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Por que Barça e Real são os clubes estrangeiros com mais torcida no Brasil?
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Um relatório divulgado na última terça-feira pela XP Investimentos em parceria com a consultoria Convocados mapeou a situação econômica atual do futebol brasileiro e revelou que 36% da população do país pentacampeão mundial torce para algum time estrangeiro.
Desses, 28% declararam-se apoiadores do Barcelona, enquanto 24% afirmaram que se identificam com o Real Madrid. O Paris Saint-Germain, com 17% dos torcedores, completa o pódio de clubes gringos mais populares por aqui.
A presença do PSG em uma posição tão nobre do ranking é de fácil explicação. Afinal, o jogador brasileiro mais midiático dos últimos (12 anos) não só joga na equipe francesa, como é um dos principais rostos do projeto que visa transformar o clube de Paris em uma potência global.
Mas por que, mesmo em tempos em que a Premier League inglesa reina como campeonato nacional estrangeiro preferido dos brasileiros, os clubes espanhóis continuam sendo os que mais mobilizam torcedores no "país do futebol"?
A resposta não está no presente, mas sim no passado recente da modalidade.
Boa parte da geração que hoje consome futebol internacional (leia-se europeu) no Brasil pegou gosto pela coisa acompanhando os inesquecíveis duelos entre o Barcelona, de Lionel Messi, e o Real, de Cristiano Ronaldo, na década passada.
Durante nove anos (de 2009 a 2018), os dois maiores nomes dos gramados deste século se enfrentavam pelo menos duas vezes por temporada, nos jogos válidos pela La Liga espanhola. Mas não era raro que ocorressem três, quatro ou cinco clássicos em um período de 12 meses, já que culés e merengues normalmente iam longe na Copa do Rei e também mediam força nas Supercopas.
E esses duelos não eram atração apenas na Espanha. Não é exagero dizer que o mundo (ou pelo menos a parte dele que se interessa por futebol) parava para acompanhar os confrontos entre Messi e CR7.
Por causa da rivalidade existente entre os craques (simplesmente os maiores vencedores dos prêmios de melhor jogador do mundo em todos os tempos) e da história nada amistosa da relação entre Barça e Real, os clássicos geravam um alto nível de engajamento.
Ou seja, pouca gente acompanhava os duelos espanhóis sem se posicionar, apenas pelo prazer de apreciar os grandes jogadores que iam a campo. Nada isso, quase todo mundo escolhia um lado: ou era "time Messi" ou então, "time Ronaldo".
Como esse processo aconteceu seguidamente ao longo de quase uma década, muita gente (não só no Brasil, mas também em outras partes do mundo) passou a ter como segunda equipe do coração Barcelona ou Real Madrid.
No caso específico da terra de Pelé e Garrincha, o longo histórico de craques brasileiros que vestiram a camisa do Barça também ajuda a explicar a alta popularidade dele no país.
Romário, Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho ganharam o prêmio de melhor jogador do mundo enquanto vestiam a camisa culé. Neymar não se consagrou tanto assim, mas também teve uma passagem nada desprezível pelo Camp Nou.
Já o Real, ainda que não tenha tantos protagonistas assim que jogavam também pela seleção canarinho (Roberto Carlos e Marcelo, lendas no Santiago Bernabéu, nunca foram "os caras" do Brasil) tem a seu favor o maior marketing que um time de futebol pode possuir: os títulos.
Das nove últimas edições da Liga dos Campeões da Europa, a competição interclubes mais importante do planeta, nada menos que cinco foram vencidas pelo gigante de Madri. Assim, fica fácil arrebanhar corações de torcedores na Espanha, no Brasil ou em qualquer outro lugar.
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