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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Por que o Al-Ahly disputa o Mundial de Clubes quase todos os anos?

Al-Ahly está disputando o Mundial de Clubes pela 7ª vez - Divulgação
Al-Ahly está disputando o Mundial de Clubes pela 7ª vez Imagem: Divulgação

04/02/2022 04h00

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"O Mundial de Clubes da Fifa é aquela competição disputada em formato de mata-mata, que reúne anualmente os campeões de cada confederação continental e que sempre conta com a presença do Al-Ahly."

A definição acima é evidentemente exagerada. Mas até que não está tão distante assim da realidade.

A equipe egípcia, que estreia contra o Monterrey (México), no sábado, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), está disputando o Mundial pela sétima vez. Isso significa que ela participou de quase 40% das 18 edições já realizadas do torneio.

Somente o Auckland City, da Nova Zelândia, que esteve na competição em nove oportunidades, jogou mais que o time do Cairo, cujo melhor resultado foi a terceira colocação obtida em 2006 e repetida na temporada passada.

O Al-Ahly "bate cartão" no Mundial por um motivo muito simples: ele é, com sobras, o clube mais poderoso e vitorioso da África. O "Gigante Vermelho", como é conhecido, já faturou dez títulos da Liga dos Campeões, o dobro de Zamalek (seu arquirrival no Egito) e TP Mazembe (República Democrática do Congo), os segundos maiores vencedores da história do continente.

E esse fosso que separa o clube dos outros times africanos só tem aumentado. Afinal, oito dos seus troféus de Champions foram conquistados depois da virada do século. E, das últimas cinco finais do torneio, o time participou de quatro (foi campeão em 2020 e 2021 e vice em 2017 e 2018).

Os motivos principais da hegemonia construída pelo Al-Ahly em solo africano, o que o transformou em uma figurinha carimbada no Mundial, são o tamanho e o fanatismo da sua torcida.

O clube costuma dizer que possui a maior torcida do planeta e que conta com o apoio de pelo menos 50% da população do Egito, o que daria mais de 50 milhões de pessoas. Já a Fifa estima que existam entre 30 e 35 milhões de torcedores do Al-Ahly.

Com tanta gente do seu lado e localizado em um dos países de melhor economia do continente, o adversário do Monterrey consegue algo que é raro no futebol africano: ser um clube financeiramente estável, capaz de contratar jogadores de outros centros da África e de evitar a debandada do seu elenco para a Europa.

Pelo contrário, o Al-Ahly até se dá luxo de eventualmente repatriar africanos que estavam no Velho Continente, algo raríssimo de acontecer em outros clubes. O atacante sul-africano Percy Tau, por exemplo, jogava no Brighton, da Inglaterra, e custou 1,8 milhão de euros (R$ 11 milhões na cotação atual), uma fortuna para os padrões locais.

Outros nomes do elenco comandado por Pitso Mosimane, como o goleiro e capitão Mohamed El Shenawy e o meia-atacante Afsha, poderiam tranquilamente jogar em ligas importantes da Europa, mas não vêm motivos para forçar uma transferência, já que são bem remunerados, encontraram a estabilidade "dentro de casa" e não param de conquistar títulos.

O Mundial-2021 começou a ser disputado ontem e vai até o dia 12 de fevereiro. Chelsea (Inglaterra) e Palmeiras, os favoritos da vez, estreiam só na próxima semana. Os ingleses enfrentam o vencedor do confronto entre Al-Hilal (Arábia Saudita) e Al-Jazira (Emirados Árabes), enquanto os brasileiros terão pela frente Al-Ahly ou Monterrey.

Originalmente, o torneio seria jogado em dezembro passado. No entanto, o campeonato precisou ser adiado depois que o Japão desistiu de organizá-lo por causa da pandemia da covid-19. Com a definição da nova sede, foi preciso também atrasar seu início em dois meses.

Uma das curiosidades desta edição é que o torneio da Fifa terá necessariamente um campeão inédito. O Chelsea, principal candidato ao título, disputou a competição em 2012, mas foi derrotado na final pelo Corinthians. Já o Palmeiras, em tese a segunda força na briga pela taça, passou vergonha no ano passado e terminou apenas na quarta colocação.

Clubes com mais participações no Mundial da Fifa

1 - Auckland City (NZL): 9 presenças
2 - Al-Ahly (EGI): 7 presenças
3 - Monterrey (MEX): 5 presenças
Real Madrid (ESP): 5 presenças
5 - Barcelona (ESP): 4 presenças
Pachuca (MEX): 4 presenças
7 - América (MEX): 3 presenças
Ésperance de Tunis (TUN): 3 presenças
TP Mazembe (RDC): 3 presenças