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Por que maior ídolo do Irã quer que seu país seja excluído da Copa?
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Ali Daei é o maior ídolo da história do futebol iraniano. O ex-atacante detém o recorde de artilheiro máximo da seleção (109 gols), disputou duas edições da Copa do Mundo (1998 e 2006), defendeu as cores do poderoso Bayern de Munique e ganhou uma vez o prêmio de melhor jogador da Ásia.
Apesar de ter passado boa parte da vida defendendo as cores do seu país dentro das quatro linhas, o hoje treinador de 53 anos deseja que o Irã seja proibido de disputar o Mundial do Qatar-2022.
O ex-centroavante integra o grupo de atletas em atividade ou já aposentados que enviaram uma petição à Fifa nesta semana solicitando a suspensão imediata da Federação Iraniana de Futebol e a consequente exclusão do seu time da Copa que terá início em pouco menos de um mês.
O movimento alega que o Irã deveria ser punido pela Fifa por conta da violência com que o governo tem reprimido a manifestações feministas desencadeadas pela morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, em 13 de setembro.
Antes de entrar em coma e morrer em um hospital, a garota foi espancada e presa pela "polícia da moral" porque estaria infringindo o código de vestimenta feminina da nação -apesar de estar usando o "hijab" (véu islâmico), parte do seu cabelo estava à mostra, o que é proibido por lei.
"A situação das mulheres no Irã é profundamente intragável num quadro político e socioeconômico mais amplo. Tragicamente, os mesmos males e injustiças são perpetuados na esfera do futebol, significando efetivamente que o futebol, que devia ser um lugar seguro para todos, não é um lugar seguro para as mulheres ou até para os homens", diz trecho da petição assinada por Ali Daei, que foi divulgado à imprensa pela jornalista e ativista Masih Alinejad.
Apesar de estar ciente de que a Fifa normalmente evita se posicionar sobre temas políticos (a guerra na Ucrânia, que levou à suspensão da Rússia, é uma rara exceção), o movimento alega que a Federação Iraniana de Futebol já não pode mais ser considerada uma entidade independente porque, devido à interferência do governo federal, tem proibido a entrada de mulheres nos estádios do país.
De acordo com o estatuto da entidade internacional, todas as associações nacionais filiadas a ela precisam ter liberdade completa no país onde estão sediadas. Qualquer tipo de interferência dos governos em seu funcionamento é uma infração que pode levar a sanção.
"A Fifa deve escolher um lado. A neutralidade da Fifa não é uma opção, uma vez que a federação iraniana não tem sido neutra, mas sim mobilizada para a opressão e sistemática exclusão das mulheres no mundo do futebol", afirma a nota.
De acordo com a ONG Iran Human Rights, mais de 120 pessoas já morreram na repressão às manifestações que lutam por mais direitos civis às mulheres na sociedade iraniana.
Ali Daei, que se juntou ao movimento e virou um dos nomes mais conhecidos do grupo, teve seu passaporte confisco pelo governo do Irã quando voltava de uma viagem à Turquia e está proibido de deixar o país.
O atacante Mehdi Taremi, artilheiro do Porto e principal jogador da seleção na atualidade, também tem feito postagens em suas redes sociais criticando o comportamento dos governantes no país. No entanto, pelo menos até o momento, ainda não foi anunciada nenhuma punição a ele.
A Copa do Mundo do Qatar-2022 será a primeira disputada no Oriente Médio e contará com a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e será baixa.
A menos que a Fifa acate a solicitação feita, essa será a sexta participação do Irã. A equipe, que nunca conseguiu passar da primeira fase, estreia contra a Inglaterra, em 21 de novembro, no estádio Internacional Khalifa, em Al-Rayyan. Gales e Estados Unidos serão seus outros adversários no Grupo B.
O torneio será disputado fora do seu período habitual por causa do calor que faz no país-sede no meio do ano, o auge do verão no Hemisfério Norte. Por isso, começará em 20 de novembro e tem a final marcada para 18 de dezembro.
Essa será a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizada por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.
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