilhou em suas redes sociais várias fake news a respeito da eficiência das vacinas contra a covid-19.
Em janeiro, o defensor negou ser contrário à vacinação, mas defendeu que cada pessoa deve ter o direito de escolher se quer ou não ser imunizada. Antes da disputa da Eurocopa, o jogador, assim como todo o elenco da Croácia, recebeu duas doses de proteção contra o coronavírus.
A aproximação dos croatas com as ideias e políticas ligadas à extrema-direita é histórica. Durante o período da Segunda Guerra Mundial, a nação foi comandada pelo Utasha, partido ultranacionalista bastante próximo a Adolf Hitler e Benito Mussolini, que também implantou políticas genocidas e utilizou expedientes como campos de concentração.
Por isso, os croatas foram atacados pelas forças aliadas, especialmente as da União Soviética e dos seus braços comunistas. Um dos bisavôs do lateral direito Sime Vrsaljko, do Atlético de Madri, foi morto em um combate contra essas forças de esquerda.
Após o conflito global, a Croácia foi reanexada pela Iugoslávia e passou quase 50 anos sendo governada por um governo socialista e linha-dura liderado por sérvios. O país só se tornou novamente independente em 1992.
Atualmente, quem comanda a nação é o primeiro-ministro Andrej Plenkovic, normalmente descrito como um político conservador moderado ou de centro-direita.
As partidas de hoje (22) da Eurocopa vão definir a classificação final do Grupo D, que tem Inglaterra e República Tcheca com quatro pontos e Croácia e Escócia, com um. A primeira fase da competição vai até amanhã. E os playoffs decisivos começam no próximo sábado.
O sucessor de Portugal no posto de campeão europeu de seleções será conhecido no dia 11 de julho. O estádio de Wembley, em Londres (Inglaterra), receberá a decisão.
Originalmente, o torneio era para ter sido disputado no meio do ano passado. No entanto, a pandemia da covid-19 fez com que ele fosse adiado em 12 meses.
A novidade desta edição é que não há uma sede fixa. Para comemorar os 60 anos do continental, a Uefa decidiu realizar a competição em 11 cidades espalhadas por 11 países diferentes (alguns que nem classificaram suas seleções).
Além da Inglaterra, sede da última partida, a Euro-2020 (sim, ela manteve esse nome mesmo com o adiamento da data) também passará por Itália, Azerbaijão, Dinamarca, Alemanha, Escócia, Espanha, Hungria, Holanda, Romênia e Rússia.
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