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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Quem é o jogador que vai perder a Copa-22 porque não quis deixar a Rússia?

Maciej Rybus não vai à Copa do Qatar porque quer continuar jogando na Rússia - Getty Images
Maciej Rybus não vai à Copa do Qatar porque quer continuar jogando na Rússia Imagem: Getty Images

22/06/2022 04h20

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Veterano de uma Copa do Mundo e duas edições da Eurocopa, o lateral esquerdo Maciej Rybus irá desfalcar a Polônia no Qatar-2022.

O jogador de 32 anos não perderá a competição mais importante do calendário quadrienal do futebol por conta de um grave problema físico ou devido a uma perda de rendimento técnico. O motivo do seu afastamento da seleção é uma questão política.

Rybus foi excluído dos planos da equipe liderada em campo pelo astro Robert Lewandowski, do Bayern de Munique, porque se recusou a deixar o futebol russo.

Desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro, o jogador vinha sofrendo pressão por parte de torcedores e da imprensa a seguir o exemplo de outros atletas estrangeiros e sair da terra de Vladimir Putin.

A expectativa era que, no máximo, Rybus cumprisse até o fim seu contrato com o Lokomotiv Moscou e, em julho, já livre do seu vínculo com o clube que defende desde 2017, anunciasse a transferência para um time de outro país.

Mas os planos do lateral eram outros. Ele realmente não quis renovar contrato com o Lokomotiv, mas optou por se transferir para outra equipe da Rússia, o Spartak Moscou, que tem relações ainda mais próximas com o Kremlin.

O anúncio da transação foi a gota d'água para a situação do polonês. Na semana passada, ele se encontrou com o técnico da seleção, Czeslaw Michniewicz, e ouviu dele que não será convocado para a Data Fifa de setembro e nem para a Copa-2022.

Rybus ainda argumentou que sua decisão profissional não significa um gesto de apoio à guerra na Ucrânia e tem uma razão pessoal. O lateral é casado com uma russa e sua família está adaptada à vida em Moscou. Só que esse discurso não colou com os dirigentes do futebol polonês.

Afinal, a Polônia é um dos países mais impactados pelo conflito bélico no Leste Europeu. Vizinha da Ucrânia, ela é quem tem recebido a maior parte dos refugiados de guerra. Além disso, tem convivido com movimentações e bombardeios do exército russo na região de fronteira, próxima do seu território.

Por conta da invasão, a Rússia virou uma espécie de "pária" no cenário internacional do futebol. Como está suspensa da Fifa e da Uefa, sua seleção e seus clubes estão proibidos de disputar competições chanceladas por alguma dessas entidades, como Copa do Mundo e Liga dos Campeões.

Ontem, a Fifa anunciou que os jogadores que possuem contratos ativos com clubes russos ou ucranianos têm o direito de suspender esses vínculos unilateralmente durante um ano para jogar até o fim do primeiro semestre de 2023 por alguma outra equipe da sua escolha.

Ou seja, ainda há tempo (e um mecanismo legal) para Rybus mudar de ideia e recuperar seu lugar na seleção.

Em sua oitava participação em Copas do Mundo, a Polônia irá estrear no Qatar-2022 contra o México, no estádio 974, em Doha, no dia 22 de novembro. Argentina e Arábia Saudita serão suas outras adversárias no Grupo C.

Caso passe de fase e continue firme em busca da sua melhor campanha na história (foi terceira colocada em 1974 e 1982), a seleção de Lewandowski terá pela frente nas oitavas de final um rival oriundo da chave que tem França, Austrália, Dinamarca e Tunísia.

O Mundial será disputado fora do seu período habitual por causa do calor que faz no Oriente Médio no meio do ano. Por isso, começará em 21 de novembro e tem a final marcada para 18 de dezembro.

Essa será a última edição do torneio da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir da Copa seguinte, organizada por EUA, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.