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Por que os brasileiros que jogam no Zenit decidiram continuar na Rússia?
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A invasão da Ucrânia pelo exército da Rússia, que completa um mês na próxima quinta-feira, deu aos jogadores que atuam nos dois países envolvidos na guerra no Leste Europeu a possibilidade de se transferir para outros clubes e encerrar a temporada em segurança, longe do risco de qualquer conflito armado.
Mas os jogadores brasileiros que atuam no Zenit São Petersburgo, o clube mais poderoso do futebol russo, não pensam em utilizar essa brecha legal para retornar ao país-natal ou se mudar para alguma outra liga do Velho Continente.
O "Blog do Rafael Reis" apurou que, pelo menos por enquanto, o lateral esquerdo Douglas Santos, os meias Wendel e Claudinho e os atacantes Malcom e Yuri Alberto pretendem continuar levando a vida normalmente na terra de Vladimir Putin.
São dois os principais motivos para essa permanência na Rússia.
O primeiro é que, como o conflito continua restrito ao território ucraniano (e não há nenhum indício que essa situação irá mudar em breve), os brasileiros que jogam em São Petersburgo não sentem que eles e seus familiares estão com a segurança em risco.
Além disso, os atletas temem sofrer algum tipo de futura retaliação da diretoria do Zenit caso optem por exercer o direito de suspensão unilateral do contrato neste momento.
No começo do mês, a Fifa liberou a saída temporária dos atletas que atuam na Ucrânia e na Rússia. Eles têm até o dia 7 de abril para acertarem suas transferências para clubes de outros países. No entanto, a princípio, precisam retornar para seus times de origem na próxima temporada (a não ser que exista um acordo entre as partes para empréstimos mais longos ou saídas definitivas).
Só que, ao contrário do Campeonato Ucraniano, que está paralisado por tempo indeterminado, a bola segue rolando normalmente na Rússia.
No sábado, o Zenit derrotou o Arsenal Tula por 3 a 0, com direito a dois gols de Malcom e um de Yuri Alberto, e abriu cinco pontos de vantagem para o Dínamo Moscou, vice-líder da competição.
O clube de São Petersburgo é uma espécie de "time oficial" do regime de Putin. Até a chegada do presidente russo ao poder, na virada do século, ele tinha apenas um título nacional. Depois, foi comprado pela Gazprom, maior empresa estatal do país, e começou a empilhar troféus.
Graças ao aporte financeiro oferecido por seu torcedor mais ilustre, o Zenit ganhou mais sete taças da Premier League russa (inclusive, as últimas três edições), faturou três copas nacionais e até venceu uma Copa da Uefa (hoje chamada de Liga Europa).
Como retaliação por conta da invasão da Ucrânia, o Zenit e todos os outros times russos foram suspensos pela Fifa e pela Uefa de todas as suas competições, como Liga dos Campeões, Liga Europa, Conference League e Mundial de Clubes.
Pelo mesmo motivo, a seleção russa foi desclassificada da repescagem das eliminatórias da Copa do Mundo e não irá ao Qatar-2022. A Polônia, que seria sua adversária no mata-mata, vai ganhar o confronto por WO e jogará pela vaga contra o vencedor da partida entre República Tcheca e Suécia.
As sanções contra a Rússia também atingiram o Chelsea. Apesar de estar na Inglaterra, o atual campeão europeu está proibido de receber qualquer tipo de receita (patrocínios, bilheterias, acordos comerciais) ou fazer novos contratos com jogadores porque os bens do seu dono, o magnata russo Roman Abramovich, um apoiador de Putin, foram bloqueados pelo governo britânico.
Até mesmo a venda do time para um proprietário de outra nacionalidade, algo que Abramovich já havia se comprometido a fazer, precisou ser congelada por conta dessa restrição.
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