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Rafael Reis

REPORTAGEM

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3 anos, 3 clubes: por que Sampaoli manda bem, mas não para em lugar nenhum?

Jorge Sampaoli queria um Olympique de Marselha forte para disputa da Champions - Pascal GUYOT / AFP
Jorge Sampaoli queria um Olympique de Marselha forte para disputa da Champions Imagem: Pascal GUYOT / AFP

02/07/2022 04h00

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Em 2019, Jorge Sampaoli foi vice-campeão brasileiro com o Santos. No ano seguinte, à frente do Atlético-MG, encerrou a competição nacional na terceira colocação. E, na recém-encerrada temporada 2021/22, fez o Olympique de Marselha só ficar atrás do Paris Saint-Germain no Campeonato Francês.

Os três trabalhos do treinador depois do fiasco com a Argentina na Copa do Mundo-2018 tiveram resultados satisfatórios, acima até mesmo das expectativas iniciais dos dirigentes que o contrataram.

Mas todos eles terminaram da mesma forma, com uma mensagem na linha de "muito obrigado, nossa parceria foi muito proveitosa enquanto durou, mas decidi que chegou o momento de ir embora", enviada por Sampaoli.

A dúvida que surge é: por que o treinador argentino, apesar de emendar boas campanhas em todos os lugares por onde tem passado, não consegue passar mais de um ano ou um ano e meio no mesmo emprego?

Pelo menos nos casos de Santos e OM, a explicação é exatamente a mesma: a ambição do técnico acabou se tornando maior do que os orçamentos que esses clubes eram capazes de proporcionar.

Sampaoli anunciou ontem sua saída do Marseille, depois de semanas de desavenças com a diretoria francesa por causa da montagem do elenco para a próxima temporada, que contará com a participação do clube na Liga dos Campeões da Europa.

O desejo do argentino era que o OM mergulhasse com gosto no Mercado da Bola em busca de reforços de impacto que fizessem a equipe ter chances de fazer bonito na competição continental.

Só que esse não era bem o plano dos seus patrões. A única cara nova até agora assegurada nesta janela de transferências pela equipe francesa para a próxima temporada é o zagueiro Souleymane Isaak Touré, que atuava no Le Havre, da segunda divisão.

As outras quatro contratações foram de jogadores que já estavam no clube por empréstimo e agora tiveram seus direitos econômicos adquiridos: o goleiro Pau López, o meia Mattéo Guendouzi, o meia-atacante Cengiz Ünder e o atacante Arkadiusz Milik.

Além disso, o OM permitiu a saída de um dos seus nomes mais promissores, o volante Boubacar Kamara, que ficou sem contrato e se transferiu gratuitamente para o Aston Villa e, pelo menos até o momento, o clube não contratou nenhuma peça de reposição para minimizar o impacto da perda.

"A janela de transferências é um pouco como presentes de Natal, que esperamos com muitas emoções. Não acho que falte ambição, é uma questão de timing, de garantir que as coisas sejam sustentáveis, lógicas, coerentes. Este não era o momento certo para ficarmos juntos", afirmou o presidente do clube, Pablo Longoria, sobre a mudança na comissão técnica.

O enredo é bem parecido com aquele que marcou a saída de Sampaoli da Vila Belmiro. Na época, ele exigia ter em mãos um elenco mais qualificado, que fosse capaz de lhe dar mais do que o vice-campeonato nacional. Como a diretoria alvinegra considerava que as contratações pedidas pelo argentino não cabiam na diretoria do clube, ele decidiu ir embora.

No Atlético-MG, o cenário foi um pouco diferente. Os mineiros até tinham grana para atender a algumas das exigências feitas por seu técnico. Mas aí apareceu a proposta do OM, e o desejo de Sampaoli de tentar vencer na Europa falou mais alto.

Agora desempregado, o argentino deve voltar nos próximos dias para Búzios, cidade no estado do Rio de Janeiro onde tem casa. Uma das possibilidades é que ele volte a trabalhar no futebol brasileiro depois do fim dessa experiência europeia.