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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Hitler, Hugo Chávez, Mussolini: qual era o time de 7 ditadores famosos?

Schalke 04 levou fama de ser o time de Hitler, mas ditador não se importava com futebol - Getty Images/BBC
Schalke 04 levou fama de ser o time de Hitler, mas ditador não se importava com futebol Imagem: Getty Images/BBC

15/09/2022 04h20

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Há quem diga que política e futebol não se misturam. Pergunte para elas, então, por que a maioria dos regimes autoritários do século passado e também do início deste século fizeram (e continuam fazendo) questão de utilizar a popularidade da modalidade para agradar a população e tentar melhorar sua imagem tanto no cenário local quanto perante à comunidade internacional.

O que não faltam são exemplos dessa estratégia. Em 1934, a Itália fascista recebeu a Copa do Mundo. Em 1978, foi a vez da Argentina, em meio ao regime militar, ser sede da competição. Coincidência ou não, ambas foram campeãs das edições que organizaram.

Mas, quais eram (ou são) os times de coração dos ditadores e chefes de governos autocratas mais famosos do planeta? É essa pergunta que o "Blog do Rafael Reis" responde logo abaixo.

ADOLF HITLER

O clube que sofre com a fama de ter tido como torcedor o pai do nazismo e um dos maiores genocidas da história é o Schalke 04. Na verdade, não há nenhuma prova histórica que Adolf Hitler realmente simpatizava com o time de Gelsenkirchen e nem que ele curtia futebol, mas seu governo tratou de usar a imagem da equipe nas propagandas do Terceiro Reich. Isso porque o Schalke 04 ganhou seis títulos nacionais durante o governo nazista (1934, 1935, 1937, 1939, 1940 e 1942). Além disso, foi classificado por Hitler como um representante real dos arianos, já que foi fundado por mineiros germânicos, ao contrário de Borussia Dortmund e Bayern de Munique, de raízes e tendências judias.

VLADIMIR PUTIN

 Putin deseja "sucesso" a rei Charles III  -  O Antagonista  -  O Antagonista
Imagem: O Antagonista

O autocrata que comanda com mão de ferro a Rússia desde o final do século passado (apesar de eleito pelo povo, caça seus opositores e censura a imprensa que o critica) e que se tornou inimigo número um do Ocidente depois que decidiu invadir a Ucrânia, em fevereiro, aprendeu direitinho a cartilha de como utilizar politicamente o futebol. Putin conseguiu fazer com que seu país sediasse uma Copa do Mundo-2018 e se tornasse um centro importante da modalidade na Europa. E os principais feitos do futebol russo nas duas últimas décadas foram alcançados justamente pelo Zenit São Petersburgo, clube da sua cidade natal, que, a seu mando, foi comprado em 2005 pela estatal Gazprom para se transformar no maior time do país e agradar o torcedor ilustre.

BENITO MUSSOLINI

O ditador fascista Benito Mussolini, que governou a Itália entre 1922 e 1943 - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Ao contrário de Hitler, seu aliado italiano na Segunda Guerra Mundial realmente gostava de futebol. Mussolini fez da modalidade um dos principais instrumentos de propaganda do regime fascista e até organizou uma Copa do Mundo (1934). O ditador era torcedor do Bologna, clube que ganhou seis dos seus sete títulos nacionais durante o fascismo. Mas, uma vez no governo, adotou também a Lazio como uma espécie de segundo clube e passou a frequentar o estádio para acompanhar a equipe. Um dos seus bisnetos, o lateral direito Romano Floriani, joga atualmente no time sub-19 da Lazio, que ainda é vista como uma agremiação ligada à extrema-direita na Itália.

KIM JONG-UN

Coreia do Norte está pronta para mobilizar forças nucleares em caso de ameaça, diz Kim Jong-un - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Como o regime norte-coreano é bastante fechado, são poucas as informações envolvendo Kim Jong-un que ultrapassam as fronteiras e chegam ao restante do mundo. Um desses raros dados que se tornaram de conhecimento público é que o ditador gosta demais de futebol e é torcedor fanático do Manchester United. A revelação foi feita pelo senador italiano Antonio Razzi, um dos poucos interlocutores de Kim no Ocidente, durante entrevista publicada em 2017 pelo tabloide inglês "Sun".

JOSEF STÁLIN

O líder soviético Joseph Stalin discursa no Congresso da União Soviética - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Líder da União Soviética do começo da década de 1920 até 1953, ano de sua morte, Stálin também se apoiou no futebol para permanecer no poder. Apesar de não ser um fanático pela modalidade, o chefe do governo da URSS tinha seu time de preferência: o Dínamo Moscou, equipe fundada no início do regime socialista e que pertencia ao Ministério do Interior e à KGB, a temida polícia secreta. Impulsionado pelo Stálin, o Dínamo foi o grande clube soviético até o começo dos anos 1960. Entre 1933 e 1963, conquistou 11 títulos nacionais. Depois, só faturou mais uma taça de primeira divisão, em 1976.

HUGO CHÁVEZ

Hugo Chávez governou a Venezuela durante 14 anos e chegou a sofrer uma tentativa de golpe - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Historicamente, a Venezuela não é dos países mais chegados ao futebol e sempre preferiu o beisebol a chutar uma bola. Chávez nunca fugiu dessa regra. Mesmo assim, sua família é bastante ligada ao esporte mais popular do planeta. Um dos seus irmãos, Adelis, é um dos fundadores do Zamora e preside o time que ganhou cinco títulos venezuelanos na década passada. O ex-comandante da Venezuela, que morreu em 2013 em decorrência de um câncer, também abraçou a equipe do irmão e virou torcedor do Zamora.

FRANCISCO FRANCO

Francisco Franco - ullstein bild Dtl./ullstein bild via Getty Images - ullstein bild Dtl./ullstein bild via Getty Images
Imagem: ullstein bild Dtl./ullstein bild via Getty Images

Líder da Espanha durante quase 40 anos, o general que permaneceu no poder entre 1936 e 1975 era originalmente torcedor do Atlético de Madri e fez do clube um instrumento semioficial do governo nos primeiros anos do franquismo. No entanto, durante a década de 1940, o líder espanhol "virou a casaca": ele passou a adotar o Real Madrid, ajudou na construção do estádio Santiago Bernabéu e deu uma forcinha no imbróglio da contratação de Alfredo di Stéfano. Durante a ditadura de Franco, o Real acabou com um jejum de duas décadas sem taças e montou a equipe que venceu as cinco primeiras edições da Liga dos Campeões da Europa.