Topo

Rafael Reis

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Negócios com o São Paulo mostram como deve ser time do Bahia na 'era City'

Nahuel Bustos é jogador do Grupo City e está emprestado ao São Paulo - Rubens Chiri/saopaulofc
Nahuel Bustos é jogador do Grupo City e está emprestado ao São Paulo Imagem: Rubens Chiri/saopaulofc

11/08/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Os empréstimos do zagueiro venezuelano Nahuel Ferraresi e do centroavante argentino Nahuel Bustos ao São Paulo são uma pequena amostra do tipo de reforço que o Bahia deve receber depois que vender sua SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ao City Football Group.

Os dois jogadores são sul-americanos, foram contratados bem jovens pelo conglomerado dono do Manchester City e de outros dez clubes espalhados por quatro continentes e, desde então, vêm rodando pelas mais variadas equipes em busca de experiência internacional e de uma negociação que seja vantajosa para os proprietários dos seus direitos econômicos.

O "Blog do Rafael Reis" apurou que é exatamente esse o perfil de atleta que deve formar o grosso do elenco da equipe de Salvador depois que o fundo de investimentos árabe assumir o comando do seu futebol.

A ideia do Grupo City é transformar o Bahia na principal vitrine de exposição ao mercado internacional dos garotos que garimpar nos mercados brasileiro e sul-americano (pelo menos, daqueles não possuem nível técnico suficiente para serem enviados a Manchester, a equipe matriz do conglomerado).

É esperado que o fundo mande para o Nordeste alguns dos atletas com esse perfil que já ele já tem sob contrato atualmente e que estão espalhados pela Europa, como o lateral direito Yan Couto (Girona), o volante Diego Rosa (Vizela), o meia Metinho (Lommel) e o venezuelano Yangel Herrera (Girona).

Mas a maior parte das contratações deve ser mesmo de caras novas que os olheiros do grupo já estão observando nos clubes do Brasil e de nossos vizinhos de continente.

É claro que o elenco do "Bahia City" não será formado apenas por garotos em busca de projeção e com potencial de revenda. A ideia dos seus prováveis futuros donos é que alguns jogadores mais rodados também façam parte do grupo para ajudar os mais jovens -por isso, houve o interesse na contratação do meia Rafinha, do Paris Saint-Germain.

Em um primeiro momento, parte desse papel será desempenhado por remanescentes do time que está disputando a Série B do Brasileiro -ocupa a terceira colocação do campeonato, com 40 pontos, posição que é suficiente para conseguir o acesso à elite.

O planejamento da diretoria do Bahia é de que o projeto de cessão do seu departamento de futebol para o Grupo City seja anunciado ainda neste mês, mas só depois de 15 de agosto, data-limite para a inscrição de reforços oriundos de outros países, o que deve inviabilizar que o elenco tricolor passe por uma grande transformação ainda durante a disputa da Série B.

Inicialmente, a ideia é que a parceria fosse oficializada ainda no primeiro semestre. No entanto, o cronograma precisou ser adiado até a conclusão do processo de renegociação de uma dívida superior a R$ 100 milhões que o clube tinha com o Banco Opportunity.

O fundo árabe deve adquirir 90% da SAF por R$ 650 milhões. O plano original é que esse aporte financeiro seja repassado ao clube até o fim de 2024. No entanto, é possível que aconteça um reposicionamento de prazos devido à alteração da data de começo da nova gestão.

Já está definido que, ao contrário do que aconteceu com outros times do conglomerado, como o Montevideo City (Uruguai) e o Melbourne City (Austrália), o Bahia não precisará mudar de nome e nem sofrerá drásticas mudanças na identidade visual.

Ou seja, não existe nenhuma possibilidade de ele ser rebatizado como Salvador City e de abdicar das cores vermelha e branca. O uniforme azul celeste, característico da empresa, pode até ser adotado em algumas partidas, mas sempre como opção às camisas já tradicionais, que continuarão sendo utilizadas.

O City Football Group existe desde 2013, mas seu embrião nasceu em 2008, quando o xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, integrante da família real de Abu Dhabi, comprou o Manchester City. Desde a aquisição, a equipe inglesa, que estava longe de ser uma das maiores potências do seu país, já faturou seis títulos da Premier League e chegou uma vez à decisão da Liga dos Campeões da Europa.

Contando todos os times da empresa, já são 47 taças levantadas em oito países diferentes. Só Lommel (Bélgica), Sichuan Jiuniu (China) e o recém-comprado Palermo (Itália) não foram campeões de nada desde que entraram para a "família".

O conglomerado iniciou os estudos para a entrada no futebol brasileiro no começo de 2020, quando teve uma reunião com dirigentes do Londrina. No ano seguinte, a administração do fundo conversou com o Atlético-MG. Mas o escolhido para o negócio ser concretizado acabou mesmo sendo o Bahia.