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Por que o Bayern usou símbolo nazista no seu escudo durante 7 anos?
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Em 122 anos de existência, o Bayern de Munique já teve 19 distintivos oficiais. Pelo menos, é isso que diz a história oficial do clube mais poderoso e vitorioso do futebol alemão em todos os tempos.
Mas essa não é a verdade. A equipe bávara, 32 vezes campeã nacional e detentora de seis títulos da Liga dos Campeões da Europa, teve um 20º escudo que ela prefere fingir que não existiu. E os motivos para esse "esquecimento" são mais do que justos.
Entre 1938 e 1945, período mais cruel e sangrento do regime nazista na Alemanha, o principal símbolo identitário do Bayern ganhou uma suástica bem no seu centro.
Só que antes que alguém levante essa bandeira e acuse o time germânico de ter apoiado as atrocidades cometidas pelo regime de Adolf Hitler, já é bom avisar que o que aconteceu foi justamente o contrário.
Historicamente, o Bayern é o clube ligado à comunidade judaica do sul da Alemanha. E, no começo da década de 1930, seu presidente era um judeu, Kurt Landauer, o dirigente responsável por levar o time ao primeiro título nacional da sua história (1932).
Em 1933, quando o governo nazista baixou uma lei que expulsava os judeus de qualquer instituição estatal, desportiva e educativa no território alemão, o time bávaro fez de tudo para proteger seu presidente.
Apesar de efetivamente ter que tirá-lo do cargo devido a questões legais, o clube continuou tratando informalmente Landauer como um membro importante da sua comunidade. E esse movimento de desobediência civil irritou profundamente a alta cúpula nazista.
Por ser considerado uma entidade inimiga do regime, o Bayern foi sofrendo sucessivas sanções e chegou a ser ameaçado algumas vezes de fechar as portas. Em 1938, quando Landauer foi preso, o governo também decidiu que a equipe teria de adotar a suástica no seu escudo, algo que não era comum a outros times, mesmo aqueles próximos a Hitler.
A contragosto, o clube carregou durante sete anos o símbolo nazista gravado no seu peito. Mas essa marca não mudou a luta bávara contra o regime.
Em 1940, quando o Bayern viajou à Suíça para disputar um amistoso, jogadores do time se curvaram em direção a Landauer, que conseguira fugir do campo de concentração e havia pedido asilo político no país. Dois anos depois, seu capitão, Conny Heidkmap, escondeu troféus do time que haviam sido confiscados pelo governo.
Após a derrota germânica na Segunda Guerra Mundial e a queda do regime nazista, Landauer retornou ao comando do Bayern e comandou o lento processo de reconstrução do clube que passou mais de uma década sendo perseguido e minado pelo poder.
Foi só no fim da década de 1960 que os bávaros conseguiram voltar a brigar por troféus importantes e começaram a se firmar como maior potência do futebol hoje tetracampeão mundial.
Após um começo de temporada com alguns tropeços na Alemanha, o Bayern, que busca seu 11º título nacional consecutivo, já retomou a liderança da Bundesliga e iniciou a rodada deste fim de semana com quatro pontos de vantagem para Union Berlim e Freiburg, seus oponentes mais próximos.
A equipe treinada por Julian Nagelsmann faz hoje, contra o Schalke 04, sua última partida antes da paralisação das atividades por conta da Copa do Mundo do Qatar-2022. O compromisso seguinte dos bávaros, o jogo contra o RB Leipzig, está marcado para o dia 20 de janeiro.
Também só no próximo ano (a partir de fevereiro), o Bayern irá enfrentar o Paris Saint-Germain nas oitavas de final da Champions. O clube germânico foi o único que passou pela fase de grupos com 100% de aproveitamento. Mesmo assim, acabou sendo sorteado para cruzar com um adversário de peso logo na abertura dos mata-matas decisivos do torneio.
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