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A história do jogador que fez gol em Copa do Mundo com o pé descalço
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Era uma vez um jogador de futebol que viu sua chuteira rasgar durante uma partida importante. Como não tinha outro calçado do seu número à disposição, ele não teve dúvidas e passou a jogar descalço. E foi assim, sem nenhum tipo de proteção no pé, que ele balançou as redes adversárias.
Episódios como o descrito acima já aconteceram (e continuam acontecendo) aos montes em campeonatos de várzea e, especialmente, em peladas entre amigos, onde o uso de uniforme completo está longe de ser uma obrigatoriedade (muitas vezes, até por questões econômicas). Mas, acredite ou não, essa cena também já rolou em uma Copa do Mundo.
É justamente para relembrar casos como esse, que não parecem caber na magnitude, na importância e no nível imaginado de profissionalismo da competição que é o desejo de dez entre dez jogadores, que o Blog do Rafael Reis publica desde o mês passado a seção "A Copa que até parece de mentira".
Sempre às quintas-feiras, contamos histórias quase inacreditáveis que fazem parte da trajetória de mais de 90 anos da competição organizada pela Fifa, como o dia em que um atacante brasileiro marcou um gol descalço no Mundial-1938.
Leônidas da Silva, o "Diamante Negro", centroavante que brilhou com as camisas de Vasco, Botafogo, Flamengo e São Paulo, foi o primeiro representante do futebol que viria a ser pentacampeão mundial a terminar uma Copa como artilheiro.
No entanto, pelo menos um dos sete gols anotados pelo atacante na França-1938 deveria ter sido anulado pela arbitragem porque o jogador, pelo menos naquele momento, não estava com o uniforme completo em campo.
O próprio Leônidas contou a história de como sua chuteira abriu durante a vitória brasileira por 6 a 5 sobre a Polônia (com direito a três gols dele), na estreia no Mundial, e detalhou a sorte que teve para, mesmo descalço, não ser retirado de campo.
"Ia ser cobrada uma falta contra a Polônia e eu fiquei desuniformizado. Chovia, o juiz não se apercebeu. Nós não tínhamos meias brancas. Na época jogávamos de meias pretas. Então, com a lama, o juiz talvez não tenha observado. Eu fiquei na jogada, a bola bateu na barreira, voltou para mim, eu complementei o lance e fiz o gol", afirmou o atacante, em entrevista à TV Cultura, na década de 1970.
Graças ao gol descalço de Leônidas, a seleção conseguiu passar pela primeira vez da fase inicial de uma Copa (em 1938, o formato adotado foi de mata-matas desde a rodada inaugural). Na França, o Brasil ainda eliminou a Tchecoslováquia, perdeu nas semifinais para a Itália e conquistou o terceiro lugar sobre a Suécia.
O "Diamante Negro" foi o grande nome da campanha. Sozinho, ele anotou mais gols que 11 dos 15 times participantes. Além de artilheiro, ele também acabou eleito o melhor jogador da competição.
A Copa do Mundo será a primeira disputada no Oriente Médio e contará com a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e será baixa.
O torneio será disputado fora do seu período habitual por causa do calor que faz no país-sede no meio do ano, o auge do verão no Hemisfério Norte. Por isso, começará em 20 de novembro e tem a final marcada para 18 de dezembro.
Essa será a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizada por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.
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