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Rafael Reis

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

De estupro a pedofilia: mais 7 jogadores que foram acusados de crime sexual

Cristiano Ronaldo, hoje no Al Nassr, já enfrentou acusação de estupro nos EUA - Fayez Nureldine/AFP
Cristiano Ronaldo, hoje no Al Nassr, já enfrentou acusação de estupro nos EUA Imagem: Fayez Nureldine/AFP

06/02/2023 04h00

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Jogadores de futebol são idolatrados pelo que fazem dentro de campo. Os gols que marcam, os dribles que aplicam nos adversários e os títulos que conquistam fazem com que eles sejam tratados como super-heróis por muita gente.

Mas, quando estão fora das quatro linhas, eles são pessoas normais. Alguns têm comportamentos exemplares e também merecem ser admirados por isso. Já com outros, a história é bem diferente.

Não é raro ver jogadores de futebol tendo problemas com a Justiça. Prisões por atraso no pagamento de pensão alimentícia, denúncias por sonegação fiscal e até alguns casos extremos, como o do ex-goleiro Bruno, que viveu o auge da carreira no Flamengo antes de ser preso pelo assassinato de Eliza Samudio, são provas disso.

Há ainda aqueles atletas que foram acusados em algum momento da carreira (ou já depois da aposentadoria) de terem praticado algum crime sexual, como pedofilia, estupro ou assédio sexual. Nem todas essas denúncias se confirmam, é verdade, mas mesmo assim ficam como uma mancha na história deles.

Dez dias atrás, o "Blog do Rafael Reis" apresentou sete jogadores/ex-jogadores que tiveram problemas judiciais por conta de crimes sexuais que cometeram ou que foram acusados de terem cometido. Hoje, a lista engorda um pouco mais e ganha outros sete nomes.

CRISTIANO RONALDO

Cristiano Ronaldo está sendo acusado de estupro por uma modelo norte-americana - GettyImages - GettyImages
Imagem: GettyImages

Um dos maiores nomes do futebol no século 21, o vencedor de cinco prêmios de melhor jogador do mundo teria cometido estupro contra uma modelo norte-americana lá em 2009, quando ainda atuava no Manchester United. O caso ficou adormecido durante quase uma década, até que em 2018 a alegada vítima do craque português entrou na Justiça para tentar derrubar um acordo selado na época com a equipe jurídica do camisa 7. Ela alegou que foi coagida a aceitar US$ 375 mil (R$ 1,9 milhão) para ficar em silêncio sobre seu envolvimento (consensual ou não) com o CR7. O inquérito foi arquivado no ano passado porque, na decisão da juíza, Ronaldo não teria como ter um julgamento justo devido aos "abusos cometidos pelo advogado" da suposta vítima.

NEYMAR

neymar najila 3 - Nelson Almeida/AFP/Reprodução - Nelson Almeida/AFP/Reprodução
Imagem: Nelson Almeida/AFP/Reprodução

O camisa 10 da seleção foi acusado de estupro em 2019 pela modelo Najila Trindade. De acordo com a suposta vítima, o craque do Paris Saint-Germain bancou sua viagem para a capital francesa e lá teria cometido o crime. Neymar prestou depoimento à polícia e divulgou na internet prints de conversas que teve com a modelo. Esse bate-papo seria, de acordo com seu argumento, a prova definitiva da sua inocência e de que estava sendo vítima de uma armação por parte da modelo. Por falta de provas, o caso foi arquivado. Além disso, Najila foi indiciada por denúncia caluniosa, fraude processual e extorsão. Ela acabou sendo absolvida.

GYLFI SIGURDSSON

Gylfi Sigurdsson se lamenta durante jogo da seleção da Islândia - Jan Kruger/Getty Images - Jan Kruger/Getty Images
Imagem: Jan Kruger/Getty Images

Expoente máximo da melhor geração da história do futebol da Islândia, o meia fez parte da seleção que foi destaque da Euro-2016 e que estreou na Copa-2018. Durante a década passada, Sigurdsson teve uma carreira bem interessante na Inglaterra, com direito a passagem pelo Tottenham e condição de ídolo no Swansea City. Um ano e meio atrás, durante a pré-temporada de 2021/22, o camisa 10 foi preso em meio a uma investigação por abuso sexual de menores no território inglês. Inicialmente, seu nome não foi divulgado por se tratar de um crime ligado à prática de pedofilia, capaz de manchar reputações mesmo se não ficasse comprovado. No entanto, o Everton, seu clube na época, tornou público que um jogador do seu elenco estava afastado por questões policiais e detalhou o perfil do acusado, que batia perfeitamente com Sigurdsson. Não por coincidência, o islandês nunca mais foi a campo.

