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Conheça o time separatista e "soviético" que virou sensação da Champions
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A Moldávia, país com menos de 3 milhões de habitantes, sem praticamente nenhuma relevância história no futebol e cuja seleção ocupa apenas a 175ª colocação no ranking da Fifa, está prestes a participar pela primeira vez da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa.
Bem, pelo menos é isso que o mundo praticamente inteiro pensa. Só que os torcedores e dirigentes do Sheriff Tiraspol, equipe que se tornou a sensação das etapas preliminares do torneio continental e que enfrenta hoje (25) o Dínamo Zagreb em busca da vaga inédita, não concordam com tal afirmação.
Isso porque o clube, que já despachou três adversários nesta edição da Champions - inclusive um antigo campeão, o Estrela Vermelha, da Sérvia -, simplesmente não se considera moldavo. Quem manda por lá acredita ser um representante direto da União Soviética, que foi extinta há quase três décadas.
Tiraspol, a cidade-sede do Sheriff, é a capital da Transnítria, região autônoma que não se reconhece como parte da Moldávia e que se autoproclama uma república independente... apesar de nenhuma das 193 nações filiadas à ONU a considerarem como tal.
Os transnitrinos não são efetivamente comunistas, mas idolatram o passado soviético da região. A "república" tem gravadas em sua bandeira a foice e o martelo característicos da URSS. A avenida onde fica seu parlamento se chama Karl Marx e conta com uma estátua de Lenin, o primeiro comandante da antiga potência.
Curiosamente, o Sheriff jamais foi verdadeiramente um clube soviético. Ele foi fundado em 1997, já depois da dissolução do país. Seu dono e patrono é um ex-policial chamado Victor Gusan, um dos tantos ex-funcionários públicos que se tornaram multimilionários durante o processo de privatização do espólio da URSS.
O grupo proprietário da equipe é dono de praticamente todo tipo de negócio na Transnítria. Supermercados, concessionárias de veículos, postos de gasolinas, empresa de telefonia, fábricas de alimentos e canal de televisão fazem parte do portfólio do conglomerado.
Gusan também é peça importante do grupo político que manda na região. Dos 33 deputados que integram o parlamento transnitrino, 29 são filiados ao seu partido, o Renovação.
Essa soma de dinheiro, influência política e disposição para ser uma peça publicitária de uma região que luta pela independência fez o Sheriff logo começar a mandar no futebol moldavo. O clube ganhou 19 títulos nacionais desde que foi fundado e venceu os últimos seis campeonatos que disputou.
Com oito vitórias e um empate nas últimas nove partidas oficiais que disputou, ele também se transformou na sensação desta Champions. Como bateu o Dínamo Zagreb em casa por 3 a 0, na semana passada, pode até perder por dois gols de diferença na partida de hoje que cruzará o caminho dos gigantes da Europa nesta temporada.
Seu elenco conta com quatro jogadores brasileiros. O meia-atacante Luvannor, autor de quatro gols nas preliminares do continental, é o principal deles. Os laterais Fernando Costanza (ex-Botafogo) e Cristiano (ex-Volta Redonda), além de Bruno, ponta que passou a carreira inteira no exterior, completam o grupo verde e amarelo nesse pedacinho de União Soviética que resistiu ao tempo.
Os últimos três participantes da fase de grupos da Liga dos Campeões serão conhecidos hoje. Além do Sheriff, Shakhtar Donetsk e Red Bull Salzburg (adversários de Monaco e Brondby, respectivamente) também chegam em vantagem aos confrontos de volta da rodada derradeira das preliminares.
A etapa principal da Champions será jogada entre os dias 14 de setembro e 8 de dezembro. A maior novidade já confirmada desta temporada é a presença do Villarreal, que estava afastado do primeiro escalão continental desde 2011/2012.
O novo campeão europeu será revelado ao mundo em 28 de maio do próximo ano. Depois de duas temporadas consecutivas em Portugal devido a adaptações relacionadas à pandemia da covid-19, a decisão do torneio continental desta vez será jogada no estádio Krestovsky, em São Petersburgo, na Rússia.
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