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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como a MLS deixou de ser a 'liga dos aposentados' desejada por Neymar

Thiago Almada, do Atlanta United, é o reforço mais caro da história dos EUA - Divulgação
Thiago Almada, do Atlanta United, é o reforço mais caro da história dos EUA Imagem: Divulgação

28/02/2022 04h20

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No dia 9 de fevereiro, o Atlanta United anunciou a contratação de Thiago Almada, um meia-atacante argentino de 20 anos que já foi convocado pela seleção principal e interessava a vários clubes da Europa. Para tirar a jovem promessa do Vélez Sarsfield, os norte-americanos desembolsaram US$ 16 milhões (R$ 82,6 milhões), valor recorde na história da MLS (Major League Soccer).

A nova temporada da elite do futebol nos Estados Unidos, iniciada no último fim de semana, conta também com a presença dos brasileiros Luiz Araújo (Atlanta United) e Brenner (FC Cincinnati), dos argentinos Sebastián Driussi (Austin FC) e Alan Velasco (FC Dallas) e do uruguaio Facundo Torres (Orlando City). Todos têm no máximo 25 anos.

Eles são a prova viva de que a ideia de que a MLS ainda é uma "liga de aposentados" é algo que só continua existindo na cabeça de Neymar.

Há cerca de dez dias, o camisa 10 do Paris Saint-Germain e jogador de futebol mais caro da história revelou vontade de futuramente jogar nos EUA e argumentou que, por lá, a temporada é curta e "tem uns quatro meses de férias".

A declaração deixou o comando da liga norte-americana furioso. Na semana passada, Don Garber, o executivo que é o manda-chuva da MLS desde a virada do século, criticou os jogadores que pensam que a competição é uma colônia de férias para quem quer "pegar leve" na reta final da carreira.

"Não precisamos trazer um jogador de grande nome no final de sua carreira porque ele decidiu que quer se aposentar na MLS", afirmou o comissário da liga, em uma mensagem direta para Neymar.

Diferentemente do que o meia-atacante brasileiro disse, os jogadores que atuam nos EUA não têm quatro meses de férias. A última temporada da MLS terminou em 11 de dezembro e a nova começou no sábado.

Ou seja, os clubes que jogaram a final da edição passada do torneio (lá existe uma temporada regular e depois os playoffs decisivos) tiveram pouco mais de dois meses e meio entre um campeonato e outro. E tiveram de encaixar férias e pré-temporada nesse período.

O tempo de "descanso" foi até menor do que o de algumas ligas da Europa. Na Itália, por exemplo, a paralisação entre a última temporada e a atual praticamente chegou a três meses (faltaram só dois dias para isso).

No passado, realmente a MLS foi uma liga conhecida por oferecer altos salários para jogadores em fim de carreira se aposentarem nos EUA. O brasileiro Kaká, o francês Thierry Henry e os ingleses David Beckham, Steven Gerrard e Wayne Rooney foram alguns dos veteranos que passaram por lá. Eles foram importantes para atrair a atenção do público e tornar a competição mais atrativa para patrocinadores.

Mas essa fase ficou para atrás. É verdade que alguns clubes norte-americanos ainda investem em atletas que fizeram sucesso na Europa. Só que atualmente eles são mais jovens. Novidades desta temporada, o suíço Xherdan Shaqiri (Chicago Fire) ainda tem 30 anos e o brasileiro Douglas Costa (Los Angeles Galaxy), 31.

A moda entre as franquias da elite dos EUA agora é outra: investir pesado no mercado sul-americano, especialmente em jogadores ainda em início de carreira ou que defendem suas seleções.

Na última convocação da Venezuela, por exemplo, havia sete jogadores que atuavam na MLS. Na do Equador, eram seis "norte-americanos". E, na do Peru, quatro.

O atual campeão da MLS é o New York City, franquia que pertence ao mesmo conglomerado que é dono do Manchester City e possui clubes em vários cantos do mundo. O maior vencedor da história da liga é o LA Galaxy, com cinco títulos. No entanto, os californianos já amargaram um jejum de sete temporadas sem levantar o troféu.