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Rafael Reis

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A história de quando Parreira foi demitido com a Copa do Mundo em andamento

Carlos Alberto Parreira iniciou a Copa do Mundo de 1998 como treinador da Arábia Saudita. - Thierry Orban/Sygma via Getty Images
Carlos Alberto Parreira iniciou a Copa do Mundo de 1998 como treinador da Arábia Saudita. Imagem: Thierry Orban/Sygma via Getty Images

03/11/2022 04h20

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Era uma vez um treinador consagrado que aceitou uma proposta milionária para dirigir um time modesto em uma competição que provavelmente não duraria mais que três partidas. Só que ele nem conseguiu chegar ao fim desse torneio. Bastaram duas derrotas, e o professor foi mandado de volta para casa.

Mudanças de treinadores estão longe de ser uma novidade no cenário internacional do futebol. E, com o nível de cobrança cada vez mais elevado, tornou-se comum ver profissionais durarem pouco tempo nos cargos para os quais foram contratados. E, acredite, essas demissões "instantâneas" já aconteceram até mesmo durante a Copa do Mundo.

É justamente para relembrar casos como esse, que não parecem caber na magnitude, na importância e no nível imaginado de profissionalismo da competição que é o desejo de dez entre dez jogadores, que o Blog do Rafael Reis publica desde setembro a seção "A Copa que até parece de mentira".

Sempre às quintas-feiras, contamos histórias quase inacreditáveis que fazem parte da trajetória de mais de 90 anos da competição organizada pela Fifa, como o dia em que um treinador brasileiro perdeu o emprego durante o Mundial-1998.

Quando aceitou o convite para dirigir a Arábia Saudita na Copa da França, oportunidades profissionais não eram um problema para Carlos Alberto Parreira. Afinal, era ele o técnico vencedor da edição anterior do torneio (o tão aguardado tetra da equipe canarinho).

Depois de conduzir o Brasil à conquista do Mundial, Parreira comandou dois clubes europeus (Valencia e Fenerbahce), substituiu Telê Santana à frente do São Paulo e passou uma temporada na recém-criada MLS (Major League Soccer) dirigindo o New York Metrostars.

O técnico foi contratado pelos sauditas no comecinho de 1998, com a seleção já classificada para a Copa. Seu único objetivo era fazer com que a equipe ao menos igualasse a campanha de quatro anos atrás (a primeira da história do país na competição) e conseguisse passar pela fase de grupos.

Só que Parreira não passou nem perto de cumprir esse objetivo. No primeiro jogo do Mundial, aquele que na prática era o confronto direto pela classificação, perdeu por 1 a 0 para a Dinamarca. Depois, levou 4 a 0 da anfitriã França.

Eliminada com uma rodada de antecedência, a Arábia Saudita nem esperou o último jogo para demitir seu treinador. No empate por 2 a 2 com a África do Sul, que marcou a despedida dos asiáticos do torneio, eles já foram dirigidos pelo interino Mohammed Al-Kharashy.

Curiosamente, o brasileiro não foi o único técnico que perdeu o emprego com a Copa-1998 em andamento. O mesmo aconteceu com o sul-coreano Bum-kum Chan e com o polonês Henryk Kasperczak (Tunísia).

No total, Parreira trabalhou como treinador em seis Mundiais. Além de Arábia Saudita (1998) e Brasil (1994 e 2006), ele também dirigiu Kuwait (1982), Emirados Árabes Unidos (1990) e África do Sul (2010).

Sua última participação no torneio de futebol mais importante do planeta foi em 2014, como coordenador-técnico da seleção brasileira comandada por Luiz Felipe Scolari, que terminou na quarta colocação.

A Copa do Mundo do Qatar-2022 será a primeira disputada no Oriente Médio e contará com a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e será baixa.

O torneio será disputado fora do seu período habitual por causa do calor que faz no país-sede no meio do ano, o auge do verão no Hemisfério Norte. Por isso, começará no próximo dia 20 e tem a final marcada para 18 de dezembro.

Essa será a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizada por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.