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Zagueiro do Qatar jurou que não defenderia país-sede por 'dinheiro nenhum'
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Em sua primeira participação em uma Copa do Mundo, o anfitrião Qatar contará com o reforço de um jogador que, no passado, chegou a jurar que "nem por todo dinheiro do mundo" aceitaria defender a seleção do Oriente Médio.
Nome certo na escalação da equipe que faz amanhã o jogo de abertura da competição, contra o Equador, no estádio Al Bayt, em Al Khor, o zagueiro Boualem Khoukhi nasceu na Argélia, mas construiu toda sua carreira no país-sede da nova edição do torneio de futebol mais importante do planeta.
O defensor deixou sua terra-natal para jogar no Al-Arabi em 2009, logo que completou 19 anos. E não demorou muito para começarem os rumores de que ele não era uma contratação apenas para seu clube, mas também um possível reforço para a seleção.
Pouco depois de desembarcar no Oriente Médio, Khoukhi já recebeu a primeira proposta de naturalização. Foi nessa época que ele recusou o convite da federação e disse que nenhum dinheiro seria suficiente para convencê-lo a jogar pelo Qatar.
Segundo o defensor, a única seleção que ele tinha vontade de defender era a da Argélia.
Khoukhi chegou a ser chamado para dois amistosos da equipe sub-23, mas a tão desejada convocação para o time principal nunca chegou. Ao mesmo tempo, o Al-Arabi precisava abrir novas vagas para estrangeiros no seu elenco e convenceu o jogador a ganhar a cidadania qatariana para "ajudar o clube".
No final de 2013, o técnico Djamel Belmadi, nome importante na história do futebol da Argélia, percebeu a brecha aberta pela naturalização e convocou o zagueiro para vestir as cores do Qatar.
Apesar da promessa feita lá atrás, Khoukhi aceitou a convocação e deu início a uma história que já dura quase uma década, com direito a mais de 100 partidas disputadas e o título da Copa da Ásia de 2019.
Não se sabe se o zagueiro recebeu algum prêmio em dinheiro (ou outros tipos de bonificação) para se tornar jogador do Qatar, mas essa prática é relativamente comum em seleções de países endinheirados e pouco expressivos no cenário internacional do futebol que buscam melhorar sua equipe por meio de naturalização de atletas.
E o que não falta no time anfitrião do Mundial-2022 são jogadores nascidos fora do Qatar.
Além de Khouki, outros nove atletas convocados pelo técnico espanhol Félix Sánchez não são naturais do minúsculo país de menos de 3 milhões habitantes. A lista tem gente de Portugal, Iraque, Sudão, França, Gana e Egito.
A naturalização de jogadores estrangeiros é uma política de estado no Qatar desde que a nação resolveu investir pesado na evolução do seu futebol.
O país possui uma academia de formação de atletas chamada Aspire, que realiza peneiras em vários cantos do planeta para garimpar garotos talentosos e levá-los para treinar no Oriente Médio.
Oficialmente, o programa é apenas uma forma de ajudar quem "não recebe as oportunidades que deveria em suas nações de origem". Na prática, trata-se de uma fábrica de esportistas aptos a defender no futuro as cores do Qatar, não importando se eles são nativos ou não.
Só neste século, seis jogadores nascidos no Brasil defenderam a seleção qatariana (e nenhum deles possuía raízes familiares por lá, ou seja, foram todos naturalizados por causa do futebol): Emerson Sheik, Montezine, Cláudio, Marcone, Rodrigo Tabata e Luiz Ceará. Nenhum deles permaneceu no país até o Mundial.
A Copa-2022 será a primeira disputada no Oriente Médio e contará com a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e será baixa.
O torneio será disputado fora do seu período habitual por causa do calor que faz no país-sede no meio do ano, o auge do verão no Hemisfério Norte. Por isso, começará amanhã e tem a final marcada para 18 de dezembro.
Essa será a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizado por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.
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