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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como disputa entre 'primos' pode levar também Messi para a Arábia Saudita

Messi está no fim de contrato e pode fazer companhia a Cristiano Ronaldo na Arábia - GettyImages
Messi está no fim de contrato e pode fazer companhia a Cristiano Ronaldo na Arábia Imagem: GettyImages

19/01/2023 04h00

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Quase três semanas depois de ser anunciado como maior reforço da história do futebol da Arábia Saudita, Cristiano Ronaldo disputará hoje sua primeira partida no país onde escolheu passar os anos finais da sua carreira.

O astro português de 37 anos, agora jogador do Al-Nassr, atuará ao lado de atletas do elenco do Al-Hilal em um amistoso contra o Paris Saint-Germain, a partir das 14h (de Brasília).

A partida festiva colocará mais uma vez frente a frente CR7 e Lionel Messi, um dos protagonistas do clube francês. Será também um novo capítulo na longa história de rivalidade entre os dois nomes mais vitoriosos e admirados do futebol neste século.

Uma rivalidade que a família real saudita, estimulada por uma guerra de egos entre os seus integrantes cheios da grana, pretende levar para dentro dos seus domínios a partir do segundo semestre deste ano.

É o que o Al-Hilal, maior vencedor da história do futebol local (18 títulos nacionais e quatro da Liga dos Campeões da Ásia) e clube mais popular do país, não gostou de ver os holofotes se voltarem todos para o Al-Nassr depois da chegada de Ronaldo e sonha com a contratação de Messi.

A ideia é contratar o argentino depois do fim do seu acordo atual com o PSG, que termina em junho. Para isso, eles devem oferecer ao campeão da Copa-2022 um contrato bilionário, semelhante ao dado por seu arquirrival a CR7, que mescle remunerações pelo papel desempenhado em campo e também por funções de promoção da imagem da Arábia Saudita.

O desejo de ter Messi não é apenas uma questão estratégica do Al-Hilal para não perder espaço no seu mercado, voltar a seu o time número um do seu país e expandir seu nome no cenário internacional. O plano é também resultado daquela invejinha básica que acontece até mesmo nas "melhores famílias".

Oficialmente, os principais clubes da Arábia Saudita são associações desportivas (modelo que também é predominante no Brasil), que elegem presidentes cumpridores de mandatos e que, portanto, não possuem donos específicos.

Mas, na prática, não é bem assim que eles são administrados. Cada time (pelo menos, os mais tradicionais e ricos) historicamente é bancado por um integrante ou clã da família real. Ou seja, o futebol por lá funciona à base do mecenato e é uma competição de grandeza entre primos e irmãos.

O Al-Hilal é tradicionalmente financiado pela esfera familiar do príncipe Mohammed bin Faisal, que morreu em 2017. Foi graças ao sobrinho do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud que o clube se consolidou como a força número um do cenário local.

Já o Al-Nassr está cada vez mais próximo do círculo do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que também é proprietário do Newcastle, da Inglaterra. A equipe é presidida por Musalli Al-Muammar, ex-comandante da liga saudita e funcionário de um órgão que regula a indústria do entretenimento no país. Por isso, virou uma espécie de time oficial do governo nos últimos anos.

Mudar-se para a Arábia Sauidta e jogar no Al-Hilal está longe a única opção de futuro para Messi. O craque argentino também tem em mãos uma proposta de renovação de contrato em Paris, portas abertas para retornar ao Barcelona e uma sondagem dos Estados Unidos, isso sem contar o desejo declarado de ainda atuar no Newell's Old Boys, seu time de infância, antes da aposentadoria.

O PSG, time que o camisa 30 defende desde a temporada passada, vive um momento de oscilação desde o fim da Copa do Mundo e perdeu dois dos últimos três jogos que disputou no Campeonato Francês (para Lens e Rennes).

Mesmo assim, a equipe dirigida por Christophe Galtier continua na liderança da Ligue 1. Com 47 pontos somados nas primeiras 19 rodadas, tem três de vantagem para o Lens, segundo colocado.

Na Liga do Campeões da Europa, o time de Messi ainda não foi derrotado. Mesmo assim, ficou atrás do Benfica na fase de grupos e terminou na segunda colocação da chave. Com isso, terá de enfrentar um peso-pesado, o Bayern de Munique, nas oitavas de final, a partir do próximo mês.