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Por que Pelé sempre será o jogador de futebol mais importante da história?
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De uns tempos para cá, antes mesmo da inédita conquista da Copa do Mundo, virou moda entre os fãs mais apaixonados de Lionel Messi chamar o camisa 10 argentino de GOAT, sigla em inglês para "melhor de todos os tempos".
É até natural que as novas gerações tratem como maior craque que já passou pelos gramados de futebol alguém que tiveram a honra de ver semanalmente desfilando seu talento em grandes jogadas, dribles históricos e gols decisivos.
Mas, independente do tamanho da bola jogada por Messi e do que ele ainda faça nos anos finais da sua carreira, o meia-atacante do Paris Saint-Germain jamais poderá ser chamado de "jogador mais importante de todos os tempos".
Esse posto pertence pelo menos desde a década de 1970 (e continuará pertencendo enquanto houver seres humanos correndo atrás de um objeto redondo e tentando chutá-lo para dentro de uma estrutura formada por três traves) a Pelé.
O Rei do Futebol, que morreu nesta quinta-feira, aos 82 anos, em decorrência de complicações de um câncer no cólon identificado em 2021, não ganhou esse apelido à toa.
Se não fosse Pelé, o futebol provavelmente jamais teria se transformando no esporte mais popular do planeta e em um fenômeno que move o coração de multidões espalhadas por todos os cantos da Terra.
A história de sucesso de Edson Arantes do Nascimento, o mineiro de Três Corações que adotou Santos como lar e conquistou nada menos que três títulos mundiais vestindo o número 10 da seleção brasileira, é a própria história de sucesso da modalidade.
Antes do surgimento de Pelé, o futebol só era verdadeiramente um esporte de massa na Europa e em parte da América do Sul (Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai). Em outras regiões, ele até era praticado, mas não tinha essa magnitude de febre popular.
Só que, a partir do momento em que o mundo descobriu o craque brasileiro, tudo mudou.
Ao lado dos seus companheiros do Santos, clube que defendeu durante a maior parte da carreira, Pelé excursionou pelo planeta inteiro. Por onde passou, deixou fãs incrédulos com o que era capaz de fazer com a bola nos pés e converteu pessoas que não nutriam nenhum tipo de sentimento especial pelo futebol em fãs incondicionais do jogo.
O "efeito Pelé" foi imenso no mundo todo, mas alcançou um patamar ainda maior na África. Afinal, em uma época em que as referências negras de sucesso podiam ser contadas nos dedos das mãos, o brasileiro virou uma fonte de inspiração inesgotável para milhões e o futebol, uma plataforma onde a cor da pele pouco importava.
Nos últimos anos da sua trajetória nos gramados, quando parecia que já havia atingido todos os públicos possíveis, o maior jogador de futebol da história deu sua última contribuição para a construção da modalidade que conhecemos hoje ao desbravar o mercado norte-americano.
As três temporadas em que jogou no New York Cosmos ajudaram a cunhar a ideia de que o esporte é também um grande entretenimento que pode ser explorado comercialmente e gerar muito, mas muito dinheiro mesmo.
O tamanho atual da Copa do Mundo, da Liga dos Campeões da Europa e dos campeonatos nacionais do Velho Continente são resultados diretos desse conceito que o Rei se permitiu desenvolver.
Sim, Pelé precisa também ser lembrado por tudo que fez dentro de campo (os mais de 1.000 gols, a transformação do Santos em uma máquina quase imbatível, os três títulos mundiais). Mas esses feitos até podem ser igualados ou superados.
Só que sua real importância é independente desses feitos "humanos". A face transcendental do camisa 10 pode ser resumida em apenas uma frase: "existia um futebol antes de Pelé e existe um outro futebol depois de Pelé".
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