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Nem melhor, nem pior: Messi é 'apenas' o Pelé dos nossos tempos
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Comparar jogadores de épocas diferentes é uma enorme injustiça com todos os envolvidos. O futebol é dos esportes mais dinâmicos e passou por tantas transformações nas exigências técnicas, físicas e intelectuais ao longo dos últimos 150 anos que torna inviável isolar alguém do contexto do tempo em que ele está/estava inserido.
É por isso que não cairei na armadilha de, provocado pela conquista do tricampeonato mundial da Argentina, graças à emocionante vitória nos pênaltis, após empate por 3 a 3, sobre a França, hoje, em Lusail, sentenciar quem jogou mais bola: Pelé ou Lionel Messi.
A bem da verdade, essa é uma discussão completamente sem importância. Afinal, esses dois gênios fizeram tanto pelo esporte mais popular do planeta que, não importa o que aconteça daqui para frente, continuarão com seus nomes eternizados na história.
Para quem viveu o futebol durante a segunda metade do século passado, nada é maior que Pelé.
O cara ganhou três Copas do Mundo (uma delas com 17 anos), levou o nome do Santos para todos os cantos do planeta, construiu a ideia de que o Brasil é o país do futebol e foi um ídolo pop (com participação em músicas, na TV e no cinema, exposição pública dos seus relacionamentos e protagonismo em campanhas publicitárias) quando esse conceito ainda nem existia.
Não à toa, entrou para o Olimpo dos grandes nomes da história do esporte (não apenas da modalidade por ele praticada), ganhou o apelido de "Rei do Futebol" e virou sinônimo do patamar mais alto que alguém pode atingir.
Só que eu e boa parte das pessoas que estão lendo esse texto não vimos Pelé jogar. Toda nossa memória sobre o camisa 10 brasileiro foi construída a partir de vídeos (compilados de grandes lances, na maioria do tempo, e uma ou outra partida na íntegra), leituras e conversas com nossos pais, tios, avós e colegas de trabalho mais velhos.
Para a minha geração (nasci em 1985) e também para aqueles que vieram depois de mim e começaram a consumir futebol após a virada do século, Messi não é melhor ou pior que Pelé, ele é "apenas" o Pelé que tivemos a honra de conhecer e desfrutar.
É verdade que o argentino só conseguiu vencer a Copa pela primeira (e provavelmente única) vez já na reta final da carreira, mas ganhou quatro edições da Liga dos Campeões da Europa, o torneio que é o suprassumo técnico do futebol do século 21.
Assim como Pelé fez nas décadas de 1950, 1960 e 1970, Messi também conseguiu algo raro até mesmo para a elite da elite do futebol: uma longevidade em alto nível absurda e completamente fora do padrão. Basicamente, o auge do craque albiceleste foi e é sua carreira toda.
Também tal qual o Rei, o novo campeão mundial utilizou o futebol para romper os limites da sua nacionalidade e conquistou fãs fervorosos por todo o planeta, mudou os rumos da modalidade (que, antes dele, parecia cada vez mais restrito a grandalhões e atletas com porte físico invejável) e transformou seu nome em sinônimo de craque.
A Copa do Qatar foi a primeira disputada no Oriente Médio e teve a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e foi baixa.
O torneio foi jogado no fim do ano, e não no seu período habitual (meses de junho e julho), por causa do calor que faz no país sede durante o auge do verão no Hemisfério Norte. Daqui a quatro anos (três anos e meio, para ser mais preciso), o calendário voltará ao normal.
Essa foi a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado há 24 anos, desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizado por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.
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