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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Por que o Grupo City ainda não comprou nenhum time no Brasil?

O Manchester City é o time mais poderoso do projeto do City Group - Oli Scarff/AFP
O Manchester City é o time mais poderoso do projeto do City Group Imagem: Oli Scarff/AFP

21/03/2022 04h00

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O City Football Group deseja começar a investir no Brasil e vem conversando desde o ano passado com dois times importantes do cenário nacional (Atlético-MG e Bahia) para assumir a administração de um deles.

No entanto, apesar das longas negociações, o conglomerado que é dono do Manchester City e de outros nove clubes espalhados por quatro continentes, ainda não concretizou esse interesse e vem adiando o anúncio de compra do seu representante no futebol pentacampeão mundial.

Mas a "demora" pouco tem a vem o City. Ela está muito mais relacionada ao longo processo de transformação em SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Bahia, primeira opção do grupo ligado ao governo dos Emirados Árabes Unidos.

O presidente Guilherme Bellintani já afirmou que não é da sua responsabilidade decidir se o clube de Salvador se transformará em empresa e negociará sua equipe de futebol com algum investidor. De acordo com o dirigente, essa é uma escolha que cabe aos associados.

Por conta disso, o Bahia, por meio do seu Conselho Deliberativo, tem realizado uma série de eventos para discutir o tema. A próxima palestra, intitulada "O Futebol Brasileiro e a Lei da SAF" será realizada amanhã e será exibida pelos canais oficiais do time.

"Desde que foi promulgada a lei, fomos buscar a concepção do que seria o melhor projeto para o Bahia. Nós avançamos muito e estamos muito próximos da construção desse projeto, porque o Bahia não está no mercado atrás de um cheque. Estamos atrás de um projeto", disse Bellintani, na semana passada.

Na mesma entrevista, o presidente do Bahia estipulou um prazo de no máximo duas semanas para que o projeto de criação da SAF do clube vá para as mãos do Conselho Deliberativo e dos sócios. Só aí será estipulada uma data para a votação da mudança estatutária.

A equipe baiana é a preferida do Grupo City porque atende às exigências do plano original de entrada do conglomerado no Brasil. A ideia é fugir dos 12 clubes tradicionalmente chamados de "grandes" no futebol brasileiro para não enfrentar muita rejeição das torcidas adversárias.

A empresa chegou a conversar com dirigentes do Atlético-MG (um dos integrantes desse grupo dessas forças tradicionais do cenário nacional) no final ano passado e precificou seu controle acionário em R$ 1 bilhão. Mas esse contato inicial não evoluiu propriamente para uma negociação nos meses seguintes.

O City Football Group existe desde 2013, mas seu embrião nasceu em 2008, quando o xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, integrante da família real de Abu Dhabi, comprou o Manchester City. Desde a aquisição, a equipe inglesa, que estava longe de ser uma das maiores potências do seu país, já faturou cinco títulos da Premier League e chegou uma vez à final da Liga dos Campeões da Europa.

Contando todos os times da empresa, já são 42 taças levantadas em oito países diferentes. Só o Lommel (Bélgica) e o Sichuan Jiuniu (China) não foram campeões de nada desde que entraram para a "família".

Até o momento, somente três dos 12 "grandes" brasileiros já aderiram ao modelo das SAFs e venderam o controle dos seus departamentos de futebol para investidores.

Só que nenhum deles foi para as mãos de um empresário/conglomerado que dirige um time da prateleira de cima da Europa. Quem dirige o Botafogo é John Textor, que é acionista minoritário do Crystal Palace, equipe do meio de tabela da Inglaterra. Já o dono do Vasco é o fundo 777 Partners, do Genoa, vice-lanterna do Italiano.

O Cruzeiro, por sua vez, selou acordo com o ex-atacante Ronaldo Fenômeno, proprietário do Valladolid, que disputa a segunda divisão do Espanhol. O negócio, no entanto, ainda corre risco de ser cancelado devido a divergências entre o segundo maior artilheiro da história das Copas do Mundo e a diretoria da equipe celeste.