Na Espanha, Ronaldo economiza nos reforços e 'apanhou' por rebaixamento

O anúncio de que Ronaldo agora é proprietário do Cruzeiro encheu o torcedor celeste de esperanças de um futuro melhor para o clube, atualmente na Série B do Campeonato Brasileiro. Mas é bom os apoiadores da equipe mineira não criarem muitas expectativas com a chegada de reforços de peso e investimentos volumosos na remontagem do elenco.

Isso porque a principal experiência do Fenômeno como dono de clube, à frente do Valladolid, mostra que o ex-atacante da seleção brasileira não tem lá um perfil tão gastador assim e seu objetivo número um é gerar lucro.

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De acordo com o "Transfermarkt", site especializado na cobertura do Mercado da Bola internacional, o Valladolid foi apenas a 22ª equipe do futebol espanhol que mais investiu em reforços desde a temporada 2019/20, a primeira completa do brasileiro como acionista majoritário.

O clube gastou 13,2 milhões de euros (R$ 84,5 milhões) na aquisição de atletas ao longo desses últimos três anos. Sua contratação mais cara foi o atacante israelense Shon Weissman, que jogava na Áustria e custou 4 milhões de euros (R$ 25,6 milhões).

Em compensação, os "Blanquivioletas" arrecadaram 28,6 milhões de euros (R$ 183,1 milhões) no período com vendas de atletas. O maior negócio foi a transferência do zagueiro ganense Mohammed Salisu para o Southampton, da Inglaterra, por 12 milhões de euros (R$ 76,8 milhões).

Isso significa que o clube de Ronaldo faturou 15,4 milhões de euros (R$ 98,6 milhões) a mais do que gastou com comércio de jogadores nas últimas três temporadas. Com isso, o Valladolid obteve o oitavo melhor resultado financeiro do futebol espanhol no Mercado da Bola do período.

Mas pode ter certeza que os torcedores preferiam que esse lucro tivesse sido menor e que uma fatia mais expressiva da grana arrecada com venda de atletas fosse investida na melhoria do elenco.

O Valladolid foi rebaixado para a segunda divisão espanhola na temporada passada, e Ronaldo foi acusado de "não se importar muito com o time". O estopim do descontentamento foi a divulgação de uma foto do ex-jogador passeando de barco com o ator Bruno Gagliasso enquanto a equipe estava na reta final da luta pela permanência na elite.

Ronaldo é dono de 82% das ações do clube e também ocupa o cargo de presidente da agremiação. Seu maior orgulho como dirigente está na esfera administrativa: o Valladolid conseguiu reduzir consideravelmente suas dívidas e hoje é uma equipe superavitária (ou seja, que arrecada mais do que gasta). Na prática, que dá lucro.

A compra do Cruzeiro por Ronaldo foi anunciada no último sábado. Para se tornar o primeiro proprietário da história do time mineiro, o ex-atacante que vestiu a camisa celeste entre 1993 e 1994 vai desembolsar R$ 400 milhões ao longo dos próximos cinco anos.

O aporte inicial, para a próxima temporada, será de R$ 80 milhões. Mas só uma pequena parte desse valor será investida na contratação de novos jogadores. A prioridade será reestabelecer a saúde financeira do clube e pagar as dívidas de R$ 20 milhões com o Defensor-URU e o Mazatlán-MEX que o levaram a ser punido pela Fifa e proibido de registrar novos atletas.

O Cruzeiro está na segunda divisão do Brasileiro desde 2020. Neste ano, chegou a flertar com o descenso para a Série C, mas terminou o torneio na 14ª posição, com cinco pontos de vantagem para o Remo, primeiro rebaixado.

O primeiro compromisso oficial da equipe celeste na "era Ronaldo" está previsto para o dia 26 de janeiro, data de abertura do Mineiro. A equipe dirigida por Vanderlei Luxemburgo estreia no Estadual contra a URT, em casa.