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Rafael Reis

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Palace, Sevilla, RB Leipzig: quem são os 'irmãos' dos times brasileiros

Vasco e 777 Partners anunciam nova gestão do futebol alvinegro - Divulgação
Vasco e 777 Partners anunciam nova gestão do futebol alvinegro Imagem: Divulgação

22/02/2022 12h00

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O futebol brasileiro está entrando de vez na era dos clubes-empresas. Aos poucos, aquela ideia de que um time pertence única e exclusivamente aos seus torcedores está sendo deixada de lado e substituída pelo mesmo modelo de gestão que funciona na maior parte da Europa.

Com isso, as equipes do país pentacampeão mundial começaram a atrair a atenção de investidores interessados em colocar dinheiro aqui no presente para tentar descolar um lucro lá no futuro.

E esses novos donos de clubes brasileiros não são "marinheiros de primeira viagem" nos mares da gestão esportiva. Muito pelo contrário: a maioria deles é também proprietária de equipes de futebol em outros países.

O "Blog do Rafael Reis" apresenta abaixo os conglomerados dos quais dos novos clubes-empresas do Brasil fazem parte e quem são os "irmãos" de cada um deles no futebol internacional. E aí, quem possui a parceria mais promissora?

RED BULL BRAGANTINO

Dominik Szoboszlai devolveu a provocação de Neymar após marcar para o Leipzig - REUTERS/Annegret Hilse - REUTERS/Annegret Hilse
Imagem: REUTERS/Annegret Hilse

Filho do primeiro conglomerado internacional a emplacar um time na primeira divisão do futebol brasileiro, o Bragantino faz parte de um grupo que investe na modalidade desde o começo dos anos 2000. A primeira inserção da empresa de energéticos no Mercado da Bola foi com o Salzburg, comprado há 17 anos e que, desde então, conquistou nada menos que 12 títulos austríacos. Nesta temporada, o time que colocou a Red Bull no mapa do futebol internacional classificou-se de forma inédita para a fase final da Liga dos Campeões da Europa (empatou por 1 a 1 com o Bayern de Munique na primeira partida das oitavas de final) e se tornou o segundo clube do conglomerado a atingir esse objetivo. O primeiro, o RB Leipzig, ainda não venceu um título de primeira divisão, mas já foi duas vezes vice-campeão da Bundesliga (2017 e 2021) e perdeu duas finais da Copa da Alemanha (2019 e 2021). Além das duas equipes na Europa e do Bragantino, a Red Bull ainda mantém uma franquia na MLS (Major League Soccer): o New York, que já levou para os Estados Unidos astros do porte de Thierry Henry e foi em três oportunidades o dono da melhor campanha da temporada regular da liga.


CRUZEIRO

Ronaldo Fenômeno é dono do Valladolid (ESP) desde 2018 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Atolado em dívidas e com dificuldades para se bancar até mesmo na Série B, o Cruzeiro foi o primeiro clube tradicional do Brasil a criar uma SAF e terceirizar seu departamento de futebol. Desde o fim do ano passado, quem gerencia a equipe mineira é Ronaldo Fenômeno, ex-jogador que se tornou conhecido nacionalmente justamente no período em que vestiu o uniforme celeste. O maior artilheiro da história da Copa do Mundo também é, desde 2018, acionista majoritário do Valladolid, tradicional "clube ioiô" do futebol espanhol. Ronaldo assumiu o time quando ele estava na primeira divisão e sofria para pagar as contas. Quatro anos depois, o ex-atacante conseguiu colocar a situação financeira do clube em dia e transformá-lo em um negócio superavitário. Em compensação, foi rebaixado para a "Série B" da Espanha. Na atual temporada, o Valladolid ocupa a quarta colocação da Liga Adelante e está na briga para retornar à elite.


BOTAFOGO

Conor Gallagher (Crystal Palace) - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

O acesso alvinegro para a primeira divisão nacional despertou o interesse do empreendedor norte-americano John Textor. O magnata, que fez fortuna trabalhando com cinema, hologramas e realidade virtual, é também um dos proprietários do Crystal Palace, 13º colocado no Campeonato Inglês. Apesar de jamais ter sido campeão nacional (sua melhor classificação foi um terceiro lugar conquistado no começo dos anos 1990), o time londrino vem se mantendo sem grandes sustos na liga nacional mais rica e badalada do planeta e está na nona temporada consecutiva na primeira divisão. A parceria com o Crystal Palace até colocou o nome do Botafogo em placas de publicidade do Selhurst Park, estádio do clube inglês, no último fim de semana. Além das ações do clube de Londres, Textor também é dono do RWD Molenbeek, vice-líder da segundona da Bélgica. Só que, assim como no Brasil, ainda não é possível sentir os efeitos dos investimentos feito pelo norte-americano, já que o negócio foi fechado no mês passado.


VASCO

Juan Arciniegas, Josh Wander e Andres Blazquez, executivos da Partners 777 na ocasião da compra do Genoa (ITA) - Divulgação/Genoa - Divulgação/Genoa
Imagem: Divulgação/Genoa

A equipe cruzmaltina é a "caçulinha" dos clubes-empresas no Brasil. O acordo de venda de 70% das ações da SAF do Vasco para a empresa norte-americana 777 Partners foi anunciado apenas ontem e irá gerar uma receita de R$ 700 milhões. Com o vínculo recém-assinado, o clube do Rio de Janeiro passa a fazer parte do mesmo conglomerado que comprou em setembro do ano passado o Genoa, clube que conquistou nove títulos do Campeonato Italiano lá no início do Calcio, entre 1898 e 1924, e que atualmente luta para permanecer na Série A (é o penúltimo colocado desta temporada, com seis pontos de desvantagem para o primeiro time fora do grupo do descenso). A 777 Partners também é acionista minoritária (tem 12% das ações) do Sevilla, maior campeão da história da Liga Europa e vice-líder do Espanhol. Mesmo assim, tentou dar um "golpe" para derrubar o presidente do clube andaluz, mas não teve obteve o apoio necessário para alterar a diretoria.