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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como a França saiu da 'irrelevância' para virar a melhor seleção do século

16/12/2022 04h00

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Adversária da Argentina na decisão da Copa do Mundo do Qatar-2022, a França é a grande seleção do planeta nestas duas primeiras décadas do século 21.

A final de domingo, a partir das 12h (de Brasília), em Lusail, será a terceira disputada pelos Bleus desde o início dos anos 2000, um recorde dentre todas as equipes nacionais filiadas à Fifa no período.

Atual campeão mundial, o time dirigido por Didier Deschamps e liderado dentro de campo pelo craque Kylian Mbappé também pode ser o primeiro a levantar o troféu em duas oportunidades neste século.

Além dos franceses, somente a Alemanha e a Argentina se classificaram para mais de uma decisão no período. Os germânicos conquistaram o título em 2014, mas perderam a final de 2002. Já os sul-americanos foram derrotados oito anos atrás (pelos alemães, inclusive) e agora tentam um final feliz para a carreira do seu astro, Lionel Messi.

Brasil, Espanha, Itália, Croácia e Holanda são as outras seleções que também jogaram finais de Copas neste século (uma cada, para ser mais exato). As três primeiras se sagraram campeões. As outras duas, não.

Apesar da hegemonia construída no futebol internacional ao longo das duas últimas décadas, a França estava longe de ser uma potência do primeiro escalão da modalidade até o finalzinho dos anos 1990.

Antes de conquistarem o primeiro título mundial, em 1998, como anfitriões, os Bleus nunca haviam sequer chegado a uma final de Copa (tinham como melhor desempenho o terceiro lugar obtido em 1958 e repetido em 1986).

Pior: eram um participante errático do torneio (entre 1970 e 1994, jogaram só três edições e não conseguiram se classificar nas eliminatórias europeias em quatro oportunidades).

Mas, a partir da geração de Zinédine Zidane e Deschamps, tudo mudou. A França nunca mais ficou de fora de um Mundial, foi campeã já na sua primeira final, chegou à decisão em 2006 (perdeu para a Itália) e conquistou o bi em 2018 e está a 90 minutos de fazer história mais uma vez.

Também virou um dos celeiros mais férteis na produção de jogadores do mais alto escalão. Zidane ganhou três prêmios de melhor jogador do mundo, Thierry Henry bateu na trave, Karim Benzema é o atual vencedor da Bola de Ouro e é difícil encontrar quem não tenha certeza que Mbappé não esteja prestes a começar a vencer essas eleições.

Com talento transbordando por todos os lados, a França pôde até se dar ao luxo de perder seis jogadores importantes por problemas físicos antes do Mundial (um deles, o próprio Benzema) e ainda manter um time suficientemente forte para chegar outra vez à decisão. Será que alguma outra seleção conseguiria fazer o mesmo?

A Copa do Qatar é a primeira disputada no Oriente Médio e teve a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e foi baixa.

O torneio está sendo jogado no fim do ano, e não no seu período habitual (meses de junho e julho), por causa do calor que faz no país sede durante o auge do verão no Hemisfério Norte.

Essa é a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado há 24 anos, desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizado por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.

As seleções de sucesso neste século:

França: 3 finais (1 título*)
Alemanha: 2 finais (1 título)
Argentina: 2 finais (0 título*)
Brasil: 1 final (1 título)
Espanha: 1 final (1 título)
Itália: 1 final (1 título)
Croácia: 1 final (0 título)
Holanda: 1 final (0 título)

*por enquanto, já que disputa a decisão do Qatar-2022 no domingo