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Por que os europeus não consideram os 1.000 gols de Pelé?
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Na última segunda-feira, o ex-zagueiro inglês Jamie Carragher, que fez sucesso pelo Liverpool no começo do século, afirmou em um programa de televisão britânico que não acredita que Pelé tenha marcado mais de mil gols e que essa história tem um "pouco de mito".
A declaração gerou muita polêmica nas redes sociais. O defensor, que disputou as Copas do Mundo de 2006 e 2010, chegou a ser acusado de xenofobia e de tentar distorcer a história para valorizar mais os feitos dos jogadores europeus.
Mas Carragher não está sozinho nesta discussão. O que não faltam no Velho Continente são jornalistas, ex-atletas e outras pessoas envolvidas no futebol que simplesmente não consideram que o "Rei do Futebol" tenha ultrapassado a barreira do milésimo gol.
E o X da questão nem é uma suposta supervalorização ou depreciação dos feitos de Pelé, mas, sim, a forma como os europeus, em geral, tratam as estatísticas históricas do esporte mais popular do planeta.
É bem difícil encontrar no Velho Continente recordes que englobem amistosos ou jogos-treinos por clubes, algo que é corriqueiro aqui no Brasil. Na Europa, o que vale para registro histórico é só mesmo as partidas oficiais, aquelas válidas por competições vinculadas a uma federação ou a ligas nacionais, e os compromissos pela seleção adulta.
Uma prova dessa forma diferente de tratar a história pode ser vista durante a trajetória de Lionel Messi no Barcelona.
O clube catalão começou a tratá-lo como seu maior artilheiro de todos os tempos lá em 2012, quando ele superou a marca de 232 gols de César Rodríguez e virou o jogador culé que mais meteu bolas nas redes em jogos oficiais.
Só que Messi precisou esperar mais dois anos para bater o recorde de 369 tentos anotados por Paulino Alcántara e se tornar o jogador do Barça que mais gols emplacou na contagem que engloba, além das partidas válidas por competições, também amistosos.
É por esse motivo também que a imprensa europeia começou a chamar Cristiano Ronaldo de maior artilheiro da história do futebol depois do hat-trick que ele anotou contra o Tottenham, no último fim de semana.
Com os três gols marcados no clássico válido pela Premier League inglesa, o camisa 7 do Manchester United alcançou 807 tentos em jogos oficiais ao longo da carreira e deixou para trás a marca de 805 estabelecida por Josef Bican, atacante que jogou entre as décadas de 1920 e 1950 e que defendeu as seleções da Áustria e da Tchecoslováquia.
E como fica Pelé nessa história?
O tricampeão de Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970) marcou 1.283 vezes ao longo da carreira. Só que essa conta considera muitos amistosos (as lendárias excursões do Santos por todos os cantos do mundo) e também jogos pela seleção paulista e pela equipe do Exército.
Quando consideradas apenas as partidas oficiais por Santos e New York Cosmos, além dos confrontos entre seleções com a camisa do Brasil, a marca de Pelé cai para 767, menos que Cristiano Ronaldo (807), Bican (805) e Romário (772).
Romário, aliás, é outro jogador brasileiro que diz ter quebrado a barreira dos mil gols e que não tem o feito reconhecido pelos europeus. O mesmo acontece com Túlio Maravilha. Ambos consideraram, além de amistosos propriamente ditos, jogos festivos e partidas disputadas ainda nas categorias de base para chegar à marca de quatro dígitos.
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