CUCA

Cuca em sua última partida no comando do Galo - Pedro Souza / Flickr Atlético - Pedro Souza / Flickr Atlético
Imagem: Pedro Souza / Flickr Atlético

Atualmente um dos treinadores mais importantes do futebol brasileiro, Cuca tem no passado uma condenação à prisão por ter tido relações sexuais com uma menina de 13 anos. O crime aconteceu na década de 1980, quando ele ainda era jogador. Durante uma excursão do Grêmio à Suíça, quatro jogadores do clube, inclusive o então meio-campista, ficaram detidos por 30 dias por estupro de vulnerável (no Código Penal suíço, não existe relação consensual de adultos com menores de 16 anos), ainda que sem uso de violência. Cuca e seus companheiros de time foram liberados para voltar ao Brasil. Dois anos depois, o hoje técnico foi condenado a 15 meses de prisão e a uma multa de US$ 8 mil (R$ 44,6 mil). Como não voltou mais à Suíça, Cuca jamais cumpriu a pena.

MASON GREENWOOD

Mason Greenwood, jogador inglês do Manchester United acusado de estupro e violência doméstica - REUTERS/Phil Noble  - REUTERS/Phil Noble
Imagem: REUTERS/Phil Noble

Um dos principais nomes da nova safra do futebol inglês, o atacante vivia grande fase no Manchester United e tinha expectativas de disputar a Copa do Mundo-2022 quando, em janeiro do ano passado, foi preso por supostamente ter praticado violência sexual e tentado estuprar sua ex-namorada Harriet Robson. O jogador também perdeu todos os seus contratos de patrocínio e estava com julgamento previsto para novembro. Na semana passada, porém, a Justiça britânica anunciou que todas as denúncias contra o atacante foram retiradas e que ele "não enfrenta mais processos criminais". Mesmo assim, o United optou por ainda não reintegrar Greenwood ao seu elenco e tornou público que só tomará uma decisão sobre a utilização do atacante após a conclusão de uma investigação encomendada pelo próprio clube.

BENJAMIN MENDY

Manchester City: Benjamin Mendy recebe sétima acusação de estupro - GettyImages - GettyImages
Imagem: GettyImages

Um dos laterais esquerdos mais caros de todos os tempos, o francês não disputa uma partida oficial desde o dia 15 de agosto de 2021. Foi nessa época que o Manchester City decidiu afastá-lo das atividades por causa da chuva de denúncias de crimes sexuais feitas por mulheres contra o jogador na Justiça inglesa. No total, Mendy respondeu por nove acusações: sete de estupro, uma de agressão sexual e outra de tentativa de abuso sexual. O jogador já foi inocentado em sete desses processos, mas ainda será julgado por dois supostos crimes. Mendy sempre negou ter tido relações sexuais não consensuais com as acusadoras e alegou que faz muito sucesso com o público feminino. "Sei que não sou Brad Pitt, mas as mulheres se aproximaram de mim... Não por causa da minha aparência, mas por causa do futebol", disse, durante o julgamento, para explicar por que havia transado com tantas garotas.

CHED EVANS

Ched Evans (Fleetwood Town) - Reuters - Reuters
Imagem: Reuters

O atacante galês revelado no Manchester United fez algo bem raro no mundo dos crimes sexuais: passou pela cadeia e posteriormente conseguiu retomar sua carreira nos gramados. O hoje jogador do Preston North End, da segunda divisão inglesa, ficou dois anos detido (entre 2012 e 2014), condenado por estupro. Evans sempre alegou que a relação sexual que o levou para prisão havia sido consensual, mas o tribunal disse que a garota de 19 anos com quem ele se envolveu estava embriagada demais para ter ciência dos seus atos. Em 2016, seu caso foi julgado mais uma vez, e ele acabou absolvido. Só depois de ficar com ficha limpa, conseguiu um novo emprego no futebol.

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.