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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Por que as camisas de seleção não têm patrocinadores?

Camisa da seleção brasileira não expõe os patrocinadores da CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Camisa da seleção brasileira não expõe os patrocinadores da CBF Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

29/01/2022 04h00

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As camisas de futebol são um importante espaço publicitário. Aqui no Brasil, alguns clubes se superam e chegam a exibir ao mesmo tempo as marcas de cinco, seis ou até sete empresas que injetam dinheiro neles e os ajudam a pagar as contas.

Só que o mesmo não acontece no universo das seleções. Ainda que instituições como CBF, AFA e FFF também possuam seus patrocinadores, eles não podem expor seus nomes e logos nos uniformes de jogo das equipes nacionais de Brasil, Argentina, França ou qualquer outro país.

O motivo é um só: a Fifa não deixa. O regulamento da entidade deixa claro que, em partidas oficiais (aquelas chanceladas pela entidade, sejam elas válidas por competições ou meros amistoso), as seleções não podem expor seus apoiadores no uniforme.

Uma única exceção é permitida. O nome e a logo da fabricante de materiais esportivos podem aparecer na camisa, no calção, nos meiões e também nas luvas (dos goleiros). Mas o espaço destinado a elas também é determinado pelo órgão.

O motivo dessa restrição é muito simples. A Fifa limita a exposição dos patrocinadores particulares de cada seleção para que eles não disputem a atenção do público/consumidor com as empresas que investem dinheiro na entidade e aparecem nas placas de publicidade e em inserções durante as transmissões de torneios como a Copa do Mundo.

E o expediente nem é exclusivo dela. O COI adota exatamente a mesma política nos Jogos Olímpicos. É por isso, por exemplo, que as seleções de vôlei usam camisas com patrocinadores na Liga das Nações e nos campeonatos continentais, mas não na competição poliesportiva.

Mas, por que os fornecedores de material esportivo escapam dessa regra? Oficialmente, porque são eles que produzem os uniformes e, por isso, têm o direito de mostrar suas assinaturas ao mundo. Só que vale a pena lembrar de um detalhe: a Adidas, uma das gigantes do setor, é parceira comercial da Fifa desde a década de 1970 e certamente não ficar nada feliz caso também tivesse sua exposição proibida.

O Brasil já peitou a Fifa e encontrou uma forma de burlar essas restrições. Na Copa-1982, a CBF colocou galhinhos de café dentro do seu escudo na camisa da seleção por conta de um contrato com o IBC (Instituto Brasileiro de Café). Apesar da chiadeira da entidade global, o adereço permaneceu na amarelinha durante toda a competição e só sumiu no Mundial seguinte, em 1986.

Outras seleções até possuem versões dos seus uniformes com a exposição de patrocinadores. Só que esses modelos são utilizados apenas para fins comerciais (ou seja, não vão a campo). A Irlanda, por exemplo, chegou a fazer uma camisa com uma marca enorme da Three, empresa do ramo de telecomunicações que é apoiadora máster do Chelsea, desenhada no peito e a utilizou em comerciais e propagandas.

Um total de 14 seleções já estão asseguradas na próxima Copa do Mundo. Além do Qatar, que conseguiu sua vaga por ser país-sede, Alemanha, Dinamarca, Brasil, França, Bélgica, Croácia, Espanha, Sérvia, Inglaterra, Suíça, Holanda, Argentina e Irã estão garantidos na competição.

A Copa-2022 será disputada fora do seu período habitual por causa do calor que faz no Oriente Médio no meio do ano. Por isso, começará no dia 21 de novembro e tem a final marcada para 18 de dezembro.

Essa será a última edição do torneio da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizado por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes.

Uma nova mudança pode acontecer em breve. Apesar da rejeição das confederações europeia e sul-americana, a entidade que gerencia o futebol vem tentando emplacar uma proposta para realizar a Copa a cada dois anos.

Desde que foi criado, em 1930, o torneio é jogado com quatro anos de diferença de uma edição para a outra. A única exceção aconteceu no período da Segunda Guerra Mundial, quando houve uma pausa forçada de 12 anos sem que a bola rolasse.