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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como teriam sido as Copas dos anos 1940, que foram canceladas pela guerra?

Leônidas da Silva, ex-atacante do São Paulo, seria uma das estrelas das Copas dos anos 1940 - Reprodução
Leônidas da Silva, ex-atacante do São Paulo, seria uma das estrelas das Copas dos anos 1940 Imagem: Reprodução

21/04/2022 04h00

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O conflito na Ucrânia e o crescente endurecimento das relações entre a Rússia e as potências do Ocidente têm feito muita gente se preocupar com a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial.

Um eventual confronto entre as maiores potências bélicas do planeta certamente provocaria um grande desastre humanitário e também teria um forte impacto sobre o calendário do futebol.

Foi exatamente isso que aconteceu 80 anos atrás, quando a Segunda Grande Guerra impediu a realização das edições da Copa do Mundo originalmente previstas para serem disputadas em 1942 e 1946,

Mas como será que teriam sido esses torneios se os homens não houvessem escolhido matar uns aos outros no lugar de jogar bola?

Esse não é um exercício fácil de fazer. Afinal, boa parte dos principais campeonatos nacionais da Europa foi interrompido por conta do conflito durante a década de 1940. Por isso, é difícil saber o nível técnico que os jogadores e seleções desses países poderiam ter atingido.

Mas, analisando o que houve de futebol no período da Segunda Guerra, é possível apontar que existiam quatro grandes seleções que estavam alguns degraus acima das outras na época e que os títulos mundiais possivelmente iriam para Argentina, Brasil, Espanha ou Suécia.

É provável que os argentinos, que já haviam sido vice-campeões na edição inaugural do Mundial, em 1930, fossem o time a ser batido nas Copas da década de 1940. Sua base seria o River Plate, que ganhou quatro títulos nacionais entre 1941 e 1947 e que é visto até hoje como um dos grandes esquadrões da história do futebol sul-americano.

E, pelo menos em 1946, eles talvez já pudessem até contar com o talento de Alfredo di Stéfano, seu primeiro "Maradona", que marcaria época com a camisa do Real Madrid nos anos seguintes.

O Brasil, por outro lado, provavelmente teria o fator casa ao seu lado para fazer frente aos "hermanos" e aos outros favoritos. Afinal, a intenção da CBD (antecessora da CBF) era organizar o Mundial-1942. Como ele não aconteceu, o país virou sede em 1950.

Além da torcida a seu favor, a equipe que ainda não era canarinho (só adotou a camisa amarela depois do Maracanaço) contaria com Leônidas da Silva, artilheiro em 1938, e alguns outros craques históricos, como Zizinho, Tesourinha, Domingos da Guia, Ademir e Heleno de Freitas. Um timaço, especialmente no setor ofensivo.

Na Europa, a Suécia despontaria como uma forte candidata aos títulos, especialmente para 1946. Durante a década de 1940, os escandinavos viram se consolidar nos seus gramados o trio de ataque formado por Gunnar Nordahl, Nils Liedholm e Gunnar Gren, que marcou época no Milan. Não à toa, a medalha de ouro do futebol dos Jogos Olímpicos de Londres-1948 foi para eles.

A Espanha fecharia o grupo de favoritos às taças. O time teria como protagonista o atacante Telmo Zarra, que disputou nada menos que 15 temporadas com o camisa do Athletic Bilbao e que foi seis vezes artilheiro da liga espanhola. Ele ainda é hoje o maior goleador da história do clube em que se consagrou e também da Copa do Rei.

A Copa do Mundo-2022 até já definiu os seus grupos, mas ainda não todas as seleções participantes. Há ainda três vagas abertas, que só serão preenchidas depois das repescagens marcadas para o começo de junho.

Austrália, Emirados Árabes Unidos, Peru, Costa Rica, Nova Zelândia, Gales, Ucrânia e Escócia são as equipes que ambicionam essa classificação tardia.

O Mundial será disputado fora do seu período habitual por causa do calor que faz no Oriente Médio no meio do ano. Por isso, começará em 21 de novembro e tem a final marcada para 18 de dezembro.

Essa será a última edição do torneio da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir da Copa seguinte, organizado por EUA, Canadá e México, serão 48 participantes, 16 a mais do que o número atual.

A seleção brasileira estreia no Qatar-2022 contra a Sérvia, no dia 24 de novembro, no estádio Lusail Iconic. Suíça e Camarões serão as outras adversárias da equipe de Tite no Grupo G da competição.