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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Em 4 anos, Monterrey gasta R$ 120 milhões a mais que Palmeiras com reforços

Rodolfo Pizarro é o jogador mais caro da história do Monterrey - Divulgação
Rodolfo Pizarro é o jogador mais caro da história do Monterrey Imagem: Divulgação

03/02/2022 04h00

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"O Palmeiras é a segunda força do Mundial de Clubes porque conta com patrocinador forte e outras fontes de receita que lhe garantiram uma saúde financeira privilegiada e a construção de um elenco caro, formado por jogadores que exigiram um alto investimento."

Caso esse seja o seu principal argumento para acreditar que o atual bicampeão da Libertadores só está abaixo do Chelsea no torneio da Fifa, que começa hoje e vai até o dia 12 de fevereiro, talvez seja melhor repensar um pouco a sua avaliação.

Afinal, na soma dos últimos quatro anos, o Monterrey, vencedor da última Liga dos Campeões da Concacaf, gastou 20,1 milhões de euros (cerca de R$ 120 milhões) a mais que seu possível adversário das semifinais com a contratação de jogadores.

De acordo com o "Transfermarkt", plataforma especializada na cobertura do Mercado da Bola internacional, o clube mexicano investiu 76,4 milhões de euros (R$ 455,2 milhões) em reforços desde 2018, menos apenas que outros dois times das Américas (Flamengo e Cruz Azul-MEX).

Já o Palmeiras ocupa apenas o sétimo lugar nesse ranking continental. No mesmo período, torrou 56,3 milhões de euros (R$ 335,8 milhões) na compra de direitos econômicos e com empréstimos de jogadores.

Só nos últimos quatro anos, o Monterrey fez quatro contratações que ultrapassaram a barreira dos 7 milhões de euros (R$ 23,8 milhões): Rodolfo Pizarro, Maxi Meza, Vincent Janssen e Aké Loba. Em toda a sua história, a equipe brasileira só alcançou esse patamar uma vez, com o centroavante colombiano Miguel Borja (hoje no Júnior Barranqulla-COL).

A diferença de comportamento ficou clara na janela de transferências pré-Mundial. Enquanto os mexicanos contrataram dois jogadores acostumados a jogar na sua seleção (Pizarro e Luis Romo), o Palmeiras esbarrou nas limitações financeiras e ficou sem o centroavante de primeiro escalão que tanto desejava (sondou Lucas Alario, Taty Castellanos e João Pedro).

Ao contrário do time dirigido por Abel Ferreira, o Monterrey é um clube-empresa. Sua grana vem da FEMSA, quinta empresa de maior faturamento do México, que possui redes de lojas de conveniência, farmácias e postos de gasolina, além de ser acionista da cervejaria Heineken e a maior envasadora e distribuidora de Coca-Cola do planeta.

Curiosamente, apesar de gastar bem menos com contratação de jogadores que os mexicanos, o Palmeiras tem hoje uma folha salarial muito mais inflada do que a do seu possível adversário da próxima semana.

O representante da América do Sul gasta mensalmente algo em torno de R$ 15 milhões com remuneração de jogadores, o dobro do custo do futebol do campeão das Américas Central e do Norte. Nenhum jogador do Monterrey fatura como Dudu, cujos vencimentos chegam a R$ 2 milhões mensais.

A abertura do Mundial de Clubes será disputada entre o Al-Jazira, campeão dos Emirados Árabes Unidos, e o AS Pirae, do Taiti, representante da Oceania, a partir das 13h30 (de Brasília). Essa partida definirá o adversário do Al-Hilal (Arábia Saudita) nas quartas de final. E o vencedor desse confronto enfrentará o Chelsea (Inglaterra) por uma vaga na decisão.

O Monterrey está do outro lado da chave. Sua estreia será contra o Al-Ahly (Egito), no sábado. O Palmeiras aguarda a definição dessa eliminatória para saber quem será seu primeiro adversário no Oriente Médio (jogo marcado para a próxima terça-feira).

Originalmente, o Mundial-2021 seria disputado em dezembro passado. No entanto, o campeonato precisou ser adiado depois que o Japão desistiu de organizá-lo por causa da pandemia da covid-19.

Uma das curiosidades desta edição é que o torneio da Fifa terá necessariamente um campeão inédito. O Chelsea, favorito à taça, disputou a competição em 2012, mas foi derrotado na final pelo Corinthians. Já o Palmeiras, em tese a segunda força na briga pelo título, passou vergonha no ano passado e terminou apenas na quarta colocação.

Investimento em reforços nas Américas (desde 2018)

1 - Flamengo (BRA): 112,8 milhões de euros
2 - Cruz Azul (MEX): 94,1 milhões de euros
3 - Monterrey (MEX): 76,4 milhões de euros
4 - Boca Juniors (ARG): 64,1 milhões de euros
5 - América (MEX): 61,8 milhões de euros
6 - Atlético-MG (BRA): 59 milhões de euros
7 - Palmeiras (BRA): 56,3 milhões de euros
8 - Red Bull Bragantino (BRA): 54,3 milhões de euros
9 - Atlanta United (EUA): 48,4 milhões de euros
10 - Chivas Guadalajara (MEX): 47,7 milhões de euros