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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Após entrar para 'família', Bahia pode disputar amistoso contra o City?

Eduardo Freeland é o diretor de futebol do Bahia - Vitor Silva / Botafogo
Eduardo Freeland é o diretor de futebol do Bahia Imagem: Vitor Silva / Botafogo

14/10/2022 04h00

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O torcedor do Bahia sabe que a venda da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do clube para o City Football Group não levará para Salvador jogadores do porte de Erling Haaland, Kevin de Bruyne e Phil Foden.

No entanto, muita gente espera que a consolidação da parceria entre o clube brasileiro e o conglomerado, que é dono de 11 times de futebol espalhados por quatro continentes diferentes, permita pelo menos a realização de um amistoso contra o Manchester City.

Mas a realização dessa partida não é uma tarefa tão simples assim. A proposta apresentada pelo Grupo City à diretoria tricolor não prevê a realização de nenhum jogo entre o Bahia e outros times pertencentes ao fundo de investimento árabe.

No caso específico do Manchester City, há um complicador importante que é a disfunção existente entre os calendários brasileiro e inglês.

A pré-temporada da equipe dirigida por Pep Guardiola, único período do ano em que ela possui tempo suficiente para disputar amistosos, acontece entre os meses de junho e julho, época em que o Bahia costuma estar cheio de compromissos por aqui (em especial, as rodadas semanais ou duas vezes por semana do Campeonato Brasileiro).

Para piorar, o vencedor das duas últimas temporadas da Premier League tem utilizado cada vez mais essas datas destinadas à preparação do elenco para enfrentar outras forças do primeiro escalão da Europa, e não para duelar com os integrantes da sua "família".

Nas últimas cinco temporadas, o clube de Manchester só enfrentou um dos seus "irmãos", o Yokohama Marinos, do Japão, em 2019. Neste ano, seus amistosos foram contra América-MEX, Bayern de Munique e Barcelona.

O acordo entre Bahia e Grupo City é pela venda de 90% da SAF do clube por R$ 1 bilhão. Esse dinheiro terá de ser investido ao longo de 15 anos e já inclui a verba que será disponibilizada para contratação de jogadores e melhorias no elenco.

Também está definido que, ao contrário do que aconteceu com outros times do conglomerado, como o Montevideo City (Uruguai) e o Melbourne City (Austrália), o Bahia não precisará mudar de nome e nem sofrerá drásticas mudanças na identidade visual.

Ou seja, não existe nenhuma possibilidade de ele ser rebatizado como Salvador City (uma piada recorrente nas redes sociais) e de abdicar das cores vermelha e branca. O uniforme azul celeste, característico da empresa, pode até ser adotado em algumas partidas, mas sempre como opção às camisas já tradicionais, que continuarão sendo utilizadas.

A proposta feita pelo fundo árabe já foi apresentada ao Conselho Deliberativo do Bahia, que tem até o fim do mês para emitir um parecer sobre o tema. Depois, ela será submetida à assembleia dos sócios, que votarão pela efetivação ou não da parceria. A expectativa é que o clube já entre na próxima temporada sob nova administração.

O City Football Group existe desde 2013, mas seu embrião nasceu em 2008, quando o xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, integrante da família real de Abu Dhabi, comprou o Manchester City. Desde a aquisição, a equipe inglesa, que estava longe de ser uma das maiores potências do seu país, já faturou seis títulos da Premier League e chegou uma vez à decisão da Liga dos Campeões da Europa.

Contando todos os times da empresa, já são 47 taças levantadas em oito países diferentes. Só Lommel (Bélgica), Sichuan Jiuniu (China) e o recém-comprado Palermo (Itália) não foram campeões de nada desde que entraram para a "família".

O conglomerado iniciou os estudos para a entrada no futebol brasileiro no começo de 2020, quando teve uma reunião com dirigentes do Londrina. No ano seguinte, a administração do fundo conversou com o Atlético-MG. Também houve contatos com o São Paulo. Mas o escolhido para o negócio ser concretizado acabou mesmo sendo o Bahia.

Com mais quatro jogos para o encerramento da temporada, o time de Salvador ocupa a terceira colocação da Série B. Os comandados de Eduardo Barroca têm 56 pontos, quatro a mais que o Sampaio Corrêa, quinto, primeira equipe fora da zona de acesso à primeira divisão. O adversário de domingo é o vice-líder Grêmio, em Porto Alegre.