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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Aos 54 anos, Kazu muda de time e refaz parceria do Santos da década de 1980

Kazu Miura está prestes a completar 55 anos, mas continua em atividade - Divulgação
Kazu Miura está prestes a completar 55 anos, mas continua em atividade Imagem: Divulgação

13/01/2022 04h20

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Mais de 35 anos depois de atuarem juntos aqui no Brasil, pelo Santos, os irmãos Yasutoshi e Kazu Miura estarão mais uma vez lado a lado na nova temporada do Campeonato Japonês.

A diferença é que, desta vez, o ex-zagueiro Yasutoshi, de 56 anos, será o treinador do atacante Kazu, que é só um ano e meio mais novo que ele, no Suzuka Point Getters, da quarta divisão nipônica.

Não, você não leu errado. A um mês de festejar o 55º aniversário, "King Kazu", o maior símbolo de longevidade no futebol mundial das últimas décadas e talvez o ícone máximo da modalidade no Japão, decidiu prorrogar a carreira por pelo menos mais um ano.

A única concessão que ele fez ao peso da idade que carrega nas costas foi abdicar de atuar na J-League, a elite do seu país, para se aventurar em um campeonato de nível técnico e exigência física mais baixo.

E o motivo é um só: Kazu quer jogar o máximo possível. O atacante ficou descontente por ter sido aproveitado em apenas 43 minutos (divididos em quatro partidas) pelo Yokohama FC na temporada passada e pediu para ser cedido ao clube onde trabalha seu irmão.

A lenda japonesa é uma destruidora de recordes. O de atleta mais velho a atuar no país é do dia 19 de maio do ano passado, quando enfrentou o Urawa Reds, aos 54 anos, dois meses e 23 dias.

Outra marca da qual ele muito se orgulha é a que colocou seu nome no Guinness Book. Em 12 de março de 2017, o atacante balançou as redes contra Thespakusatsu Gunma, com 50 anos e 14 dias. Nunca um jogador de idade tão elevada assim havia feito um gol em um campeonato profissional.

No Suzuka Point Getters, Kazu irá disputar sua 37ª temporada como jogador de futebol e dar continuidade a uma história que começou a ser escrita lá na década de 1980 e que passou por 14 clubes de cinco países diferentes.

O atacante e seu irmão (hoje treinador) se mudaram para o Brasil ainda na adolescência, logo depois de concluírem o Ensino Médio, para desenvolver suas habilidades futebolísticas e tentar uma carreira nos gramados.

Primeiramente, Kazu conseguiu uma oportunidade nas categorias de base do Juventus da Mooca. Mas foi no Santos que os irmãos Miura se profissionalizaram e ficaram famosos no país do futebol.

Yasutoshi não ficou muito tempo por aqui. Em 1986, preferiu retornar ao Japão, onde jogou até 2003. Na sequência, já se transformou em treinador, mas não conseguiu construir uma carreira de muito sucesso (o Tokyo Verdy foi o único time relevante no cenário nipônico que efetivamente dirigiu).

Já seu irmão mais novo trilhou caminhos bem mais vitoriosos. Ele ficou no Brasil até o começo dos anos 1990 e vestiu ainda as camisas de Palmeiras, Matsubara, CRB, XV de Jaú e Coritiba. No exterior, passou por Itália (Genoa), Croácia (Dínamo de Zagreb) e Austrália (Sydney FC).

Kazu fez parte da seleção japonesa que conquistou o primeiro título asiático de sua história, em 1992. Em 1998, parecia ser nome certo para a Copa do Mundo, mas acabou sendo deixado de fora da convocação.

O atacante só foi disputar um Mundial da Fifa 14 anos depois, em 2012, só que em outra modalidade, o futsal. A aventura nas quadras parecia marcar o fim da carreira nos gramados de um atleta que, na ocasião, já era quarentão.

Mas uma década se passou desde então, e a lenda japonesa segue firme batendo sua bolinha e deixando fãs do mundo inteiro boquiabertos com sua longevidade. Por pelo menos mais um ano, "King Kazu" continuará sendo jogador profissional de futebol.